Deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF) deve ocupar cargo de confiança no Governo Bolsonaro.| Foto: Gabriela Korossy/Câmara dos Deputados

Aliado do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e líder da bancada da bala na Câmara, o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) não acredita que a reforma da Previdência seja aprovada neste ano pela Câmara. “Duvido muito que com o texto atual a gente avance em alguma negociação. Não posso falar pela Casa, estou falando pelo clima que eu sinto dos colegas. Acho muito difícil”, disse Fraga.

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Questionado se acredita que há tempo hábil para elaboração e discussão de um novo texto sobre a Previdência, ele disse achar uma tarefa impossível para a atual legislatura. “Falar em um novo texto é impossível. E se houver, é claro que essa responsabilidade tem de ficar com o novo Congresso, com os parlamentares que foram eleitos”, afirmou Fraga.

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“Os deputados que não se reelegeram podem de repente receber a pecha de ser uma retaliação e isso é muito ruim e a vida pública continua, por isso, que eu acho mais prudente a gente preparar um novo texto mais adequado e duradouro e pensarmos nisso no próximo ano”, afirmou.

Para o democrata, o novo texto deve tratar de uma reforma de forma mais permanente para que a Câmara não tenha de voltar a rediscutir a questão nas próximas legislaturas. “Temos de fazer uma reforma duradoura que vai durar por 20 ou 30 anos e não fazer uma meia-sola”, disse.

Sem pressa: reforma não foi bandeira

Fraga tem falado diariamente com Bolsonaro e relatou ao presidente sua avaliação pessimista quanto a aprovação da reforma ainda neste ano. Ele acha melhor aguardar a posse dos novos parlamentares e trabalhar o texto do zero, mas disse ser preciso aproveitar o período de lua de mel do novo governo.

“E esse período dura pouco. Não entendo a pressa em votar. A reforma nem foi uma bandeira da campanha eleitoral do Bolsonaro”,completou Fraga. “A eleição não resolveu isso. A reforma da Previdência continua sendo polêmica e o texto precisa ser melhor discutido. Continua não havendo ambiente nem consenso na Casa. É só andar pelo plenário e corredores e conversar com os deputados. Isso não passa agora”, disse Alberto Fraga.

Presidente da Câmara

Nesta terça-feira (30), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), demonstrou confiança de que o projeto da reforma da Previdência possa ser votado ainda este ano. Segundo Maia, apesar de ser consenso a necessidade de aprovação da reforma, isso depende da equipe do presidente eleito. Para o parlamentar, caso queira ver a reforma aprovada agora, Bolsonaro deverá liderar o processo de negociação no Congresso.

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“A reforma depende da articulação da base. Quem tem as condições de começar essa articulação é o presidente eleito”, disse Maia, que afirmou que tem contato há muitos anos com Paulo Guedes, provável cabeça do Ministério da Economia, mas que ainda não falou com o economista sobre o tema.

Maia também disse não crer que há “clima” entre os deputados para aprovar a reforma este ano. Ele não quis dar uma nota para a chance de se pautar a reforma e se aprovar este ano e afirmou ser precipitado discutir isso agora. “Abrir prazo para votar agora seria cometer o mesmo erro que cometemos no passado. O governo Temer não tinha condições de aprovar com a base que tinha”, disse o presidente da Câmara, que afirmou estar à disposição para auxiliar.

Estatuto do desarmamento

Por outro lado, o líder da bancada da bala acredita que ainda haja espaço para a atual legislatura aprovar a reforma tributária e alterações no estatuto do desarmamento.

O deputado Fraga não concorreu à reeleição para Câmara e foi derrotado nas urnas na disputa para o governo do Distrito Federal. Apesar disso, deve ocupar um cargo de relevância no governo Bolsonaro. O presidente eleito já o anunciou, num vídeo gravado em sua casa no Rio, que o parlamentar deve assumir uma cargo de interlocução com o Congresso Nacional, sem necessariamente ser ministro. “Estou disposto a ajudar, mas não há nenhuma definição”, disse sobre seu papel no governo.