A mais recente pesquisa Datafolha apontou que, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fica de fora da disputa, dispararam as respostas de votos brancos e nulos, com a maior fatia do que qualquer outro candidato e variando entre 28% a 32%. O resultado divulgado em 31 de janeiro, logo depois da confirmação da condenação de Lula em segunda instância, não deve se manter por muito tempo e pode ter sido apenas uma reação de “revolta” do eleitor, segundo análise de especialista e de políticos do próprio PT.
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A avaliação é que os votos inválidos devem se dissipar parcialmente para outros candidatos, mas não serão “carimbados” por Lula. Ou seja, não serão transferidos automaticamente a um eventual candidato apresentado como alternativa ao ex-presidente pelo PT, caso ele não se candidate.
O cientista político André César, da Hold Assessoria Legislativa, avalia que o cenário é uma “resposta imediata, uma espécie de vendetta, de parcela do eleitorado”, em resposta à condenação do petista. Para ele, as próximas pesquisas irão começar a indicar para que lado vão os “revoltados”.
A avaliação interna do PT é que não há o que comemorar, nem considerar que os até 32% de votos brancos e nulos continuarão fieis ao ex-presidente, mas compõe um sentimento de perplexidade com o julgamento do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).
Visão do brasileiro sobre Dilma pode definir capacidade eleitoral de novo poste de Lula
Para reconhecer quantos desses votos podem ser transmitidos a outro candidato do PT que não Lula, ou a alguém que tenha o apoio do petista, será preciso saber como o brasileiro enxerga a ex-presidente Dilma Rousseff. Uma liderança do partido afirmou à Gazeta do Povo que estão sendo feitas pesquisas nos estados sobre a viabilidade da candidatura da ex-presidente Dilma ao Senado e que, se o brasileiro tiver mantido uma percepção negativa sobre a gestão da petista, isso pode impor dificuldades a um possível candidato indicado por Lula.
“Nos parece que se reduziu a avaliação negativa sobre a gestão Dilma. Mas se ela tiver mantido uma avaliação ruim, o eleitor pode acreditar que a próxima indicação que Lula fizer é ruim também e rejeitar o nome. Também teremos alguns eleitores que podem dar seu voto ao indicado de Lula, a depender de quem for”, avaliou o petista, em condição de anonimato.
O deputado Carlos Zarattini (PT-SP), ex-líder do partido na Câmara, afirmou que o partido se mantém firme em defender a candidatura de Lula, sem plano B. E avalia que, mesmo caso o ex-presidente não possa ser candidato, os votos nulos e brancos apresentados no cenário da pesquisa sem Lula deverão pesar para o lado da esquerda, da oposição ao atual governo.
Do lado do governo e dos partidos do chamado “centro”, a avaliação é de que ainda é cedo para saber quem pode receber parte dos votos nulos e brancos registrados agora.
“O centro está na moda, são os partidos que entendem que o tamanho do estado está muito grande. Se esse centro conseguir identificar um nome que uma a todos, as chances de vitória serão maiores”, disse o líder do DEM, Rodrigo Garcia (SP). “A atenção do brasileiro vai ser maior para a questão da eleição e consequentemente as pesquisas vão refletir mais a realidade. Acho que o eleitor vai se ligar mais nas eleições”, afirmou Garcia.
Metodologia
A pesquisa foi feita na segunda-feira, 29, e na terça-feira, 30 - após, portanto, o julgamento no TRF-4, que ocorreu na quarta-feira, 24, e que pode tirar Lula da disputa por causa da Lei da Ficha Limpa. O Datafolha fez 2.826 entrevistas em 174 municípios. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR 05351/2018.
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