A expectativa de uma candidatura competitiva do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) à Presidência da República atraiu para o seu lado um grupo de parlamentares que leva em seus nomes de guerra a atividade fora da política: delegados. Três dos quatro deputados-delegados da Câmara vão acompanhar o vice-líder da corrida presidencial no Patriota, legenda que Bolsonaro já assinou até ficha simbólica de filiação.
São eles: Delegado Éder Mauro (PSD-PA), Delegado Waldir (PR-GO) e Delegado Francischini (SD-PR). Todos integrantes da ruidosa bancada da bala e que defendem as mesmas ideias: penas mais duras para bandidos, acesso quase irrestrito ao porte de armas e combate à turma dos direitos humanos, entre outras. E, agora, a caminhada ao lado de Bolsonaro.
Também em comum, todos foram bem votados. Éder Mauro e Waldir foram campeões nas urnas em seus estados em 2014. Francischini foi o sexto. Delegado da Polícia Civil, Éder Mauro, se elegeu com o bordão surrado da turma linha-dura: "bandido bom é bandido morto".
Se livrou de uma acusação de tortura – o caso foi arquivado pelo ministro Edson Fachin, no STF – e de uma representação no Conselho de Ética por ter montado um vídeo contra o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ). Dia desses, quase saiu no tapa com outro parlamentar do PSOL, Glauber Braga (RJ). Ele dá suas razões para apoiar Bolsonaro.
"Esse apoio se dá, principalmente, pelo que nós vimos nos últimos anos. A esquerda, que viria para salvar o povo, fez tudo ao contrário e destruiu as famílias. A direita e o centro se aliaram e também não fizeram nada. Quem representa, então, a real mudança no país é o Bolsonaro", disse Éder Mauro.
Eleito com o número de campanha 4500, o Delegado Waldir se apresentou assim: "o 45 é do calibre e o 00 é o da algema". Bolsonaro, na verdade, é seu segundo candidato a presidente em 2018. Antes, veja só, Waldir lançou o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, para o Planalto. Foi numa visita de Cunha, recém-eleito para comandar a Câmara e ainda em alta, a Goiás. Meses depois, vejam só como é a vida, foi Waldir o autor da fatídica pergunta feita a Cunha, na CPI da Petrobras, se ele tinha contas no exterior. Foi onde o peemedebista se enrolou, dando início a sua derrocada.
"Conversei com Bolsonaro há um ano. Não estou a seu lado por oportunismo. É um cara diferenciado. De família, sem mácula. Uma pessoa espetacular e muito simples. Mas por que apoiá-lo? Já elegemos um defensor dos direitos humanos e da legalização da maconha (FHC) e não deu certo. Depois, o maior ladrão que esse país já teve, o Lula. Na sequência, a Dilma terrorista. Chega de esquerda! É hora de darmos uma guinada para a direita. Essa guinada tem nome: Jair Bolsonaro", disse Waldir.
Delegado da Polícia Federal, Francischini vai se filiar também ao Patriota e, como os outros, terá o comando do partido no seu estado. Será o quarto partido dele em dois mandatos como deputado. Já passou pelo PSDB, PEN e está no Solidariedade. Bolsonaro, para ele, é o novo.
"Os brasileiros cansaram dos politicamente corretos, que mentem e roubam o país. Bolsonaro é a ruptura contra a mesmice e com a enganação da política nacional”, disse Francischini.
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