O presidente eleito Jair Bolsonaro faz política com sua família. Sua popularidade e as bandeiras que defende nas últimas décadas ajudaram a eleger três filhos para mandatos parlamentares. O perfil político dos quatro é muito semelhante. Todos conquistaram seus eleitores com discursos duros na área de segurança pública, defesa da redução da maioridade penal, menos burocracia para acesso às armas, ataques ao PT e ao comunismo, e críticas aos direitos humanos.
Carlos Bolsonaro, 35 anos, é vereador no Rio de Janeiro há 17 anos. Eduardo Bolsonaro, 34 anos, se reelegeu deputado federal. Flávio Bolsonaro, 37 anos, deputado estadual no Rio, foi eleito senador. Cada um teve atuação própria na campanha do pai e utilizam muito as redes sociais. Juntos, eles totalizam 1,8 milhão de seguidores no twitter. O pai, sozinho, tem 1,9 milhão.
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Carlos é o mais reativo nas redes sociais. Eduardo tem seu gabinete colado ao do pai na Câmara e está sempre a seu lado. Flávio é o menos ativo dos três, mas atua nos bastidores, nas articulações.
As postagens mais duras dos filhos já foram consideradas inadequadas por aliados do presidente. Carlos já se referiu a petistas como “prostitutas do corrupto preso”. O vereador é o responsável pela administração das redes sociais de Jair Bolsonaro desde 2014, meio ao qual se atribui o sucesso do novo presidente.
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Eduardo foi reeleito com a maior votação da história de um deputado federal – 1,8 milhão de votos. Ajudou seu partido, o PSL, a fazer a segunda maior bancada da Câmara. O parlamentar também traz problemas ao pai. Um vídeo que gravou em julho, e que veio a público semana passada, trouxe prejuízo à campanha de Bolsonaro.
Eduardo aparece declarando que para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF), se eles impugnarem a candidatura do pai, basta um cabo e um soldado. “Com todo respeito ao cabo e ao soldado”, disse ainda. “Eu adverti o garoto. É meu filho. A responsabilidade é dele. Ele já se desculpou”, contemporizou o pai, logo após a polêmica.
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Bolsonaro não levará nenhum dos filhos para o governo. Eduardo já disse que não há essa intenção. Carlos irá permanecer na Câmara de Vereadores do Rio e, com o pai no Palácio do Planalto, pode se cacifar para disputar a prefeitura novamente daqui a dois anos. É o projeto. Em 2016, recebeu 14% dos votos válidos.
“Não há intenção de levar ninguém de nós para a Esplanada. Apesar de não haver restrições legais a isso”, disse Eduardo Bolsonaro, que, mesmo com toda representatividade, não deve concorrer a presidente da Câmara. Na noite de terça-feira (30), anunciou que vai liderar o PSL na Câmara, posição que era ocupada pelo Delegado Francischini, que foi eleito deputado estadual pelo Paraná.
Apesar de Flávio ainda não ter se pronunciado, tanto ele quanto seu irmão Eduardo serão, naturalmente, lideranças do governo do pai. Estão cientes que serão acionados o tempo inteiro por parlamentares que querem se aproximar do Planalto e serão alvos de bajulação e pedidos.