Criada em 1989 no retorno das eleições diretas para presidente, a Frente Brasil Popular (FBP) foi uma união de partidos de esquerda que deu sustentação e apoio às candidaturas de Lula ao Palácio do Planalto. Com a condenação do petista em segunda instância pelo Tribunal da Lava Jato, o risco de Lula se tornar inelegível neste ano, além da iminência de ser preso, está esvaziando a FBP.
Tradicionais aliados começam a buscar outros planos e argumentam que a frente perde força sem Lula na cabeça, ou seja, fora da sucessão presidencial.
"O que aconteceu com o Lula acendeu a luz de alerta em todos os aliados. Não digo que a Frente Brasil Popular acabou, mas perdeu força e, por essa razão, os partidos estão se mexendo. Não adianta o PT trocar de nome, ao menos nesse primeiro instante. Não se vislumbra alternativa. E também não podemos correr o risco de uma candidatura e até eventual vitória do Lula ser derrubada pela justiça mais tarde e tudo ir por água abaixo", disse o deputado Júlio Delgado, líder do PSB na Câmara.
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O presidente de seu partido, Carlos Siqueira, foi além e já declarou que o PT precisa entender que cumpriu seu papel e precisa apoiar outro nome do chamado campo da esquerda. Não é o que deseja e pensa parte do PT, que vai insistir com a candidatura de Lula até o segundo final.
"O PT faz esse discurso para fora, mas sabemos que internamente tem petista, sim, já avaliando o quadro e pensando em alternativas", disse Delgado.
Na quinta-feira (1), o presidente do diretório estadual do PT do Rio de Janeiro, Washington Quaquá, defendeu abertamente as discussões sobre um “plano B” logo em texto publicado no Facebook intitulado “Permita-me discordar!”. Segundo Quaquá, ao insistir em não apontar uma alternativa a Lula, o PT corre risco de transformar sua “bomba nuclear” em um “artefato inativo eleitoralmente”.
PDT não abre mão da candidatura Ciro
Outro histórico aliado, o PDT, já anunciou não abrir mão de candidatura própria. O partido tem um candidato competitivo, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes, que aparece como um dos principais beneficiados com a ausência de Lula na disputa. Pelos dados do Datafollha desta semana, Ciro disputa com Marina Silva (Rede) o segundo lugar – ambos atrás de Jair Bolsonaro (PSC) – no cenário sem Lula na disputa. Com o petista no páreo, Ciro tem 7%. Sem Lula, varia de 14% a 17%.
O presidente nacional do PDT, Carlos Luppi, declarou seu apoio a Lula nesse momento, mas disse que o partido não abrirá mão de seu candidato. Luppi faz o discurso que o petista precisa ser candidato para se "defender" das acusações, mas ressaltou que o eleitor "pode optar por alguém que não corra o risco de não tomar posse se vencer". Uma referência quase direta ao seu correligionário Ciro Gomes.
Até mesmo o PCdoB, o mais fiel aliado do PT, fala em buscar nome alternativo a Lula. Os comunistas, depois de décadas, lançaram a pré-candidatura da ex-deputada Manuela D'avila, mas não seria ela o nome de consenso a substituir o petista. O PCdoB sempre apoiou as cinco candidaturas de Lula.O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) disse que sem Lula na disputa não há razão de apoiar o PT e diz que toda esquerda está pensando isso.
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Os petistas evitam esse confronto com os velhos aliados. Não os criticam publicamente sobre essa postura. Entendem que é cedo e prematuro os discursos de afastamento do PT.
"Não é hora de radicalizar. Estamos nessa trincheira com Lula. É uma guerra e deveriam estar todos do nosso lado. Afinal, muita gente dessa aí tirou casquinha do PT ao longo de muitas eleições. Não se elegeriam e nem teriam visibilidade se não fosse estar ao nosso lado. Alguns vão além e já falam em ter o espólio de Lula. Devagar com esse andor", diz um deputado petista, que preferiu não ser identificado para não abrir, nas palavras dele, um flanco desnecessário com os aliados.
Metodologia da pesquisa
A pesquisa Datafolha foi realizada nos dias 29 e 30 de janeiro, após, portanto, o julgamento no TRF-4, que ocorreu no dia 24. O Datafolha ouviu 2.826 eleitores em 174 municípios. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou menos. E tem um nível de confiança de 95%, o que significa que, se for repetida 100 vezes, em 95 os resultados vão estar dentro da margem e erro. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BR 05351/2018. O levantamento foi encomendado pelo jornal Folha de S.Paulo.
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