O calendário eleitoral é uma das armas na qual apostam os responsáveis pelas estratégias de campanha presidencial do PT. Números, contas e análises de outros casos de inelegibilidade apontam para a possibilidade de não haver uma decisão final sobre a candidatura do ex-presidente Lula até as eleições de outubro. Com isso, a definição pode ficar para dezembro. Como a eleição ocorre em outubro, o petista pretende concorrer e eventualmente ser eleito presidente sub judice.
O ex-presidente, condenado em segunda instância pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, está inelegível conforme a Lei da Ficha Limpa. Porém, a legislação eleitoral não trata disso e dá à qualquer cidadão o direito de se candidatar, com posterior análise do caso.
É claro que o ineditismo de um candidato a presidente preso e com chance de vitória tem levado integrantes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a reiteradas manifestações garantindo uma solução breve. Contudo, há que se contar com recursos, o que pode prolongar o resultado do julgamento de Lula na Justiça Eleitoral.
SAIBA MAIS: Condenado em 2.º grau é inelegível e não pode forçar candidatura sub judice, diz Fux
PT pretende levar a situação ao limite
O PT pretende levar a situação ao limite. E tem uma equipe estudando outros casos em que a inelegibilidade de políticos condenados em segunda instância foi revertida a poucos dias da diplomação para cargos aos quais foram eleitos.
A diplomação é um ato em que a Justiça Eleitoral atesta a eleição do candidatos e que eles estão aptos a tomar posse. Costuma ocorrer em meados de dezembro – a posse ocorre em 1.º de janeiro do ano seguinte.
Um dos casos no qual o PT aposta para nortear os argumentos no julgamento do TSE é o do prefeito de Divinópolis (MG), Galileu Teixeira Machado (MDB), que havia sido condenado por fraude em licitação. Mais votado no pleito, conseguiu o direito de ser diplomado graças à concessão, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), de uma liminar.
LEIA TAMBÉM: Lula solto? STF deve julgar pedido de liberdade ainda em agosto
A equipe eleitoral do PT também fala de outro caso, do prefeito de Conceição de Macabu (RJ), Claúdio Eduardo Barbosa Linhares (MDB), também condenado por fraude em licitação. Em liminar, o STJ acatou argumentos da defesa dele sobre extinção da pena.
Esses argumentos serão levados à Justiça Eleitoral quando a defesa de Lula for incitada a se manifestar. Conforme o calendário do TSE, após os registros de candidaturas (que vão até 15 de agosto) e a publicação da lista dos candidatos (até o dia 18), há um prazo de cinco dias para interpor pedidos para barrar nomes na disputa. Na sequência, segue-se o trâmite judicial costumeiro, com citação, alegações finais e julgamento. Porém, após essa primeira etapa, inicia-se a fase recursal.
Caso o TSE decida indeferir a candidatura de Lula num primeiro julgamento, cabem recursos não só à Corte Eleitoral, como ao Supremo Tribunal Federal (STF).
DESEJOS PARA O BRASIL: Democracia aprofundada, com uma política moralmente exemplar
Calendário
Veja abaixo como fica o calendário em um cenário em que os menores prazos judicias sejam aplicados.
15 de agosto
Fim do prazo de registro de candidaturas.
18 de agosto
Até quando pode ocorrer a publicação dos registros de candidatos pela Justiça Eleitoral.
23 de agosto
Prazo final para apresentação de pedidos de impugnação de candidatura.
24 de agosto
Já pode ocorrer a citação para defesa dos candidatos sub judice, que têm 7 dias para apresentar alegações.
31 agosto
Data-limite de apresentação da defesa.
4 de setembro
Até quando podem ser apresentadas as alegações finais na Justiça Eleitoral.
7 de setembro
Três dias após as alegações finais, o pedido de impugnação pode ser pautado, julgado e já publicado.
10 de setembro
Em três dias, a defesa pode apresentar embargos de declaração.
12 de setembro
TSE precisa julgar embargos em até dois dias. A partir daqui, a defesa pode ainda buscar o STF.
17 de setembro
Fim do prazo para substituição de candidatos.
7 de outubro
Primeiro turno das eleições.
28 de outubro
Segundo turno das eleições.
Meados de dezembro
Período em que a Justiça Eleitoral costuma diplomar os candidatos eleitos.
1.º de janeiro
Posse dos eleitos.
Da “moderação” de gastos ao imposto sobre os ricos: o pacote do governo, ponto a ponto
Governo quer taxar ganhos isentos dos mais ricos e limitar alcance da correção do IR
Podcast repercute as mudanças no IR e as reações ao pacote de Haddad
Frentes Parlamentares avaliam travar pauta no Congresso se Orçamento não for debatido
Deixe sua opinião