A frase mais polêmica do famoso diálogo entre Michel Temer e o empresário Joesley Batista, que quase custou o cargo do presidente, será usada em nova propaganda do governo federal, paga com dinheiro público. A informação foi publicada nesta quinta-feira (26) pelo jornal Valor Econômico.
Entendida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como um aval de Temer para que o dono da JBS comprasse o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a expressão “tem que manter isso, viu?” será usada pela equipe de comunicação do governo para enfatizar números positivos da economia brasileira.
Gravada por Joesley no Palácio do Jaburu, a conversa veio a público em maio de 2017. Junto com outros indícios, levou a PGR a fazer duas denúncias criminais contra Temer, ambas rechaçadas pelo Congresso. E ajudou Joesley Batista a fechar uma delação “superpremiada”, que mais tarde acabaria anulada porque outros áudios revelaram que o empresário omitiu informações em sua colaboração.
O Valor citou alguns exemplos de como a frase de Temer será usada na propaganda oficial:
- “A inflação está em 2,8%, tem que manter isso, viu?”
- “Os juros caíram para 6,5% ao ano, tem que manter isso, viu?”
- “Os empregos estão voltando, tem que manter isso, viu?”
Segundo o jornal, o mote da campanha será “os dois anos que salvaram o Brasil”. A publicidade tem de ser veiculada até o fim de julho, porque a lei eleitoral proíbe a veiculação de publicidade relativa a ações do governo nos três meses anteriores às eleições.
Michel Temer aparece com no máximo 2% de intenções de voto na última pesquisa Datafolha*, publicada em 15 de abril, mas ainda parece alimentar o sonho de se reeleger.
Conforme a reportagem, as três agências que atendem o Planalto – NBS/PPR, Calia/Y2 e Artplan – foram mobilizadas para a campanha, que deve exigir dezenas de milhões do orçamento da Secretaria de Comunicação.
Metodologia da pesquisa
A pesquisa eleitoral do Instituto Datafolha foi feita entre os dias 11 e 13 de abril. Foram entrevistados 4.194 brasileiros com 16 anos ou mais em 227 municípios brasileiros. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BR-08510/2018 e foi encomendada pelo jornal Folha de S.Paulo.
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