Em sua passagem por Nova York para receber o prêmio de personalidade do ano nesta terça-feira (15), o juiz federal Sergio Moro posou para fotos com o ex-prefeito de São Paulo João Doria (PSDB) e disse que não há risco de uma ruptura democrática no Brasil. O prêmio é oferecido anualmente pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos e o escolhido deste ano foi o juiz responsável pelas ações da Lava Jato em primeira instância, em Curitiba.
“Apesar de dois impeachments presidenciais e um ex-presidente preso, não houve e não há sinais de rupturas democráticas”, disse o magistrado em seu discurso, ao receber o prêmio. A fala faz referência aos ex-presidentes Fernando Collor (PTC) e Dilma Rousseff (PT), alvos de processos de impeachment, e à prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Lava Jato, depois de uma condenação do próprio Moro.
LEIA MAIS: Petistas criticam Moro na entrada de jantar de gala em Nova York
Moro também aproveitou a oportunidade para defender a necessidade de “aprofundar reformas, consolidar a democracia, retomar o desenvolvimento, dar qualidade aos serviços de educação, segurança e saúde e enfrentar a pobreza e a desigualdade”. Para o magistrado, essas coisas só serão possíveis “sem a impunidade da grande corrupção e com níveis maiores de integridade na política e no mercado”.
Moro posa para fotos com Doria
No evento, Moro também posou para fotos com Doria, que é pré-candidato a governador de São Paulo, de quem recebeu o prêmio. O tucano foi eleito a personalidade do ano no evento organizado em 2017 pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos.
No final de 2016, Moro foi alvo de críticas por uma foto com outro tucano: o senador Aécio Neves. Os dois foram flagrados em um momento de descontração na entrega de um prêmio da revista Isto É. Em entrevista recente à revista Cruzoé, o magistrado disse que se arrependeu da foto com Aécio, atualmente investigado em diversos casos de corrupção.
Veja a íntegra do discurso:
“Nós, como povo, fizemos muito. Nós construímos, desde a independência, um grande país - livre e democrático, pelo menos desde 1985, estável politicamente há mais de 30 anos. Apesar de dois impeachments presenciais e um ex-presidente preso, não houve e não há sinais de rupturas democráticas. A hiperinflação, que parecia uma realidade natural, foi superada e não é mais um risco provável. Políticas sociais importantes foram adotadas de forma a diminuir a extrema pobreza e a desigualdade. Há muito a ser feito, aprofundar essas reformas, consolidar a democracia, retomar o desenvolvimento, dar a qualidade aos serviços de educação, segurança e saúde e enfrentar a pobreza e a desigualdade. Criar a liberdade e a igualdade para todos. Isso tudo só é possível sem a impunidade da grande corrupção e com níveis maiores de integridade na política e no mercado. Precisamos restaurar a confiança em nós mesmos e, assim agindo, também retomaremos a confiança do mundo em nosso país. Esse é o trabalho de todos, mas especialmente dos senhores e senhoras aqui presentes, empresários, intelectuais, jornalistas, diplomatas, lideranças em seus respectivos setores. Nada de baixar a cabeça. O futuro só pode ser visto olhando acima do horizonte, então você precisa elevá-lo”.
Deixe sua opinião