O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) espera chegar ao segundo turno das eleições presidenciais de 2018. Para ele, se não houver fraude eleitoral, ele vai ser um dos dois candidatos a passar para a segunda fase da votação, pois as pesquisas eleitorais mostram esse potencial, na visão dele. Bolsonaro concedeu entrevista ao programa Canal Livre na noite deste domingo (19), da TV Band.
“Eu sou diferente de todos os pré-candidatos que estão por aí. Não tenho nem partido ainda. E segundo algumas pesquisas, como Paraná Pesquisas, estou com 21% (de intenção de votos). Eu devo ser uma pessoa que tenho de ser analisado o que me fez chegar a esse momento de certa projeção nacional e digo mais. Quem declara voto a mim dificilmente muda. Então em não havendo fraude, com toda certeza eu estarei no segundo turno”, disse.
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O deputado e pré-candidato à Presidência da República foi questionado pelos entrevistadores sobre declarações polêmicas que teria proferido no passado. Ele defendeu que é vítima de falta de compreensão sobre muitas dessas frases, que seriam “força de expressão”. Seriam frases fortes, mas não diziam exatamente o que foi entendido, como quando disse que fuzilaria o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ou de que o problema com a esquerda foi terem “torturado, mas não matado” durante a ditadura.
“Não me arrependo de nada. Nós evoluímos, nos aperfeiçoamos e nós buscamos o consenso. É isso que eu venho fazendo”, afirmou.
Ele também disse que seria apenas uma ironia a frase de que “sonegaria tudo que possível”. Ao ser questionado sobre isso, Bolsonaro sustentou que a frase significava, na verdade, que ele não sonega nada, pois isso não é possível com impostos sobre o consumo, por exemplo. Outra declaração que ele relativizou foi a de que “o voto não resolve os problemas do Brasil”
Sobre a intervenção militar, Bolsonaro também deixou claro a postura do candidato, que é diferente daquela do deputado. Disse que não defende a intervenção militar e que não fecharia o Congresso. “O [discurso sobre] fechamento tem 20 anos. Foi um momento de indignação. O parlamento como se encontrava e como se encontra é lamentável, mas temos de governar com ele”, disse.
“Temos de botar um limite para o rumo do comunismo e combater a corrupção. Se nós chegarmos ao caos, naturalmente as forças armadas vão intervir. Eu falei em caos. Assim como se usa forças militares em Garantia da Lei e da Ordem. Ninguém está pregando intervenção militar. Nunca falei uma palavra favorável a isso”, afirmou.
Entre suas propostas para o país, Bolsonaro repetiu que é favorável às privatizações, mas defendeu que é preciso ver qual modelo será usado no caso de empresas estratégicas. “Não pode entregar essas para o capital que pagar mais para você”, afirmou. “A China não está comprando do Brasil. Está comprando o Brasil. Então com Golden Share (ação que mantém no governo o poder de veto sobre decisões da empresa) ou forma de privatizar similar à Embraer, você pode privatizar”, afirmou.
Reforma da Previdência sem militares
Bolsonaro disse que os militares não devem ter as mesmas regras que o trabalhador do regime geral na reforma da Previdência, já que aos militares não têm direitos como hora extra. O deputado também defendeu que, mesmo no regime geral, ele não é a favor de que a idade mínima seja de 65 anos, mas que haja uma gradação para que alguns grupos recebam benefício antes.
Para compor seu governo e seus ministérios, Bolsonaro afirmou que usará somente técnicos especializados em cada área, sem indicações políticas.
“O que eu tenho diferente para apresentar é: eu duvido que eu sentado na cadeira presidencial vai aparecer o senhor Renan Calheiros lá e dizer ‘eu quero o Banco do Nordeste para mim’. Eu duvido que isso venha a acontecer. A forma de fazer política como foi feita até o momento. Me perguntam como eu vou governar sem o toma lá da cá. Eu devolveria a pergunta para vocês. Existe outra forma de governar ou é só essa? Se é só essa, estou fora.”
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