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A ex-ministra e ex-senadora Marina Silva (Rede) deixou o PT em 2009. Passados nove anos, ela continua a colher o ônus e o bônus de ter sido petista. Nas redes sociais, seus críticos costumam dizer, para desqualificá-la, que “Marina ainda é PT” por causa de suas posições de esquerda ou centro-esquerda. A pesquisa Ibope divulgada em agosto mostra que ela dobra as intenções de voto se o ex-presidente Lula não concorrer, indicando que Marina ganha muitos votos de eleitores identificados com o petismo.

Mas, enfim, quanto de PT Marina ainda tem? Qual é a relação que ela ainda tem com o PT? A Gazeta do Povo levantou o que Marina pensa sobre uma série de assuntos da vida pública brasileira e cruzou essas informações com os posicionamentos do PT e de suas principais lideranças.

O resultado é que, sim, Marina ainda tem muito de PT – inclusive porque ela e seu ex-partido defendem algumas causas que são caras à esquerda. Mas Marina também se distanciou do petismo e pensa diferente em muitos aspectos significativos da política, ideias de combate à corrupção, economia, meio ambiente.

Confira abaixo quais são os pontos em que Marina pensa igual ou de modo semelhante ao PT, aqueles em que ela e seu antigo partido são diferentes e outros em que a proximidade ou a distância da presidenciável e dos petistas depende do ponto de vista.

ANÁLISE: Como Marina virou a verdadeira anti-Lula

MARINA É PT

Lula e Marina em 2006, um ano depois do mensalão: ela ficou no governo do PT até 2008.Foto: Evaristo Sá/AFP
POLÍTICA E GESTÃO PÚBLICA

Oposição ao governo Temer: Marina, seu partido (a Rede) e o PT fazem oposição ao governo Temer.

Personalismo partidário: tanto a Rede como o PT negam. Mas os dois partidos têm “donos”. A Rede gira em torno de Marina, assim como Lula manda no PT. Em 2016, um grupo de fundadores da Rede se desligou da sigla e, em carta aberta, criticou Marina. “As decisões estratégicas que foram conformando o perfil da Rede partiram todas de Marina e apenas dela”, disseram na carta.

Democracia participativa: PT e Marina têm posições convergentes. O PT historicamente defende a ampliação do uso de instrumentos de democracia direta, como plebiscitos e referendos, para decidir sobre assuntos relevantes para a sociedade. Marina, em seu plano de governo, propõe um governo “pautado pela participação” popular.

COMBATE À CORRUPÇÃO

Mensalão: quando o escândalo do mensalão estourou, em 2005, Marina era ministra do Meio Ambiente de Lula, cargo que ela ocupou por mais três anos, até 2008. Só deixou o governo por divergências com a política ambiental que a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, queria implantar. Em 2010, já fora do PT, disse que não foi conivente com o mensalão. “Eu permaneci para dar contribuição [de combate à corrupção] dentro do governo, mas não por ser conivente. Eu sabia que estava combatendo por dentro, não havia cometido irregularidades.” Apesar disso, no episódio do mensalão, ela não se distinguiu da maioria dos petistas, que mantiveram o apoio a Lula.

ECONOMIA

Reforma tributária: Marina defende uma reforma que promova mais justiça social e a simplificação tributária. O plano de governo dela fala em taxar dividendos (como medida para estimular que as empresas usem seus lucros para reinvistir na produção). Marina também propõe o aumento da alíquota do imposto sobre herança e dos tributos que incidem sobre a propriedade. São medidas que, em linhas gerais, o PT também defende. Mas que, quando esteve no governo, não conseguiu implantar.

CPMF: Marina não falou sobre o assunto nesta campanha de 2018. Mas, em 2014, defendeu a recriação da CPMF para financiar a saúde. O PT também costuma defender a volta do tributo que incide sobre todas as movimentações financeiras. Mas os dois – a candidata da Rede e o PT – já foram contrários ao imposto quando estavam na oposição ao então presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Ela votou contra o “imposto do cheque” duas vezes no Senado, em 1995 e 1999, quando ainda era petista. Naquela época, o PT não concordava com a CPMF. No fim, Marina e o PT sempre tiveram posições convergentes quando se trata do imposto do cheque.

