O juiz federal Sergio Moro aceitou na manhã desta quinta-feira (1) o convite do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para assumir o Ministério da Justiça e da Segurança Pública. O nome do juiz, que é responsável pela Lava Jato em Curitiba, é uma cartada de Bolsonaro para mostrar o compromisso com o combate à corrupção no novo governo. Moro vai ser responsável por trazer resultados referentes a outra importante bandeira de campanha do presidente: a segurança pública.
LEIA MAIS: Quem será a substituta (temporária) de Moro
Bolsonaro já anunciou que vai unificar os ministérios da Justiça e da Segurança Pública a partir do ano que vem. Com isso, atribuições que haviam sido separadas pelo presidente Michel Temer voltarão a ficar sob o mesmo guarda-chuva. Entre as atribuições do Ministério da Segurança Pública que ficarão a cargo do ministro da Justiça estão o comando da Polícia Federal, do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), da Secretaria de Segurança Pública e da Polícia Rodoviária Federal.
LEIA MAIS: Se Moro assumir ministério de Bolsonaro, terá de deixar a carreira de juiz
O Ministério da Segurança Pública também é responsável pela integração da segurança pública no território nacional, em cooperação com os estados, os municípios e o Distrito Federal; planejar e administrar a política penitenciária nacional e coordenar a ouvidoria das polícias federais. A pasta também é responsável pela implantação do Sistema Único de Segurança Pública (Susp).
Com a unificação das pastas, Moro também será responsável por políticas para o combate à criminalidade, uma das bandeiras de campanha de Bolsonaro. “Além da corrupção o país tem um problema grave de homicídios, roubos, estupros, tráfico de drogas. As estratégias para lidar com a corrupção são diferentes das estratégias para lidar com crimes violentos do dia a dia”, explica o coordenador do Centro de Estudos em Segurança Pública da PUC-MG, Luis Flávio Sapori.
Atribuições do ministro da Justiça
Além das atribuições referentes a segurança pública, o ministro da Justiça é responsável por tratar de assuntos estão relacionados com estrangeiros, como a nacionalidade e a imigração; trabalhar para a cooperação jurídica internacional; fazer a defesa dos bens da União e dos órgãos que administração a esfera pública; combater à pirataria, corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico de pessoas e articular ações para prevenir o tráfico e o uso de drogas.
ENTENDA: O que Bolsonaro pretende ao convidar Moro para ser ministro da Justiça?
O Ministério da Justiça também tem competências que são delegadas a órgãos a ele vinculados. É o caso dos direitos da população indígena, que fica a cargo da Fundação Nacional do índio (Funai); da defesa da ordem econômica nacional, que fica a cargo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade); e da política nacional de arquivos, a cargo do Arquivo Nacional.
Fusão pode complicar a vida de Moro
Ao sugerir o nome de Moro para o ministério, Bolsonaro mira no combate à corrupção, mas o magistrado terá que dar conta de todas as atribuições da pasta. Para Sapori, a proposta de unificar as pastas representa um retrocesso para a segurança pública.
“Ao criar um ministério específico para o setor, a União, o governo federal passa a assumir uma atribuição bem maior na diretriz nacional da segurança publica, assume mais responsabilidades no setor, vai ter que prestar mais contas a sociedade sobre o que faz ou não nessa área. Voltar ao modelo anterior é de alguma maneira tirar a proatividade da União na segurança pública”, diz.
Segundo o jornal o Estado de S. Paulo, Moro deve propor ainda a incorporação ao Ministério da Justiça da Secretaria da Transparência e Combate à Corrupção, juntando no pacote a CGU e o Coaf. Ao assumir o posto, porém, Moro terá sob os ombros a expectativa de reduzir a criminalidade no país, além de combater a corrupção.
“O ministro da Justiça nunca conseguiu se dedicar ao controle do crime e da violência no Brasil dada a abrangência das atribuições que tem”, adverte Sapori.
Hugo Motta troca apoio por poder e cargos na corrida pela presidência da Câmara
Eduardo Bolsonaro diz que Trump fará STF ficar “menos confortável para perseguições”
MST reclama de lentidão de Lula por mais assentamentos. E, veja só, ministro dá razão
Inflação e queda do poder de compra custaram eleição dos democratas e também racham o PT