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Lula comunga na missa: Lula diz que juízes do TRF-4 decidiram com “ódio”. | Nelson Almeida/AFP
Lula comunga na missa: Lula diz que juízes do TRF-4 decidiram com “ódio”.| Foto: Nelson Almeida/AFP

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, na noite deste sábado (3), que na Justiça “há muito mau caráter, gente de má-fé”. A declaração de Lula foi dada durante missa para lembrar o primeiro ano da morte da de sua mulher, a ex-primeira-dama Marisa Letícia. Marisa morreu há um ano, aos 66 anos, após sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral).

Ao falar de sua condenação pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), Lula afirmou que alguns juízes atuam como “dirigentes partidários”. “Vou recorrer com a mesma tranquilidade que sempre tive apostando na Justiça. Mas com a coragem de dizer que dentro da Justiça tem gente muito boa. Mas tem muita gente mau caráter, de má fé. E essas pessoas não merecem ser juízes”, atacou, sem citar nomes.

Lula : Marisa acompanha tudo do céu

Dizendo-se vítima de injustiça e perseguição, Lula chorou copiosamente ao falar de Marisa Letícia, que, segundo ele, “não foi uma mulher que teve um momento de facilidade em sua vida dura”. O ex-presidente afirmou ter certeza que, do céu, ela acompanha o que está acontecendo e dizendo: “Não pare. Não se desespere”.

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O petista reafirmou que não respeita sua condenação e disse que os desembargadores do TRF-4 votaram com ódio contra ele. “Se votaram com ódio, votaram contra um homem que tem muita paz. E vou matá-los de ódio justamente por não ter ódio”, disse Lula, acrescentando: “Vou vencer. É uma questão de tempo.”

Hoje aos 72 anos, Lula afirmou que a vantagem para quem fica velho é a perda do medo. “Nada para uma pessoa de 70 anos pode causar medo.”

Lula disse também que seus advogados sabem de sua vontade de desabafar, mas o detêm. “Essa perseguição que está acontecendo a mim, ao PT, aos movimentos sociais e à esquerda é a razão pela qual luto”, afirmou.

Padre diz que Brasil vive “golpe parlamentarista”

Dirigentes partidários, parentes e amigos assistiram à missa, celebrada na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo.

Durante a celebração, o padre da missa, dom Angélico Sândalo Bernardino afirmou que o Brasil vive “sob um golpe parlamentarista” e desejou saúde a Lula, “porque os tempos são terríveis”.

A cerimônia durou pouco mais de uma hora. Além de petistas, os ex-ministros Aldo Rebelo (PSB) e Orlando Silva (PCdoB) assistiram à homilia.  O ex-ministro Fernando Haddad leu um trecho bíblico. Ao falar de Marisa Letícia, Lula afirmou que possivelmente ela está em um mundo melhor que estaria aqui, sofrendo perseguição. 

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Marisa também foi lembrada na inauguração de viaduto

O diretório do PT em São Paulo promoveu na manhã do sábado (3) um ato popular para inaugurar o viaduto Dona Marisa Letícia, que liga a Estrada do M’Boi Mirim à avenida Luiz Gushiken, na zona sul de São Paulo. Há inauguração oficial no início de janeiro havia sido cancelada pelo prefeito João Doria (PSDB).

No carro de som, discursaram vereadores, deputados estaduais e lideranças do PT, como Luiz Marinho, Rui Falcão, Eduardo Suplicy e os ex-ministros Alexandre Padilha e Eleonora Menicucci.

A ex-ministra das mulheres na gestão Dilma relembrou a história da mulher de Lula e soltou o grito “Marisa, presente!”, entoado pelos militantes, ativistas sociais e políticos no local. Também houve falas de apoio à candidatura de Lula à Presidência e contra a decisão do judiciário de confirmar a condenação do ex-presidente no caso do tríplex em Guarujá.

O vereador Suplicy também falou do companheirismo de Marisa e do apoio dado por ela aos metalúrgicos presos durante as greves em São Bernardo, no ABC. Já o presidente estadual do PT, Luiz Marinho afirmou que foi a ex-primeira dama que costurou a primeira bandeira do partido.

Militantes e moradores de bairros da região se concentraram num canteiro ao lado da obra. Segundo a organização do evento, cerca de 500 pessoas participaram do ato.

“Marisa foi assassinada”

O ex-ministro Alexandre Padilha fez um discurso duro e afirmou “a dona Marisa Letícia não morreu: ela foi assassinada pela intolerância que toma conta desse país”.

Padilha atribuiu à piora do quadro clínico da ex-primeira dama ao que chamou de “perseguição” a Lula e aos filhos do casal e declarou “deixem em paz essa família”. O ex-ministro da saúde também criticou a postura dos médicos de Marisa, que divulgaram informações sigilosas sobre a paciente na época.

Críticas a João Doria

O prefeito João Doria foi criticado de forma unânime pelos presentes por ter se recusado a inaugurar a obra. “Se fosse um prefeito democrático e não um agente do ódio instalado nesse país, ele viria aqui pessoalmente para a inauguração. Deixo aqui meu repúdio e protesto contra a postura arrogante, preconceituosa e, acima de tudo, odiosa”, afirmou o presidente estadual do PT, Luiz Marinho.

O projeto que deu o nome de Marisa à obra foi sancionado pelo prefeito interino Milton Leite (DEM) na última semana do ano, quando Doria e o vice-prefeito Bruno Covas estavam em viagem. Vereadores presentes no ato falaram que além da mulher de Lula, Ruth Cardoso, mulher do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, também foi homenageada pelo legislativo.

De autoria do vereador Reis (PT), o projeto inicialmente previa a adoção do nome para o prolongamento da Avenida Chucri Zaindan até a rua Laguna, mas não houve acordo com as bancadas de outros partidos. O local foi nomeado de Cecília Lottenberg.

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