Concessões de serviços públicos e PPPs: Marina defende as concessões de serviços públicos para a iniciativa privada, bem como as PPPs (parcerias público-privadas) para promover obras de infraestrutura. Os governos do PT promoveram concessões e firmaram PPPs. E o partido, nesta campanha, o partido novamente vem defendendo essas modalidades de investimentos.

Ampliação do crédito para a população: foi a pedra de toque da política econômica dos governos do PT. Marina também defendeu o mesmo na campanha de 2014, como forma de ampliar o consumo e movimentar a economia. Hoje, essa proposta aparece no plano da candidata, mas de forma não muito incisiva.

LEIA MAIS: A íntegra do plano de governo de Marina Silva. E também as diretrizes de governo do PT.

POLÍTICAS SOCIAIS

Universalização dos serviços públicos essenciais: faz parte da agenda tanto do PT quanto de Marina.

Ampliação de programas sociais: é uma bandeira do PT e de Marina.

Bolsa Família: PT e Marina defendem a ampliação do programa social. Aliás, políticas redistributivas, com o objetivo de reduzir as desigualdades sociais, fazem parte da agenda tanto de Marina quanto do PT.

Políticas de cotas e ações afirmativas: PT e Marina defendem.

Prioridade para a educação: os investimentos prioritários em educação fazem parte do discurso de Marina e do PT.

Ampliação do acesso ao ensino superior: o plano de governo de Marina defende a proposta. Os governos do PT ampliaram as vagas nas universidades, seja por meio da criação de instituições públicas, aumento da oferta nas faculdades já existentes ou por meio do Prouni (que concede bolsas para alunos estudarem em universidades privadas).

Minha Casa Minha Vida: o programa habitacional, que é uma das marcas dos governos do PT, é elogiado por Marina. O plano de governo de Marina fala em fortalecer programas de habitação popular.

Reforma agrária: O PT é a favor. Marina historicamente defendeu a reforma agrária, embora seu plano de governo não seja muito claro sobre o tema. O documento fala em “nova geração de políticas e programas voltados à questão agrária” e prevê genericamente o desenvolvimento de “projetos estratégicos para os assentamentos rurais”.

Incentivo ao esporte: PT e Marina defendem políticas de incentivo ao esporte nas escolas. Quando esteve no governo, os petistas também criaram programas voltados para o desenvolvimento do esporte de alto rendimento. A candidata da Rede concorda com isso: “Medalhas também são importantes. O legado esportivo é o primeiro passo para promover o esporte de alto rendimento e para projetar o Brasil como excelência esportiva mundial, no esporte olímpico, paraolímpico, surdolímpico, militar, universitário, e escolar”, diz o plano de governo de Marina.

DIREITOS HUMANOS, DIREITOS CIVIS, MINORIAS E COMPORTAMENTO

Defesa dos direitos de grupos sociais tradicionalmente discriminados: políticas voltadas para mulheres, negros, homossexuais, indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência estão na agenda do PT e de Marina.

Defesa dos direitos dos presos: Marina e o PT têm um discurso convergente. Historicamente, Marina defendeu, por exemplo, a humanização dos presídios, penas alternativas, o fim das abordagens violentas nas ações policiais. Petistas costumam ter um discurso semelhante.

União civil de pessoas do mesmo sexo: Marina é a favor da união civil de pessoas do mesmo sexo, mas já declarou ser contrária ao uso do termo “casamento”. Oficialmente, o PT defende o “casamento” e a ampliação do conceito de família, incorporando os casais homoafetivos na definição de unidade familiar – e não apenas casais formados por homem e mulher. Apesar de ser contrária ao uso do termo “casamento”, Marina defende a adoção de crianças por casais homoafetivos, posição igual à dos petistas. Na prática, a posição dela e do PT são parecidas.

