Durante o Debate presidencial da Globo, o Jornal da Record apresentou uma entrevista exclusiva com o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, na noite desta quinta-feira (4). Ele não foi ao debate por recomendação médica, já que ainda se recupera do atentado sofrido em Juiz de Fora, quando levou uma facada.
A entrevista dirigida pelo jornalista Eduardo Ribeiro foi paralisada duas vezes para descanso do candidato. Apesar de visivelmente mais magro, ele não perdeu a oportunidade para criticar o PT. Disse que Fernando Haddad é um fantoche de Lula e que o ex-presidente claramente coordena a campanha da prisão.
Bolsonaro garantiu que não tem um “projeto de poder” que ultrapasse os quatro anos como presidente. Pouco depois, ele indiretamente citou uma “aparente doutrinação” nas universidades:
“Eu vejo jovens realizando atos que não condizem com aquilo que estão se formando. Em parte, nossas universidades não formam para o mercado de trabalho, está formando militantes”, afirma.
Inquérito policial do atentado
O presidenciável voltou a declarar que não acredita que Adélio Bispo de Oliveira tenha agido sozinho ao preparar o atentado com uma faca em Juiz de Fora, como concluiu o primeiro inquérito da Polícia Federal. Ele desconfia, inclusive, do delegado Rodrigo Morais Fernandes, que coordenou a investigação e chefiou:
“O processo está sendo conduzido por um delegado de confiança de Fernando Pimentel (PT), governador de Minas Gerais. Isso (o atentado) não parte de forma isolada. Não quero me precipitar, nessa equipe de investigação tem gente isenta e simpática a minha causa, mas a própria tentativa de alguém tentar um álibi poderosíssimo [para o agressor, com um registro de visita na Câmara dos Deputados], se ele escapasse no tumulto”, pontuou Bolsonaro.
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Moraes Fernandes realmente foi chefe da Assessoria de Integração das Inteligências da Secretaria de Defesa Social de Minas Gerais. O candidato diz que agora quer aguardar a conclusão do segundo inquérito. “Não queremos culpar um grupo, mas sinto que não tem como isso ter partido de forma isolada. Queremos a verdade”.
#EleNão e fake news
O entrevistador perguntou como ele enxergou o movimento “Mulheres contra Bolsonaro”, que ficou conhecido pela hashtag #EleNão. “Você tem que ver quem estava no movimento. Artistas que há muito vem mamando na Lei Rouanet. Ela é importante para o artista raiz, sertanejo, que traz consigo a cultura brasileira”.
Segundo o candidato, a maioria das pessoas faz uma análise da situação e isso colaborou, inclusive, com o crescimento das pesquisas nesta semana. “Será que sou tão mal assim? Que quer mal de mulheres, negros, nordestinos?”, indagou.
O candidato também falou sobre notícias falsas na internet, as #FakeNews. “Nossas redes sociais só tem verdades, mas não tenho controle sobre o que me seguem. Quando um seguidor extrapola parece que sou um , e a culpa cai em mim”, avaliou. Ele aproveitou para emendar: “Um candidato do PT no Nordeste disse que vou acabar com bolsa família. Não é verdade”.
Outros temas
Na entrevista, sobrou até para a Lei da Palmada. Segundo o candidato, o estado quer interferir no direito dos pais educar os filhos. “Nenhum pai quer dar palmada para educar, mas às vezes é preciso”. E voltou a defender o direito de cidadãos terem armas em casa.
Ele também defendeu o vice. Disse que general Hamiltom Mourão não é contra o 13º salário – e que a fala do vice em uma palestra foi mal interpretada. Disse ainda que o plano de alterar o imposto de renda de Paulo Guedes, seu Ministro da Fazenda, tira da faixa de pagamento de IR quem ganha até R$ 5 mil.
DESEJOS PARA O BRASIL: Paz social, sem o abandono dos mais necessitados
Também voltou a dizer que “não é machista, nem homofóbico” e tentou esclarecer a famosa briga com Maria do Rosário, que valeu condenação a Bolsonaro por danos morais. “Ela estava defendendo um homicida estuprador, dizendo que deveria valer o Estatuto da Criança e do Adolescente. Naquele momento eu pedi a cabeça” .
Por fim, acredita que está pronto para enfrentar o candidato do PT, Fernando Haddad. “Todo mundo desconfia das pesquisas no Brasil, mas vamos partir do princípio delas. Então, não fugiremos do candidato do PT. Não seremos nós contra eles. Será o Brasil que acredita na família, contra corrupção, que quer conversa”.
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