O segundo debate televisivo entre os candidatos ao governo de São Paulo, realizado na noite de sexta-feira (25) pela RedeTV!, foi contaminado pela disputa nacional, “broncas” dos jornalistas mediadores e um “piripaque do Chaves” – como Rodrigo Tavares (PRTB) se referiu ao “branco” que teve em uma de suas respostas, fazendo alusão ao personagem do seriado mexicano exibido no Brasil pelo SBT.
Participaram do debate os candidatos Márcio França (PSB), Paulo Skaf (MDB), Rodrigo Tavares (PRTB), Marcelo Candido (PDT), João Doria (PSDB), Luiz Marinho (PT) e Professora Lisete (PSol). Durante o debate, os temas do estado, em diversos momentos, foram coadjuvantes diante das discussões e troca de acusações entre os postulantes ao Palácio dos Bandeirantes.
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Candidatos reeditam a polarização PT x PSDB
Durante pouco mais de duas horas, Doria e Marinho protagonizaram os confrontos mais duros. O candidato do PT escolheu o tema “mulheres” para perguntar ao rival do PSDB, e disse que ele, quando presidiu a Embratur, fez propaganda de mulheres nuas.
Em sua resposta, Doria ignorou o questionamento e acusou o partido do rival. “O seu passado o condena, o meu não. Vocês [os petistas] são responsáveis pela maior taxa de desemprego do país. Vocês são responsáveis pela maior recessão do país. Vocês cometeram crimes contra o dinheiro público deste país. Só da Petrobras o seu partido, o PT, roubou R$ 50 bilhões. O que vocês sabem fazer é destruir, roubar e mentir”, disse o tucano, apontando o dedo para Marinho.
A fala de Doria motivou um direito de resposta concedido ao petista, que aproveitou para citar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – condenado e preso na Lava Jato e registrado como candidato do PT ao Planalto. Marinho também falou do presidenciável tucano, Geraldo Alckmin.
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“Esse papo de ficar agredindo o PT não vai funcionar nessa eleição. Isso funcionou em 2016. O povo processou as informações e o povo chegou à conclusão que o presidente Lula é um injustiçado, está preso de forma injusta e que, portanto, essa é a razão de ele liderar todas as pesquisas de opinião, inclusive aqui no estado de São Paulo, onde o teu padrinho Alckmin está penando na terceira posição e não sobe”, disse o petista. “E não sobe até por contribuição de Vossa Excelência, que prometeu ao povo paulistano que cumpriria os quatro anos rigorosamente de mandato [na prefeitura de São Paulo] e traiu o povo.”
Adversários de Doria aproveitaram o debate para citar a condenação do tucano por improbidade administrativa pelo uso do slogan Cidade Linda quando era prefeito da capital. O candidato do PSDB, por sua vez, questionou Paulo Skaf (MDB) pela gestão à frente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Doria perguntou a Skaf se ele, ao comandar a Fiesp por 14 anos, estaria agindo como o PT – que, conforme o tucano, utiliza uma estrutura sindical para se promover. O candidato do MDB negou que tivesse usado a entidade e mudou de assunto. “Como governador, o que quero fazer investir nas pessoas”, disse.
França e Doria evitam confronto e fazem “dobradinha” por Alckmin
O governador Márcio França (PSB) e João Doria, ambos afilhados políticos de Alckmin, evitaram o confronto e aproveitaram o momento para dar palanque ao candidato tucano ao Palácio do Planalto. Candidato à reeleição, França fez uma declaração amistosa ao ser questionado por Doria sobre o fato de apoiar Alckmin e seu partido, o PSB, ter feito “um acordo informal com o PT” em nível nacional.
“Quando passa a eleição, viu João, as pessoas se alinham de novo. As pessoas não vão fazer disso uma guerra em que as pessoas vão ficar inimigas para sempre. Esse dilema de ficar inimigo, de PT e de PSDB, para mim já deu”, afirmou França. “Aqui em São Paulo todos sabem a minha lealdade com ele [Alckmin].”