Políticas de gênero: na campanha de 2014, Marina defendeu o reconhecimento da identidade de gênero para pessoas trans e a possibilidade de que possam fazer cirurgias de mudança de sexo na rede pública. O atual plano de governo da candidata propõe a criação de políticas de combate à discriminação e violência contra pessoas LGTB nas escolas. Nesse sentido, ela se alinha à posição tradicional do PT.

Liberdade de expressão artística: o plano de governo de Marina, no capítulo que trata de cultura, assume o “compromisso com a plena garantia do direito à liberdade de expressão que será promovido e respeitado em todas as suas dimensões”. O PT tem posição geralmente favorável à liberdade de manifestação artísticas, mesmo que elas sejam alvo de críticas de setores mais conservadores da sociedade.

Desarmamento da população: Marina e o PT são a favor.

Pena de morte: Marina e o PT são contrários.

Redução da maioridade penal: Marina e o PT são contrários.

Criminalização de movimentos sociais: Marina e o PT têm discursos idênticos contra a criminalização de movimentos sociais e populares tais como o MST e o MTST. Ambos dizem ser favoráveis ao diálogo com esses movimentos.

Combate ao trabalho escravo: como candidata a presidente em 2014, Marina defendeu o endurecimento do combate a esse tipo de prática. O PT se posicionou contra a portaria do governo Temer que, segundo especialistas, enfraquece a fiscalização do trabalho escravo no país.

Demarcação de terras indígenas e de quilombolas: Marina e o PT são a favor.

RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU: foi um dos principais objetivos da política externa dos governos do PT. E está no plano de governo de Marina.

LEIA TAMBÉM: Quais os caminhos para o Brasil se desenvolver ? A Gazeta do Povo refletiu sobre essa pergunta e chegou a sete questões fundamentais para construirmos um país melhor

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MARINA NÃO É PT

Aécio e Marina no segundo turno de 2014: ela apoiou o tucano contra a candidata de seu antigo partido, Dilma.Foto: Marcos Fernandes/Coligação Muda Brasil
POLÍTICA E GESTÃO PÚBLICA

Apoio eleitoral: nas duas eleições presidenciais depois de deixar o PT, Marina não apoiou quem concorria pelo seu ex-partido no segundo turno. Em 2010, Marina não aderiu nem a Dilma Rousseff (PT) nem a José Serra (PSDB). Ficou neutra. Em 2014, se aliou a Aécio Neves (PSDB), que concorria contra Dilma.

Impeachment de Dilma: Marina foi a favor. Ela diz que a cassação da petista não foi um golpe, como alega o PT.

Loteamento do governo: Marina garante ser possível superar o presidencialismo de coalizão, segundo o qual o presidente eleito tem de lotear o governo entre aliados para ter apoio no Congresso – o que favorece a corrupção, a compra de votos no Legislativo e o toma-lá-dá-cá. Todos os governos brasileiros depois da redemocratização governaram desse modo, inclusive os de Lula e Dilma. Marina fala, genericamente, ser possível implantar um “presidencialismo de proposição”, por meio do qual os apoios seriam feitos a partir do programa de governo. Muitos especialistas dizem que Marina não vai conseguir governar, se for eleita, desse modo. Mas, ao menos no discurso, ela é totalmente contrária à prática do PT.

Reforma política: Marina propõe em seu plano de governo que o Brasil adote o sistema distrital misto para a eleição de deputados. Esse é o modelo usado na Alemanha. O país é dividido em distritos eleitorais com o mesmo número de eleitores. Os partidos podem lançar apenas um candidato por distrito. E cada distrito elege apenas um deputado. Metade dos parlamentares federais seria eleito dessa forma. O voto distrital permite o lançamento de candidatos independentes, que não sejam filiados a partidos; e Marina defende que o Brasil permita as candidaturas avulsas – o que hoje é proibido. O sistema é chamado de misto porque a outra metade dos deputados seria eleita por meio do voto no partido, não candidato. Os partidos mais votados elegem mais deputados, que saem de uma lista ordenada pelas siglas antes da eleição (os primeiros da lista ocupam as vagas no Congresso). O PT defende o voto apenas na lista. Ou seja, no partido. Não haveria mais voto em pessoas no modelo defendido pelos petistas. Marina também fala na possibilidade de discutir a adoção do parlamentarismo no Brasil. O PT é contra e defende o presidencialismo.

