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| Foto: Felipe Rosa/TRIBUNA DO PARANA

Em entrevista ao vivo à Gazeta do Povo nesta sexta-feira (11) o pré-candidato à presidência da República pelo Podemos, senador Alvaro Dias, afirmou que não pensa em abrir mão da candidatura às eleições este ano. “Existe a morte”, respondeu, ao ser questionado se deixaria de concorrer como cabeça de uma chapa. “A morte é imprevisível, mas politicamente, nenhuma chance, é zero”.

O senador pelo Paraná chamou sua candidatura de missão, e afirmou que não está acostumado a brincar ou a recuar na política. “Sei que é difícil acreditar em um político, e eu sou um deles, mas estou para cumprir uma missão, e certamente será a minha última missão nessa trajetória política”. Segundo o pré-candidato, trata-se de uma missão de sofrimento, mas que ele espera que a luta, se eleito, renda um legado. E pediu a união do estado, do qual foi governador, para a construção de sua candidatura.

ASSISTA à entrevista com Alvaro Dias

“Tenho esse dever, principalmente com o Paraná. É meu sonho ver o Paraná sustentando essa candidatura, deixando desencontros havidos, passado, contradições naturais, discórdias, na política isso é normal. Gostaria muito que o Paraná marchasse nessa campanha”, afirmou.

Para Alvaro, o estado tem sido preterido nos últimos anos pelo governo federal, e sua eventual eleição seria uma chance de reverter esse quadro. Mesmo sem intenções de voto expressivas registradas pelas pesquisas recentes – o senador aparece com 3% na pesquisa Datafolha divulgada em abril –, ele acredita que uma equação que envolva seu baixo índice de rejeição com as intenções de voto fazem da sua candidatura algo viável. “Por isso, se houver uma unidade paranaense, teremos impulso para chegar ao segundo turno e ganhar as eleições”.

Primeiros passos

Reduzir o tamanho da estrutura pública, reduzindo o número de ministérios a 15 – hoje são 23, mais duas secretarias e outros quatro órgãos – e trabalhar pela reforma da previdência são duas das metas que Alvaro informa, se eleito, pretende atacar como prioridade. Segundo o pré-candidato, 40% do que se produz no Brasil são consumidos apenas pela folha de pessoal do governo e pela previdência social.

“As prioridades são a reforma da previdência e tributária, que é fundamental como força motora do empreendedorismo, na busca da elevação da produtividade, já que estamos atrasados em mais de 20 anos em matéria de produtividade”, comentou.

Para o senador, antes de dar início à reforma da previdência, é preciso tomar algumas providências preliminares, como a cobrança das grandes empresas em dívida com o setor público. Ele calcula que, somada, a dívida das maiores empresas do país, incluindo algumas já falidas, ultrapassa os R$ 400 bilhões. “São empresas grandes, que se consolidaram com dinheiro público. É preciso cobrar essa inadimplência. A cobrança só não vai resolver. É uma questão de fluxo, temos que olhar para a frente. Mesmo que não tivéssemos déficit da previdência, teríamos que promover uma reforma pensando no futuro, sob o risco de não termos dinheiro para pagar a aposentadoria àqueles que trabalharam e contribuíram”.

Alvaro questionou, porém, a reforma proposta pelo atual governo, e diz que teria dificuldade em votar por sua aprovação, já que ele entende que ela não foi discutida da maneira adequada. E ainda que veja pontos positivos no texto proposto, avaliou que, do modo como foi apresentada, gera mais conflitos do que os elimina. “Não podemos ignorar direitos adquiridos, podemos discutir até se alguns foram mal adquiridos, mas não podemos ignorá-los”.

Privatizações

O pré-candidato disse ser preciso estabelecer um programa de privatizações. Ao contabilizar 46 empresas estatais federais, apontou que o governo do PT foi responsável pela criação de 30% delas, “muitas como cabides de emprego”, apontou. “Temos que ter um programa de privatização, mas temos que valorizar essas empresas”.

Citou Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal como preciosas para o processo de desenvolvimento do país, e chegou a sugerir uma possibilidade de fusão entre as duas instituições, mas que não está certo sobre sua possibilidade e efetividade, e que seria algo a ser avaliado em uma eventual gestão sua. “Também o BNDES, que tem de ser recolocado em seu caminho de estímulo ao desenvolvimento econômico do país, vinculado à geração de emprego”.

Sobre a Petrobras, disse ser contrário a que o país abra mão de seu controle. Para ele, se aberta para um processo de privatização, a estatal brasileira passaria para as mãos de uma estatal chinesa ou norueguesa, e que é preciso valorizar a empresa que “foi assaltada” nos últimos anos.

“Podemos estabelecer competição no setor privado no entorno da Petrobras, em rede de distribuição, de exploração de petróleo. Isso é possível privatizar. Agora, o controle da empresa tem que ficar nas mãos do estado brasileiro. Não privatizaria a Petrobras. É fundamental para o futuro do Brasil, porque pode colocar dinheiro no caixa do estado para atender setores como a saúde, a educação, a segurança pública, o que estava previsto na legislação em razão da discussão do pré-sal”.

População armada?

“Creio que o porte de armas não significa solução para a segurança pública no país, mas é um direito que o cidadão tem”, comentou ao ser questionado sobre suas posições na área da segurança pública. Atualmente, a posse de armas é permitida apenas a quem comprova a necessidade da arma, com justificativa avaliada pela Polícia Federal, e que comprove, por documentos, estar formalmente empregado, ter residência fixa, não ter antecedentes criminais nem ter questionamentos judiciais em curso.

Embora entenda que o cidadão deve ter o poder de escolha, desde que isso seja acompanhado de normas rigorosas e consequências diante de eventuais abusos, reconhece, por exemplo, que ao pobre não haverá esse ‘direito’, já que ele não terá condições de comprar uma. “[O pobre] às vezes não pode comprar nem arroz e feijão”, destacou.

Alvaro classificou a intervenção federal no Rio de Janeiro, com a presença de forças militares como uma atitude esporádica e “oportunista” do presidente Michel Temer (MDB), “que evitou a votação do foro privilegiado, que estava na marca do pênalti para acontecer”.

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