Rosangela Lyra, 52, achou de bom tom esclarecer. “Indo para a Ásia. Por isso nosso encontro com o deputado [Jair] Bolsonaro foi adiado”, digitou a empresária e socialite em seu iPhone 7, após enviar duas fotos do pré-candidato à Presidência posando para selfies num voo rumo ao Japão, onde falaria com executivos locais. “Um amigo em comum” mandou as imagens, ela explica à reportagem.
Bolsonaro será um dos presidenciáveis a falar a uma turma de “influenciadores” mais acostumada a interagir virtualmente – Geraldo Alckmin, Marina Silva, João Amoêdo, Alvaro Dias e Flavio Rocha (dono da Riachuelo), todos transitando do centro à direita, também estão confirmados.
São cerca de mil participantes divididos em quatro grupos de WhatsApp administrados por Rosangela: dois dedicados ao “Política Viva”, movimento que criou em 2014, e os mais recentes “Eleições 2018” e “Eleições 2018 A”. Ela não quis batizar um de “A” e outro de “B” porque, diz, “série B ninguém quer ser, né?”.
Lá estão Eduardo Mufarej, empresário por trás do RenovaBR (movimento que conta com o apoio de Luciano Huck), Richard Back, analista político da XP Investimentos, Sérgio Avelleda, secretário de Transporte de João Doria, e Daniel Braga, que cuida das redes sociais do prefeito.
“Não é o ‘grupo dos amigos da Rosangela’. São pessoas que querem influenciar de forma correta o entorno”, afirma ela, presidente da Associação de Lojistas dos Jardins, ex-diretora da Dior no Brasil e ex-sogra do jogador Kaká.
Rosangela é responsável por manter a “ordem” no WhatsApp. Já expulsou aqueles que infringiram regras como “antes de postar algo aqui, me mande no direto [mensagem privada] para verificar autenticidade e pertinência”.
O expurgo atingiu um senhor que postou pornô (“pai de uma amiga”) e Carla Zambelli, líder do movimento Nas Ruas – que diz ter sido removida por divulgar manifestação pró-condenação do Lula.
Uma das normas da dona do grupo: “Não é o momento de discutir ponto de vista dos participantes. Quando acontece, gera muita polêmica”.
Há seis meses, Rosangela deletou seu Instagram. Facebook, nunca teve. Seu negócio é o WhatsApp: administra 18 grupos no aplicativo, de nomes como Longevidade, Rota da Luz (com orações) e Mulher Maravilha (“cem mulheres falando bobagem”). Mas o foco, agora, está nos de política.
Rosangela acha cedo demais para apontar um nome que mereça seu voto hoje, diz numa sala com chocolates Elit Dreams in Pieces, no escritório da associação que representa, entre outros, lojistas da rua Oscar Freire. Como não dá para saber “quem é o Hamilton” do pleito, ela programa os encontros com os pré-candidatos, que acontecerão na sede da empresa de odontologia do marido, na avenida Brasil, região nobre de São Paulo.
Foi no mesmo auditório que, em 2015, a empresária arrancou do convidado Michel Temer uma pioneira demonstração pública de desavença com Dilma, de quem era vice. “Vou dizer a você, com 7%, 8% de popularidade, fica difícil passar três anos e meio.”
As preferências nos grupos de WhatsApp não são uniformes. Bolsonaro é “ame ou odeie”. A maioria opta por nomes ao centro, como Alckmin, Henrique Meirelles e Rodrigo Maia. “O mais à esquerda que vai é a Rede da Marina. Não chega ao ‘extremismo Jean Wyllys’ [deputado do PSOL].”
Rosangela diz que prefere uma visão mais centrista. “Tento olhar pelo Brasil sem cair nos preconceitos de direita e esquerda. É o lado humano, né? Como cristã praticante, tenho que viver o que prego.”
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