Teto de gastos públicos: Quando o assunto começou a ser discutido, em 2016, Marina disse ser a favor de um teto para gastos públicos, mas não o modelo proposto por Temer e aprovado pelo Congresso: as despesas do governo não podem crescer mais do que a inflação do ano anterior. A Rede e PT votaram contra a PEC do Teto no Congresso. Mas os planos de governo do PT e de Marina diferem profundamente . Ela propõe um limite às despesas públicas: os gastos não podem crescer mais do que metade do crescimento do PIB do ano anterior. O PT fala apenas em revogar a PEC. E vem defendendo que o Estado gaste mais para movimentar a economia e tirar o país da crise.

Metas na administração: o programa de governo de Marina defende uma administração com foco nos resultados, instituindo “metas e indicadores para todas as políticas públicas”. Trata-se da transposição, para o Estado, de um modelo de gestão tipicamente privado. O PT costuma ser refratário a esse sistema de administração.

COMBATE À CORRUPÇÃO

Apoio à Lava Jato: Marina defende a Lava Jato. Ela considera que a operação tem de se transformar no “novo paradigma para a Justiça brasileira”. O PT é contrário à Lava Lato, acusando-a de ser parcial e tentar criminalizar a política.

Lei de abuso de autoridade: Marina diz ser contra. Em 2017, Lula disse ser a favor do projeto, tido pelos investigadores da Lava Jato como uma tentativa de frear a operação. O PT endossou a posição de Lula.

Prisão de condenados em segunda instância judicial: Marina é a favor. O PT, contra.

ECONOMIA

Autonomia do Banco Central: Marina defende que o Banco Central tenha autonomia operacional para controlar a inflação e manter a estabilidade da moeda. Na prática, a autonomia dificulta a ingerência política no BC, embora não seja uma independência formal – o que significaria que o presidente do banco teria mandado e não poderia ser afastado pelo presidente da República. O governo Lula (2003-2010) concedeu autonomia ao BC. A gestão de Dilma (2011-2016), contudo, interferiu fortemente no BC. Atualmente, a posição do PT é muito mais próxima do que ocorreu no mandato de Dilma do que no de Lula.

Tripé macroeconômico: Marina defende a manutenção do tripé macroeconômico – meta de inflação, superávit fiscal primário e câmbio livre. O governo de Lula adotou esse modelo, que foi “flexibilizado” na gestão Dilma – o que provocou déficits bilionários ao país. Hoje, o PT fala em ampliar os gastos públicos para dinamizar a economia – posição incompatível com a produção de superávits.

Reforma da Previdência: o plano de governo de Marina afirma que “a reforma da Previdência é incontornável”. Ela defende a adoção de uma idade mínima para aposentadoria – algo que foi proposto pela reforma proposta por Temer, que foi criticada pela Rede, partido da candidata. Apesar disso, o plano do PT é completamente diferente. O partido não prevê a adoção de nenhuma reforma – embora Lula e Dilma tenham promovido mudanças no sistema previdenciário quando estiveram no governo. Os petistas consideram que a criação de empregos, formalização do trabalho e combate à sonegação podem tornar a Previdência Social superavitária – o que é contestado por especialistas da área.

Agências reguladoras: Marina propõe dar “maior autonomia decisória e financeira às agências reguladoras” de serviços e concessões públicas. Os governos do PT foram acusados de promoveram ingerência política nessas agências. Além disso, nas gestões petistas, muitas vezes as agências agiam mais para atender ao interesse das empresas concessionárias do que dos cidadãos.

Protecionismo: o plano de governo de Marina defende o livre mercado: “Não temos a ganhar com o protecionismo. Precisamos de mercados abertos a nossos bens e serviços”. A candidata pretende negociar com outros países uma abertura comercial “mutuamente vantajosa”. O governo Dilma caminhou no sentido contrário, criando uma série de medidas para proteger o mercado nacional de produtos importados.