Questionado por jornalistas sobre se iria pedir apoio ao PSDB ou ao PT se fosse reeleito governador, França pregou a conciliação. “A gente não vai fazer disso uma guerra que vai ficar inimigo para sempre”, afirmou. Ao final da fala, o candidato do PSB disse que “o governador Alckmin é o mais preparado e por isso eu o apoio [à Presidência]”. João Doria foi no embalo. “O Alckmin é o mais preparado”, disse. “Essa coisa de política, rusgas, debates, depois isso passa.”
Jornalistas dão broncas em candidatos, na plateia e até em outros jornalistas durante o debate
Os apresentadores do debate se tornaram atração à parte durante a transmissão do programa pelas broncas que deram. A jornalista Mariana Godoy repreendeu a plateia reiteradas vezes. Em um dos momentos, quando a plateia começou a bater palmas após a comissão negar pedido de resposta de Luiz Marinho (PT) a João Doria (PSDB), a apresentadora chegou a ameaçar retirar os convidados com a ajuda de seguranças da emissora.
Boris Casoy, um dos âncoras, advertiu o companheiro de emissora Reinaldo Azevedo, que se justificou com o governador Márcio França (PSB) ao dizer que o partido dele fez aliança informal com o PT. “Não, não, não, Reinaldo, isso foge das regras do debate”, disse Casoy. A plateia riu.
Quem também tomou uma bronca de Casoy foi a candidata Professora Lisete (PSol). Ela afirmou que faria sua pergunta para o “candidato de Temer”, causando polêmica no estúdio do debate. “Candidato do quê?”, perguntou Casoy. Ele disse que Lisete tinha de dizer o nome de quem queria perguntar, e que se referir ao “candidato de Temer” era contra as regras do debate. “Eu, por exemplo, não sei quem é o candidato do Temer”, afirmou, o que provocou uma reação da plateia. “Claro que eu sei quem é o candidato do Temer, mas temos que manter as regras do debate.” Lisete, então, disse que iria fazer sua pergunta para Paulo Skaf (MDB).
A candidata do PSol também trocou farpas com o tucano João Doria. Ela lembrou que Doria abandonou a prefeitura de São Paulo. “A sua nota no Datafolha é 3,7. Então tenho que te informar que você continua de recuperação”, disse. Em pergunta sobre merenda escolar, Doria disse que o PSOL radicaliza e PSDB administra. Doria afirmou que a candidata reprovaria Lula já que ele está preso.
Rodrigo Tavares e o piripaque do Chaves: “Nós sim, nós não, nós sim, nós não, não sei”
O momento mais descontraído e engraçado do debate foi protagonizado pelo candidato Rodrigo Tavares, do PRTB. Ele teve um “branco” e disse que deverá ser alvo de memes na internet após ficar alguns segundos em silêncio no meio de uma frase na qual criticava as legendas de esquerda.
“Esses partidos mais alinhados à esquerda, ao Foro de São Paulo, tem sim, e aqui temos todos aqui representantes dessas agremiações, muito a explicar, tem, sim, este tipo de comportamento. Nós não. Nós somos... [quatro segundos de silêncio].Nós sim, nós não, nós sim, nós não, não sei. Nosso candidato aqui...”, tentou dizer enquanto já ouvia que seu tempo estava esgotado.
Quando teve a palavra novamente, no bloco seguinte, Tavares pediu desculpas. “Sou humano. Sei que amanhã estarei na internet como meme”, disse o candidato. “Vai ter gente falando que eu tive o piripaque do Chaves. Mas errar é humano, não é?”
Problemas de São Paulo foram mais discutidos em apenas um dos blocos do debate
Os candidatos falaram mais sobre os problemas de São Paulo apenas no primeiro bloco, quando doram questionados sobre como agiriam para combater o crime organizado e o crescimento de facções criminosas. “Tecnologia, inovação, modernidade, inteligência, essencial para todas as delegacias”, disse França.
Doria voltou a citar o lema “polícia na rua, bandido na cadeia”. Skaf falou em adotar um “grande projeto de reestruturação das polícias” e Marinho disse que o crime organizado “foi fruto dos 24 anos do PSDB no estado”.
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