Paulo Guedes (à esq.) e Jair Bolsonaro: eles buscam executivos de peso para compor eventual governo Bolsonaro| Foto: @jairbolsonaro/Divulgação

A equipe de Jair Bolsonaro (PSL) está reunindo apoio do setor privado para levar executivos ao governo, caso o capitão da reserva vença o segundo turno da eleição presidencial no dia 28 de outubro. São pessoas que aconselharam o economista do candidato, Paulo Guedes, e as equipes do presidenciável nos últimos meses.

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Fazem parte da lista Alexandre Bettamio, CEO para a América Latina do Bank of America, João Cox, presidente do conselho de administração da TIM, e Sergio Eraldo de Salles Pinto, da Bozano Investimentos (gestora de investimentos presidida por Guedes).

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Para integrantes da campanha de Bolsonaro, Bettamio poderia assumir a presidência do Banco do Brasil, dada sua experiência no setor bancário. O executivo mora atualmente em Nova York.Os demais poderiam ocupar postos-chave, mas isso ainda não está definido.Convites formais só devem ocorrer após a eleição.

Outros nomes que estão sendo cogitados

Do setor financeiro, há outros “paraquedistas” – como estão sendo chamados esses executivos nos bastidores – sendo aguardados: Maria Silvia Bastos Marques, CEO da Goldman Sachs no Brasil e ex-presidente do BNDES, e Roberto Campos Neto, diretor do Santander e neto de Roberto Campos, renomado economista liberal.

A entrada de Campos Neto no time é tratada como o símbolo da chegada dos chamados “liberais autênticos” ao poder e por isso passou a ser considerada como bastante provável entre apoiadores paulistas de Bolsonaro.

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Por sua experiência, Campos Neto poderia eventualmente assumir o Banco Central (BC), caso a primeira opção, Ilan Goldfajn, não queira permanecer no cargo.

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O atual presidente do BC é cotado para ficar e, em conversas reservas, Guedes já teria demonstrado o interesse em mantê-lo no cargo. Mas Goldfajn é ligado ao PSDB, colaborou com Arminio Fraga na campanha de Aécio Neves em 2014, e pode optar por deixar o BC.

O time do setor privado é composto, ainda, por Fábio Abraão, da gestora de investimentos carioca Infra Partners, especialista em logística e infraestrutura, e por Roberto Castello Branco, ex-executivo da Vale e hoje na FGV, que traria a sua experiência no setor de mineração e de óleo e gás.

Outros nomes desembarcam de candidaturas rivais no primeiro turno, como Salim Matar, dono da Localiza e amigo de Guedes há mais de 20 anos. Matar apoiava o Partido Novo no primeiro turno e poderia assumir a gestão de uma estatal caso Bolsonaro seja eleito e Guedes ascenda a ministro da Economia, como planejado.

Mais um do Novo que pode ser convidado a embarcar em um governo Bolsonaro é Eduardo Mufarej, ex-sócio da gestora de investimentos Tarpon e hoje integrante do RenovaBR, de formação de novos quadros na política. Nesta eleição, o Renova elegeu 120 deputados.

A missão dos executivos “paraquedistas”

Os executivos “paraquedistas” teriam como missão desembarcar no governo trazendo a experiência que adquiriram no setor privado. Essa é uma das bandeiras de Bolsonaro, ou seja, nomear técnicos qualificados para ocupar as vagas que serão abertas na Esplanada dos Ministérios, estatais federais e autarquias.

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Embora ganhem muito mais na iniciativa privada, os executivos estariam dispostos a ir para o governo como forma de colaborar com a agenda liberal comandada por Guedes, segundo apoiadores de Bolsonaro.Um dos argumentos usados para atrai-los é a garantia de que poderão trabalhar sem interferência política.

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Os aliados de Bolsonaro evitam falar quais cargos esses executivos poderiam ocupar, usando uma metáfora esportiva. Eles dizem que estão formando um time de basquete, em que todos atacam e defendem, e não de futebol, no qual cada um tem uma posição predefinida em campo.

Agenda de Paulo Guedes atrai executivos

Matar, dona da Localiza, disse à reportagem que Guedes é bem relacionado na comunidade econômica e empresarial, dada sua atuação no mercado financeiro como investidor de empresas em fase de crescimento.

Os principais fundos de investimento da Bozano são de private equity e venture capital (que aplicam em empresas que captam recursos para expandir e eventualmente chegar à Bolsa). A gestora administra um patrimônio de quase R$ 3 bilhões.

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“Paulo é uma pessoa que trabalha em equipe, é cobrador de resultados e está procurando gente que teve sucesso da iniciativa privada para compor o governo”, afirmou.

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Mattar disse que os colaboradores da campanha são atraídos principalmente pela “agenda disruptiva” oferecida por Bolsonaro e Guedes, que prometem aos interlocutores fazer uma gestão técnica e apartada dos políticos, diferente do empregado pelos partidos que ocuparam a Presidência.

“Nem sei se vou para o governo, não recebi o convite e não parei para pensar nisso, mas estou colaborando”, disse Matar.

O empresário afirmou que pretende ainda entregar a Guedes uma lista com dezenas de nomes que poderiam ocupar vagas no segundo e terceiro escalão do governo, caso seja necessário. “Há muitas pessoas que têm capacidade de trabalhar no governo e e gostariam de contribuir.”

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Quem da atual equipe econômica pode ficar

Segundo aliados de Bolsonaro, Guedes também poderá aproveitar integrantes da atual equipe econômica, caso eles queiram permanecer nos cargos. O economista participou de algumas reuniões em Brasília nos últimos meses para tomar pé da situação econômica e se preparar para uma eventual transição.

Nesses encontros, ele ficou próximo de Marcos Mendes e de Mansueto Almeida, do Ministério da Fazenda. Mendes é o chefe da assessoria especial da pasta. Almeida é o atual secretário do Tesouro.

No primeiro turno, Bolsonaro obteve 46,03% dos votos válidos e Fernando Haddad (PT), 29,28%.