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 | Waldemir Barreto/Agência Senado
| Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Para governar, o futuro presidente da República vai precisar ter base no Congresso Nacional. Das alianças formadas para as eleições deste ano, somente a encabeçada por Geraldo Alckmin (PSDB) conseguiria hoje ter maioria suficiente na Câmara dos Deputados para aprovar projetos de lei, medidas provisórias e projetos de lei complementar. 

Entre os primeiros colocados da mais recente pesquisa Datafolha*, o deputado Jair Bolsonaro (PSL) teria hoje, com base na coligação que montou, somente 2% dos deputados da atual legislatura em sua base de apoio. Mesmo Luiz Inácio Lula da Silva (atual candidato do PT) não teria uma base grande o suficiente para aprovar projetos com facilidade, com somente 16% do total de deputados. Marina Silva (Rede), que aparece em segundo ou terceiro lugar na pesquisa a depender do cenário, também fica longe de ter maioria, com 1% dos deputados.

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Nos discursos de campanha, alguns candidatos reforçam que serão contra a troca de favores com o Congresso, base do chamado presidencialismo de coalizão, na qual o Poder Executivo divide com os partidos aliados postos-chave na administração federal em troca de sustentação para votações no Congresso. Mas, para conseguir aprovar projetos, o futuro presidente terá de negociar com os parlamentares. 

Não é esperada grande renovação no Congresso este ano, o que vai dificultar ainda mais a construção da base de apoio. Considerando os deputados em exercício neste momento e as alianças firmadas para a eleição presidencial, Alckmin teria apoio prévio de 53% dos deputados, após fechar parcerias com PTB, PP, PR, DEM, SD, PPS, PRB e PSD. O levantamento não considera dissidências dentro da base e desobediências nas bancadas, comuns nas votações.

Fator MDB

Após as eleições, ou ainda no segundo turno, novas costuras eleitorais podem mudar esse cenário e aumentar a bancada aliada do próximo presidente. Entre essas alianças está o fator MDB, partido do presidente Michel Temer, que junto com o PHS (partido com o qual o MDB fechou aliança em torno da campanha do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles), tem hoje 11% dos assentos na Câmara. 

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O apoio do MDB pode ser fundamental para que o futuro presidente garanta base para aprovar projetos no Congresso. Considerando esse partido (que tradicionalmente está na base de apoio do governo federal de turno), a base de Alckmin fica ainda maior, com 64% da atual composição parlamentar, conseguindo quórum para aprovar até mesmo Propostas de Emenda Constitucional (PEC).

Já Lula (ou seu vice, Fernando Haddad) teriam 27% das cadeiras em seu apoio. Marina Silva aumentaria consideravelmente sua base (chegando a 12%), mesma fatia alcançada por Jair Bolsonaro, caso o MDB decidisse apoiá-lo.

Do lado do centro/esquerda há outro partido que poderá ter peso para compor a base do futuro candidato: o PSB, que se declarou neutro no plano nacional, mas que acabou reforçando a candidatura do PT ao não aceitar se coligar com o PDT de Ciro Gomes. O PSB tem 26 deputados na Câmara, um grupo longe de ser desprezível.

Renovação não deve ser grande 

Com eleições também para eleger deputados federais e senadores, é esperada alguma renovação nesses quadros. Porém, a grande pulverização partidária no país e o atual cenário eleitoral complexo dificultam ainda mais a formação de base favorável ao presidente, com expectativa de baixa renovação da composição atual do Parlamento.

Segundo levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), dos 513 atuais deputados, 407 tentarão reeleição. É um número maior do que na eleição passada, quando 387 tentaram manter o mandato. 

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Ainda segundo o Diap, a renovação do Congresso tende a ser menor neste ano do que nas últimas sete eleições, fruto de mudanças recentes na lei eleitoral. Com menor tempo de campanha e proibição de financiamento de campanha por empresas, ficam favorecidos os candidatos que buscam reeleição, por já serem mais conhecidos do eleitorado, terem base eleitoral mais consolidada, já terem alianças regionais, terem maior acesso aos veículos de comunicação e já terem estrutura de campanha, até mesmo utilizando seus gabinetes em Brasília e no estado de origem para ajudar na eleição. Eles também contam com seu portfólio de obras realizadas com recursos das emendas parlamentares como forma de mostrar trabalho para atrair eleitores. 

Metodologia

Pesquisa realizada pelo Datafolha de 20/ago a 21/ago/2018 com 8.433 eleitores em 313 municípios (Brasil). Contratada por: Folha de São Paulo e Rede Globo. Registro no TSE: BR-04023/2018. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Confiança: 95%.

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