Substituto de Lula na disputa pela Presidência da República, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), escolheu a capital da Lava Jato para lançar seu nome na disputa eleitoral neste ano. Haddad vai assumir a cabeça da chapa petista nesta terça-feira (11), no limite do prazo estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao barrar a candidatura de Lula. Mas o partido escolheu uma cidade pouco amigável para o lançamento de seu candidato.
Segundo a última pesquisa Ibope* realizada no Paraná, Haddad tem 0% das intenções de voto em Curitiba (1% dos votos válidos). No estado, chega a 4% (5% dos votos válidos). Mesmo assim, o lançamento de sua candidatura vai acontecer na capital da Lava Jato, onde Lula está preso desde abril cumprindo a pena de 12 anos e um mês de prisão, na Superintendência da Polícia Federal (PF). O local tem sido ponto de parada constante de Haddad e outros petistas e aliados de Lula, inclusive da militância do PT, que montou um acampamento em frente ao local.
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PT é o partido preferido dos eleitores no Paraná e em Curitiba
O curioso é que, enquanto Haddad não pontua na pesquisa para a disputa presidencial, o PT é o partido preferido dos eleitores no Paraná – e em Curitiba, segundo a mesma pesquisa Ibope. O partido é o preferido por 17% dos paranaenses e por 15% dos curitibanos. Só perde para aqueles que dizem que não têm preferência por nenhuma legenda: 42% no Paraná e 36% em Curitiba. O segundo partido preferido é o PSDB, que tem 6% da preferência tanto no estado quanto no recorte da capital.
Por outro lado, quando olhamos para intenção de voto dos presidenciáveis, em que Haddad tem 0% na capital paranaense, Jair Bolsonaro (PSL) se sai melhor em Curitiba do que em todo o estado. O capitão da reserva tem 23% das intenções de voto no Paraná (31% dos votos válidos). Em Curitiba, esse número fica em 28% (36% dos votos válidos), segundo o Ibope.
Alianças confusas
As coligações formadas na disputa pelo governo do Paraná são uma complexidade a parte, se comparadas com o cenário nacional. No estado da Lava Jato, a coligação do principal candidato ao governo, Ratinho Junior (PSD), tem partidos que no plano nacional apoiam quatro presidenciáveis diferentes: Alvaro Dias (Podemos), Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT).
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Ratinho Junior recebeu o apoio de Jair Bolsonaro e o episódio causou uma saia justa no Paraná. Isso porque o partido do capitão da reserva tem um candidato ao governo do estado: Ogier Buchi (PSL), que migrou para o partido justamente para apoiar Bolsonaro.
Buchi foi desautorizado pelo PSL a concorrer o governo do Paraná, mas mesmo assim conseguiu o registro de sua candidatura no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR) e segue na disputa.
Requião é do partido de Meirelles, apoia Ciro e flerta com PT
Importante figura política no estado, o senador Roberto Requião (MDB) ajuda a complicar o cenário para quem olha de fora. O senador é do partido de Henrique Meirelles (MDB), mas não apoia o presidenciável de seu partido.
Oficialmente, apoia Ciro Gomes (PDT), mas na semana passada almoçou com Fernando Haddad (PT) e não esconde sua proximidade com o partido. Requião também foi um ferrenho defensor de Dilma Rousseff (PT) na época do impeachment e fez parte de uma comitiva do Senado que veio visitar Lula na PF logo após a prisão do ex-presidente.
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Requião escolheu apoiar Ciro por causa da coligação no Paraná. Seu sobrinho, João Arruda (MDB) é candidato ao governo e a coligação é formada por MDB, PDT, SD e PCdoB.
O PT no Paraná está com uma chapa pura para disputar o governo. O candidato é Dr. Rosinha. O PCdoB, que apoia a chapa nacional do PT, está com João Arruda na disputa pelo governo do Paraná. Já o PROS está na chapa da candidata à reeleição, a atual governadora Cida Borghetti (PP). O PROS é o único partido da chapa que apoia um candidato a presidente diferente. As demais legendas estão neutras no plano nacional ou apoiam Geraldo Alckmin.
Metodologia
*Pesquisa realizada pelo Ibope de 1º a 4 de setembro de 2018 com 1204 entrevistados (Paraná). Contratada por: Rede Paranaense de Comunicação. Registro no TRE: PR-04985/2018. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Confiança: 95%. OBS: A pesquisa está sendo impugnada por duas representações eleitorais, ajuizadas por interessados diversos, segundo os quais a pesquisa não atendeu aos requisitos previstos na Resolução n. 23.459/TSE, especialmente quanto à insuficiente estratificação para o nível econômico dos eleitores respondentes.