DIREITOS HUMANOS, DIREITOS CIVIS, MINORIAS E COMPORTAMENTO

Imprensa livre: Marina defende a liberdade de imprensa de modo irrestrito; e isso consta de seu plano de governo. O PT é a favor da regulação da mídia. Embora o discurso petista seja de que isso será feito de modo democrático, as reais intenções do partido sempre foram questionadas: o PT estaria tentando restringir a ação da imprense independente. Após o impeachment de Dilma Rousseff e de o ex-presidente Lula ter sido envolvido na Lava Jato, veículos de imprensa e jornalistas passaram a ser alvo de hostilização crescente pelos petistas.

Pesquisas com células-tronco embrionárias: Marina já declarou ser contra. O governo Lula patrocinou a lei que autoriza esse tipo de pesquisa.

Ensino do criacionismo: Marina já defendeu o direito de as escolas ensinarem o criacionismo – doutrina que se opõe ao evolucionismo e que afirma que o universo foi criado por Deus como está descrito na Bíblia. O PT critica iniciativas desse tipo.

RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Países prioritários na agenda brasileira: o plano de governo de Marina defende a adoção de uma política externa mais pragmática do que a do PT, com foco na América do Norte (EUA, Canadá e México), América do Sul, União Europeia e Leste Asiático (o que inclui Japão e China). Essas são as regiões mais ricas do planeta – além da vizinhança do Brasil, com quem o país já mantém intensas relações comerciais e diplomáticas. As relações com a África são consideradas importantes no plano de Marina, mas ficam num segundo plano. Marina também fala em modernizar o Mercosul. E abre a possibilidade de o Brasil promover acordos bilaterais – que não exigem a participação dos demais membros do Mercosul. Os governos do PT, diferentemente, tiveram uma política externa muito mais ideológica. O foco foram as relações com a América Latina, África e Brics (grupo que, além do Brasil, é formado por Rússia, Índia, China e África do Sul). Além disso, Lula e Dilma deixaram de lado as negociações bilaterais e preferiram negociar acordos comerciais em bloco (junto com o Mercosul). O resultado foi que o país não fechou acordos comerciais significativos. O PT continua defendendo essa política externa.

MEIO AMBIENTE

Causas ambientais: o PT tem um discurso a favor do meio ambiente. Mas Marina, nesse sentido, tem um perfil muito mais “ecologista” do que os petistas. E ela manteve divergências profundas com as políticas ambientais do governo Lula – tanto que, em 2009, deixou o PT manifestando sua insatisfação com a “concepção do desenvolvimento centrada no crescimento material a qualquer custo”.

Transgênicos: como ministra do Meio Ambiente de Lula, Marina foi contrária à liberação da venda de produtos transgênicos. Mas Lula acabou aceitando o lobby favorável e sancionou a lei que autorizou as plantações de organismos geneticamente modificados e a venda de produtos fabricados com transgênicos.

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MARINA É OU NÃO É PT? DEPENDE DO PONTO DE VISTA

Em alguns pontos, Marina tem um posições que não são exatamente claras sobre o que pensa. Em outros, é o PT que não tem unidade.Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo/Arquivo
COMBATE À CORRUPÇÃO

Anistia ao caixa 2 eleitoral: Marina é contra a proposta, que teria como objetivo atrapalhar a Lava Jato. Quando a proposta começou a circular nos bastidores do Congresso, a bancada do PT rachou entre os favoráveis e os contrários.

ECONOMIA

Reforma trabalhista: Marina defendeu, em 2014, a atualização da CLT. Em maio de 2017, afirmou que, se fosse parlamentar, votaria a favor da admissibilidade da reforma trabalhista do governo Temer, mas que trabalharia para modificar algumas “arbitrariedades” da proposta. Logo depois, a Rede emitiu um comunicado dizendo que Marina era contra a reforma. A Rede, seu partido, e o PT votaram contra as mudanças propostas por Temer, que foram aprovadas pelo Congresso. Hoje, o PT fala em revogar a reforma trabalhista. O plano de governo de Marina não faz nenhuma menção a isso. Mas ela continua a criticar alguns pontos da reforma, como a possibilidade de gestantes trabalharem em locais considerados insalubres.

