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 | Roque de Sá/Agência Senado
| Foto: Roque de Sá/Agência Senado

Desde o período pré-eleitoral a população é mergulhada em um mundo de números, porcentagens e cenários que tentam materializar a vontade e tendências do eleitorado. Mas muitos se perguntam por que não são divulgadas pesquisas que retratem o futuro das Assembleias Legislativas Estaduais e da Câmara Federal. Vários fatores dificultam essa análise, mesmo que não exista nenhum impeditivo legal para que estas pesquisas de opinião sejam realizadas.

A Lei Eleitoral exige vários critérios para que pesquisas de intenção de voto possam ser divulgadas. Data, número de entrevistados, localidade das entrevistas, quem contratou a pesquisas e metodologia empregada são algumas dessas exigências. Além desse aspecto formal, é importante lembrar o grande número de candidaturas que são registradas por candidatos a deputado. Neste ano, foram registradas mais de 26,5 mil candidaturas, o que representa mais de 97% de todos os registros no Tribunal Superior Eleitoral.

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De acordo com Doacir Quadros, professor de Ciência Política do Grupo Uninter, as pesquisas políticas atualmente são realizadas em duas frentes: as pesquisa qualitativas, que são usadas por partidos e coligações para entenderem os anseios da população com relação a propostas e ao perfil do candidato, e assim construir os discursos de campanha; e as pesquisas quantitativas, que servem para traçar o cenário de intenção de votos, aprovação de governo e rejeição de candidatos, com o intuito de divulgação na imprensa, ou a pedido das empresas de comunicação.

Os levantamentos são feitos a partir de amostragens, ou seja, são colhidas pequenas amostras com a opinião de pessoas de locais e perfis predeterminados. De acordo com a assessoria do Ibope Inteligência, pesquisas de intenção de votos para deputados federais e estaduais são totalmente inviáveis devido à dificuldade logística, pois é necessário visitar muitas cidades e entrevistar muitas pessoas para ter um resultado aceitável, e também pelo alto custo que teria para as empresas de comunicação que as solicitassem.

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Murilo Hidalgo, diretor do Instituto Paraná Pesquisas também é categórico em relatar a inviabilidade destas pesquisas. “Teríamos que ir nos 399 municípios do Paraná para ter uma amostra minimamente confiável”. Hidalgo ressalta que mesmo que fossem em todos os municípios, devido ao grande número de concorrentes aos cargos, teria que apresentar apenas o cenário de intenção espontânea, aquela em que não são citados os nomes dos candidatos, e o entrevistado é que fala em quem irá votar.

Algumas coligações fazem o pedido dessa pesquisa apenas para o consumo interno da informação, sem intenção de divulgação, para definirem as ações de campanha e ter uma ideia de qual candidato é mais lembrado. Contudo, Murilo ressalta que esses números não tem validade alguma. “Nas pesquisas espontâneas o candidato faz, no máximo, 1,5% de intenção de voto. Considerando que a margem de erro é de 1,5%, fica impossível determinar a porcentagem do candidato, pode ir de zero a 3%”.

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Além da questão logística e financeira, Quadros alerta para outros dois fatores que impedem a existência de pesquisas para deputados. Um deles é o fato de que quanto mais nomes em uma pesquisa, maior é a margem de erro dessa projeção. “Por exemplo, no segundo turno, as pesquisas tendem a ter probabilidade maior de acerto, isso quer dizer que quanto maior o número de candidatos, maior é a probabilidade de erro na pesquisa”, diz. Outra questão é o lapso temporal da coleta de dados da pesquisa. Quanto maior o tempo levado para finalizar as entrevistas, maior a chance das respostas não corresponderem com e realidade, pois os entrevistados podem ter mudado de opinião durante esse período.

É inegável a influência que as pesquisas exercem no cenário político eleitoral, porém, como no caso das pesquisas para deputados o grau de confiabilidade é muito baixo, o ideal é que o eleitor busque outras informações para fundamentar seu voto. “É importante que o eleitor conheça as regras do sistema eleitoral. Entenda as regras do quociente eleitoral, no qual a partir de certo número de votos, os votos vão para o partido e não para o candidato. Informar-se sobre os candidatos, sobre seus projetos e histórico. Ao meu ver, tudo isso é bem mais importante do que os números das pesquisas eleitorais”, completa Quadros.

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