Uma professora foi autuada por injúria racial após discutir com um grupo de eleitores do candidato Jair Bolsonaro (PSL). Gilmara Craveiro de Vasconcelos, 40, foi acusada por clientes de um bar em Sobral, no Ceará, de pronunciar ofensas racistas. O caso terminou na delegacia e ela precisou pagar fiança de R$ 1.000 para ser liberada.
Depois de alguns apoiadores do candidato Fernando Haddad (PT) puxarem o grito de “ele não”, o auxiliar administrativo Paulo Policarpo Rodrigues dos Santos, 28, que estava numa mesa ao lado, falou que iria votar em Bolsonaro.
A partir deste momento, começou a confusão. “Ela se virou para mim e falou: ‘Preto e pobre e vai votar no Bolsonaro. Tá fodido mesmo’. Eu perguntei se ela estava falando comigo. Depois disso, ela repetiu a mesma frase”, contou Policarpo.
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Neste momento, o empresário Jorge Jordão, patrão de Policarpo, levantou-se da mesa e acusou Gilmara de ser racista. Em vídeo postado nas redes sociais, Jordão aparece chamando uma viatura da Polícia Militar que estava passando pelo local no momento da discussão. “Eu sou negro e voto no Bolsonaro porque quero votar no Bolsonaro”, disse à reportagem.
A professora só se pronunciou pelas redes sociais. Gilmara declarou que a frase dita foi a seguinte: “ser preto, pobre e eleitor de Bolsonaro é o fim da picada”. De acordo com ela, após ter se direcionado ao grupo, passou a ser chamada de racista.
Em sua postagem, a professora reconhece que errou porque se deixou levar pelo calor do momento. Pediu desculpas e declarou que estava devastada. “Se eu magoei o rapaz, quis me desculpar mesmo depois da punição estipulada, mas ele não quis ouvir.”
Ela destacou que, depois do ocorrido, passou a ser ameaçada. “Estou sendo muito achincalhada, brutalmente julgada e até ameaçada por pessoas que não conheço”, afirmou.
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Gilmara disse que vai levar o ocorrido como uma lição. “Por fim, quero dizer que respeito a escolha política do próximo, mas não posso dizer que concordo.”
O crime de racismo é diferente da injúria racial. O racismo, inafiançável, é a ação de discriminar todo um grupo social em razão de sua raça, etnia, cor, religião ou origem.
A injúria racial, tipificada no artigo 140, parágrafo 3º, do Código Penal, é a ofensa feita a uma determinada pessoa por causa da sua raça, etnia, cor, religião ou origem.
No caso de racismo, a ação penal é pública e incondicionada. Na injúria racial, o processo é condicionado a uma representação.
O auxiliar administrativo afirmou que vai processar a professora.
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