Privatizações de estatais: O plano de governo de Marina afirma que as privatizações não serão tratadas com “posições dogmáticas”, o que abre espaço para que haja a venda de estatais num possível governo dela. Mas, ao mesmo tempo, o texto das diretrizes de gestão da candidata fala claramente que não haverá a privatização de três empresas que ela considera estratégicas: Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica. Sobre a Eletrobras, Marina afirma que é um caso a ser avaliado. O PT tem posição contrária à venda de estatais para a iniciativa privada.

Carga tributária: Marina promete, em seu plano de governo, não elevar a carga tributária do país – embora ela defenda mudanças no sistema de impostos do país que eventualmente podem vir a aumentar o peso dos tributos. O plano de governo petista também afirma que vai manter a carga tributária nos atuais patamares. A diferença entre Marina e o PT, contudo, é que as demais políticas econômicas propostas pela candidata da Rede são mais condizentes com a promessa de não elevar o peso dos impostos, já que ela tem um compromisso maior com o controle das contas públicas maior. Já o PT vem defendendo mais gastos públicos – o que, em tese, pode exigir mais tributação.

Regularização da terceirização: na campanha eleitoral de 2014, Marina se posicionou a favor de algum tipo de normatização desse assunto. Mas os deputados da Rede votaram contra o projeto apresentado pelo governo Temer – que foi aprovado e já é lei. O PT também foi contra. O atual plano de governo de Marina não fala nada sobre o assunto.

Movimento sindical: na campanha de 2014, Marina defendeu o fortalecimento da organização sindical e dos mecanismos de negociação coletiva entre patrões e trabalhadores, reduzindo o que classificava de excessiva intervenção estatal no sindicalismo. Ao Estado caberia apenas regulamentar a livre negociação. Essa foi uma bandeira histórica do PT. Mas, quando chegou ao poder, os petistas não modificaram nada de maneira significativa. E quem acabou fortalecendo a livre negociação foi o governo Temer, com sua reforma trabalhista – que, aliás, teve a oposição do PT e da Rede de Marina.

Renúncias fiscais: Marina vem defendendo a “revisão completa das renúncias fiscais”, indicando que pretende acabar com grande parte das desonerações tributárias. O PT hoje se posiciona contra as desonerações, que beneficiaram muitos setores produtivos com a redução de impostos. Contudo, elas foram implantadas no governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

Menos burocracia:o plano de governo de Marina defende, de forma genérica. a redução da burocracia das diversas atividades econômicas como forma de facilitar os empreendimentos privados. Os governos do PT promoveram mudanças para melhorar o ambiente de negócios no país. Mas elas foram pontuais e, nos rankings internacionais, o Brasil não avançou.

DIREITOS HUMANOS, DIREITOS CIVIS, MINORIAS E COMPORTAMENTO

Aborto: Marina é contra a descriminalização do aborto, mas diz ser a favor de um plebiscito para que a população decida sobre o assunto – o que, em tese, poderia levar à mudança da lei atual. Alguns setores do PT são favoráveis à legalização do aborto, mas isso não é consenso no partido e há petistas contrários. Nos dois governos petistas, não houve iniciativa efetiva do governo para tentar mudar a atual legislação.Voltar ao topo

Legalização de drogas: Marina é contra a legalização de drogas ilícitas. O PT não tem consenso sobre o assunto. O Núcleo de Políticas de Drogas do partido já se manifestou a favor da legalização da maconha. Quando foi candidata a presidente, Dilma disse ser contra. E os governos do PT não fizeram nada de efetivo para legalizar as drogas no país.

Metodologia da pesquisa Ibope

A pesquisa citada no início desta reportagem foi realizada pelo Ibope entre os dias 14 e 20 de agosto de 2018 com 2.002 eleitores de todas as regiões do país. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95% (o que significa que, se a pesquisa for realizada 100 vezes com a mesma metodologia, em 95 os resultados vão estar dentro da margem de erro. A pesquisa, contratada pela Rede Globo e pelo jornal O Estado de S.Paulo, foi registrada no TSE com o número BR-09086/2018.

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