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Prefeito de Pelotas entre 2013 e 2016, Eduardo Leite não tentou novo mandado na administração municipal por se dizer contra a reeleição. | Reprodução/Facebook Eduardo Leite
Prefeito de Pelotas entre 2013 e 2016, Eduardo Leite não tentou novo mandado na administração municipal por se dizer contra a reeleição.| Foto: Reprodução/Facebook Eduardo Leite

Prefeito de Pelotas (RS) entre 2013 e 2016, Eduardo Leite (PSDB) começou a disputa pelo governo do Rio Grande do Sul em segundo lugar, com apenas 8% das intenções de voto. Caminha para vencer a eleição no segundo turno e desbancar o atual governador do estado, José Ivo Sartori (MDB). 

Leite saiu de 8% da das intenções de voto na primeira pesquisa Ibope para a liderança da disputa no segundo turno contra o atual governador. O tucano foi prefeito de Pelotas de 2013 a 2016 e, caso seja eleito, será o governador mais jovem do Rio Grande do Sul desde a redemocratização. Leite tem 33 anos.

Virada nas pesquisas

Na primeira pesquisa Ibope para governador do estado depois do registro das candidaturas, Sartori tinha 19% das intenções de voto. O segundo lugar era disputado entre Leite e Miguel Rosseto (PT), cada um com 8%. Leite só conseguiu se consolidar em segundo lugar na disputa em 13 de setembro, quando alcançou 25% das intenções de voto e empatou tecnicamente com Sartori, que tinha 29%. 

Em 27 de setembro, Leite virou o jogo numericamente. Ele chegou a 30% no Ibope, contra 29% de Sartori – um empate na margem de erro. Na véspera da eleição, o Ibope mostrava que Leite teria 38% dos votos válidos e Sartori, 32%. Na pesquisa boca de urna, Leite caiu para 33% dos votos válidos e Sartori manteve o índice.

Ao abrir as urnas, Leite ficou com 35,9% dos votos e o atual governador com 31,1%. A última pesquisa Ibope para o segundo turno mostra o tucano com 59% dos votos válidos, enquanto Sartori aparece com 41%.

A explicação para o sucesso

Para o professor do programa de pós-graduação em ciência politica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Rodrigo Stumpf Gonzalez, Leite se beneficiou da falta da tradicional polarização entre PT e PSDB na eleição nacional, que também se refletiu na política local.

“Isso permitiu que o Eduardo Leite emergisse como alternativa administrativa a um governo pouco popular”, explica o professor. Gonzalez também chama atenção para o fato de não haver uma esquerda unificada tentando se opor à candidatura de Sartori.

“Esses candidatos acabaram tendo pouco sucesso na campanha, mas ao mesmo tempo eles disputaram entre si a possível ida ao segundo turno e praticamente ninguém se preocupou com o Leite”, explica. “Ele fez uma campanha em que conseguiu ser pouco atacado porque ninguém acreditava que ele teria sucesso”, completa.

Mais do mesmo no segundo turno favorece o candidato “outsider”

Ideologicamente, Leite e Sartori não têm diferenças significativas. Os dois candidatos ao governo, por exemplo, declararam apoio ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) na disputa nacional. 

Para o professor da UFRGS, isso beneficia o tucano, que vende na campanha uma imagem de candidato “outsider” ao mesmo tempo em que destaca sua experiência administrativa na prefeitura de Pelotas.

“Nos próximos dias vai ocorrer uma série de debates que vão testar a capacidade de Eduardo Leite enfrentar o Sartori. Esse será o grande teste público dele”, ressalta Gonzalez.

Há, ainda, outro fator que pode beneficiar Leite na disputa pelo governo. “Nunca um governador em período democrático no Rio Grande do Sul se reelegeu”, lembra o professor da UFRGS. “O Sartori carrega o peso de ser o governador do estado, ainda mais em uma situação em que boa parte dos estados está em crise econômica”, ressalta.

Quem é Eduardo Leite?

Eduardo Leite é formado em direito e se elegeu vereador aos 19 anos. Aos 27, tornou-se prefeito de Pelotas. A campanha dele para a prefeitura, apesar de terminar vitoriosa, começou com tropeços. Ele não conseguiu, por exemplo, preencher todo o tempo de TV a que tinha direito por ter uma coligação com nove partidos. Sua equipe não conseguiu produzir material a tempo. Mesmo assim, foi eleito com a maior votação da história da cidade, com 110 mil votos.

Em maio de 2016, quando cerca de 60% dos eleitores o aprovavam e ele liderava as pesquisas de intenção de voto, anunciou que não disputaria a reeleição. “A reeleição foi mal assimilada no Brasil. Se sou contra, não posso me beneficiar dela”, disse na época. Quem concorreu foi sua vice, Paula Mascarenhas, que acabou eleita.

Ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Leite declarou patrimônio de R$ 32,5 mil. Até agora, informou gasto de R$ 3,4 milhões na campanha e arrecadação de R$ 5,3 milhões. Mais da metade do dinheiro – R$ 2,8 milhões – veio do próprio partido. Leite também arrecadou R$ 1,3 milhão em doação de pessoas físicas.

Metodologias das pesquisas

17 de agosto: Pesquisa realizada pelo Ibope de 14/ago a 16/ago/2018 com 1008 entrevistados (Rio Grande do Sul). Contratada por: Rbs. Registro no TSE: RS-01969/2018. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Confiança: 95%.

6 de setembro: Pesquisa realizada pelo Ibope com 1.008 entrevistados (Rio Grande do Sul). Contratada por: RBS PARTICIPACOES. Registro no TSE: RS-04704/2018. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Confiança: 95%.

13 de setembro: Pesquisa realizada pelo Ibope com 1.204 entrevistados (Rio Grande do Sul). Contratada por: RBS PARTICIPACOES. Registro no TSE: RS-04827/2018. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Confiança: 95%. 

21 de setembro: Pesquisa realizada pelo Ibope de 18/set a 20/set/2018 com 1.204 entrevistados (Rio Grande do Sul). Contratada por: RBS PARTICIPACOES. Registro no TSE: RS-07856/2018. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Confiança: 95%. 

27 de setembro: Pesquisa realizada pelo Ibope de 24/set a 26/set/2018 com 1.806 entrevistados (Rio Grande do Sul). Contratada por: RBS PARTICIPACOES. Registro no TSE: RS-01316/2018. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Confiança: 95%. 

6 de outubro: Pesquisa realizada pelo Ibope de 4/out a 6/out/2018 com 1.806 entrevistados (Rio Grande do Sul). Contratada por: RBS PARTICIPACOES. Registro no TSE: RS-08318/2018. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Confiança: 95%.

7 de outubro: Pesquisa realizada pelo Ibope/Boca de Urna em 7/out com 2.600 entrevistados (Rio Grande do Sul). Contratada por: IBOPE INTELIGENCIA PESQUISA E CONSULTORIA. Registro no TSE: RS-01841/2018. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Confiança: 99%.

17 de outubro: Pesquisa realizada pelo Ibope de 14/out a 16/out/2018 com 1.008 entrevistados (Rio Grande do Sul). Contratada por: RBS PARTICIPACOES. Registro no TSE: RS-01741/2018. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Confiança: 95%. 

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