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O Brasil tem hoje dois grandes “espalha-votos”, personalidades que fariam com que uma multidão de eleitores não votasse de jeito nenhum num candidato apoiado por eles. Uma repulsa tão grande a ponto de levar seus aliados a naufragarem na disputa presidencial. E, na outra ponta, também há dois “ímãs de eleitores”: pessoas que iriam atrair muitos votos aos políticos para os quais viessem a fazer campanha. E que poderiam usar essa influência para levá-los ao segundo turno.

Os espalha-votos são o presidente Michel Temer (PMDB) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). E os ímãs eleitorais são o ex-presidente Lula (PT) e o juiz da Lava Jato Sergio Moro.

Lula, o ímã da esquerda

O petista pretende concorrer à Presidência em 2018. Mas, se for condenado na segunda instância judicial em pelo menos um dos processos da Lava Jato a que responde, pode ficar inelegível e ser impedido de disputar a eleição de 2018.

Nesse caso, Lula possivelmente apoiaria outro candidato. Pesquisa Datafolha, divulgada na íntegra na última segunda-feira (4), mostra que 29% dos eleitores dizem que votariam com certeza no nome para o qual Lula fizesse campanha.

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Além disso, outros 21% dos brasileiros afirmam que o apoio de Lula talvez fizesse com que eles votassem nesse concorrente. Ou seja, o ex-presidente tem um potencial de influenciar até 50% dos eleitores. Contudo, Lula afastaria uma parcela expressiva de 48% dos brasileiros, que dizem que não votariam de jeito nenhum no político apoiado pelo petista.

Grande “inimigo” de Lula, Moro também teria alta influência eleitoral

Curiosamente, outro grande cabo eleitoral de 2018 é um dos maiores “inimigos” de Lula: o juiz Sergio Moro. Até agora, Moro não deu nenhum indicativo de que pretende apoiar algum candidato na disputa presidencial. Mas, se decidisse fazer isso, levaria 23% dos eleitores a votar nesse político.

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O potencial de atração de votos do juiz Moro, porém, chega a 51% do eleitorado – já que outros 28% dizem que talvez votassem no candidato de Moro. Na outra ponta, o magistrado afastaria 45% dos eleitores.

O número de pessoas que diz que votaria no candidato apoiado tanto por Moro quanto por Lula seria suficiente para levar qualquer candidato ao segundo turno da eleição presidencial, embora eles afastem uma parcela maior de eleitores. Na prática, isso significa que o apoio do juiz ou do ex-presidente poderia ser uma arma poderosa no primeiro turno, mas um risco no segundo.

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Mas a transferência de votos depende do nome que recebe o apoio

Outra ponderação é que a possível transferência de votos de Lula e Moro dependeria do nome que eles apoiassem.

O Datafolha constatou, no caso do ex-presidente, que a taxa de conversão do apoio de Lula cai quando são apresentados nomes concretos que não têm a simpatia do eleitor. A pesquisa mensurou quantos brasileiros votariam, para presidente, no ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) e no ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT) se eles fossem apoiados por Lula.

O apoio do ex-presidente a Jaques Wagner faria com que 13% votassem nele com certeza; 19% dizem que talvez votassem no baiano. E 63% não votariam no ex-governador de jeito nenhum, nem com o apoio de Lula.

Já Haddad se beneficiaria com a transferência de votos de apenas 14% dos eleitores. Uma parcela de 21% afirma que talvez escolhesse o ex-prefeito. Mas 61% não votariam de jeito nenhum em Haddad, apesar de Lula.

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Os “espalha-votos”: apoiadores que afastam uma multidão de eleitores

A pesquisa Datafolha também mostra quais são os apoiadores que afastam uma multidão de eleitores: Michel Temer e de Fernando Henrique Cardoso.

Temer faria com que 87% dos eleitores não votassem de jeito nenhum em um candidato que ele viesse a apoiar. Apenas 3% dizem que escolheriam com certeza o político indicado pelo presidente; e outros 8% afirmam que talvez votassem nesse nome.

O apoio de FHC a algum candidato afastaria 62% dos eleitores. O ex-presidente tucano só seria um bom cabo eleitoral para 10% dos brasileiros – que dizem que votariam com certeza no político que ele indicasse. Outros 25% dizem que poderiam considerar a opinião de Fernando Henrique na hora de decidir seu voto.

Metodologia da pesquisa

A pesquisa Datafolha ouviu 2.765 eleitores, em 192 cidades de todas as regiões do país, nos dias 29 e 30 de novembro. A margem de erro é de dois pontos porcentuais, para cima ou para baixo. O grau de confiança é de 95% – o que significa que, se a pesquisa for realizada 100 vezes, em 95 os resultados estarão dentro da margem de erro.

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