Dois dias após o fim do 1º turno das eleições presidenciais, os partidos começaram a se definir: vão de Fernando Haddad (PT) ou Jair Bolsonaro (PSL)?
Além das coligações já formadas, as legendas derrotadas na disputa presidencial começaram a se posicionar.
Apoio a Bolsonaro
Um apoio que vem do Centrão para o capitão da reserva está garantido: o PTB, que antes estava com Alckmin. “Após consultar os membros da Executiva Nacional, o Partido Trabalhista Brasileiro decidiu manifestar o seu apoio à candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República no segundo turno das eleições de 2018”, escreveu no Twitter Roberto Jefferson, presidente da legenda, que elegeu dez deputados e dois senadores.
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Quarto colocado nas pesquisas, Cabo Daciolo, do Patriota, não se manifestou, mas o presidente do partido, Adilson Barroso, já adiantou: “Ainda não tivemos tempo de sentar para conversar, mas creio que seja o Bolsonaro [quem iremos apoiar]. Pelo jeito do Daciolo, pela ideologia dele, não dá para ser PT, PT nunca. Eu também não tenho nada com o PT”, disse Barroso ao blog O Antagonista.
A executiva do PSC decidiu, por unanimidade, apoiar Bolsonaro no segundo turno. O partido diz que “defende bandeiras liberais na economia e conservadoras nos costumes” e que “tem certeza de que as propostas do candidato do PSL são as melhores para o Brasil”. Esse apoio, segundo o PSC, vai se refletir nas campanhas de Wilson Witzel ao governo do Rio e Wilson Lima ao do Amazonas.
Apoio a Haddad
Entre os presidenciáveis, alguns foram mais rápidos. Guilherme Boulos (Psol) foi o primeiro a dizer que apoia Haddad, com o aval garantido da legenda. “Estaremos nas ruas para derrotar o fascismo e eleger quem representa a democracia no segundo turno: Fernando Haddad”, declarou no Twitter.
O PDT de Ciro Gomes também se manifestou a favor do petista – com ressalvas. Carlos Lupi, presidente nacional do partido, disse nesta quarta-feira (9) que será um apoio crítico e que, terminadas as eleições, Ciro será oposição a qualquer eleito. Já é possível também cravar o apoio do PSTU, da presidenciável Vera Lúcia. A expectativa é que o partido formalize o apoio até quinta-feira (11) após plenárias estaduais.
Se no primeiro turno o Solidariedade (SD) estava no Centrão que apoiava Geraldo Alckmin, agora o presidente do partido, Paulinho da Força, reeleito deputado federal, disse: “Acho que tem gente de todo lado, uma maioria pró-Haddad. Mas acho que o melhor caminho para o partido é liberar. Quem quiser ajudar o Haddad vai ajudar, sem ter obrigação de apoiá-lo”.
O PSB havia feito um acordo no primeiro turno com o PT de que não apoiaria Ciro Gomes (PDT) se o Partido dos Trabalhadores desistisse de tentar o governo em alguns estados. Cumpriu a promessa, permaneceu neutro e definiu em executiva que agora é Haddad.
“No momento difícil que vive o país, queremos que a candidatura se transforme em uma frente democrática. Não estamos apoiando o candidato do PT, mas sim quem vai liderar essa frente para defender a democracia”, afirmou o presidente do partido, Carlos Siqueira. Mas liberou o candidato da sigla ao governo de São Paulo, Márcio França, de se posicionar.
Candidato derrotado do PPL, João Goulart Filho declarou em nota apoio a Haddad: “O meu partido difere em muitos pontos do programa do PT, que disputará com o filhote da ditadura o segundo turno, mas nossas diferenças jamais serão maiores que o risco de uma nova ditadura, nem maiores que a liberdade de nosso povo.”
Neutro ou em cima do muro?
O partido Novo, de João Amoêdo, informou que não deve apoiar candidato no segundo turno das eleições presidenciais, mas destacou que é absolutamente contrário ao PT: “O Novo não apoiará nenhum candidato à Presidência, mas somos absolutamente contrários ao PT, que tem ideias e práticas opostas às nossas”, destaca nota da legenda enviada à imprensa. Alguns nomes do partido já se manifestaram individualmente, como Romeu Zema Neto, que chegou ao segundo turno em Minas Gerais: ele está no time de Bolsonaro.
A executiva nacional PSDB de Geraldo Alckmin se reuniu na sede do partido, em Brasília, e definiu ficar neutra. Contudo, o candidato ao governo de São Paulo João Doria – que foi para o segundo turno no estado paulista – afirmou que irá de Bolsonaro.
O partido da vice do tucano, Ana Amélia (PP), divulgou em nota assinada pelo presidente da legenda, Ciro Nogueira, que ficará neutro, mas o documento diz que a segurança pública precisa ser elevada ao topo das prioridades do país. A sigla é uma das mais fortes do Centrão: elegeu 37 deputados, mais que o PSDB (29) e cinco senadores. Já Ana Amélia declarou que apoia pessoalmente Bolsonaro no 2.º turno.
No MDB do presidenciável Henrique Meirelles foi anunciada a neutralidade na quinta-feira (11). Meirelles - que injetou R$ 20 milhões na própria campanha e ficou em sexto lugar - recorçou que, pessoalmente, não apoia ninguém. “Prefiro a independência”, afirmou.
O presidente do DEM, ACM Neto, anunciou que o partido ficará neutro. Contudo, segundo ele, cerca de 90% dos integrantes do partido devem apoiar Jair Bolsonaro - inclusive o próprio ACM Neto.
Marina Silva (Rede) manifestou que não tem identificação nem com Haddad nem com Bolsonaro. O partido divulgou nota na quinta-feira (11) reforçando o posicionamento da presidenciável derrotada, sem apoiar o PT, mas recomendou expressamente que os filiados não apoiem Bolsonaro:
“A Rede Sustentabilidade recomenda que seus filiados e simpatizantes não destinem nenhum voto ao candidato Jair Bolsonaro e, isso posto, escolham de acordo com sua consciência votar da forma que considerem melhor para o país”.
O PV - partido do vice de Marina, Eduardo Jorge - deve seguir a mesma linha.
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PSD
O Partido Social Democrático (PSD), do ministro de Ciência e Tecnologia Gilberto Kassab, optou pela neutralidade, após consultas internas. No primeiro turno, o partido apoiou o tucano Geraldo Alckmin.
O Podemos anunciou que ficará neutro. presidenciável derrotado do partido seguiu a mesma linha: Alvaro Dias disse que vai se licenciar do Senado e declarou. “O silêncio é a melhor alternativa para esse momento no meu caso”. Ele disse a um interlocutor que o voto nulo é uma opção aceitável. “Eu não vou me responsabilizar pelo desastre”, afirmou, ao celular.
A Executiva Nacional do PPS decidiu nesta quarta-feira (10), liberar seus filiados para que escolham quem apoiarão na disputa do segundo turno da corrida presidencial. O PR decidiu liberar seus integrantes a apoiar quem quiserem, segundo o líder do partido na Câmara, José Rocha. O PHS informou que a diretoria ainda irá se reunir.