Está madura no Palácio do Planalto a ação para tentar aprovar ainda este ano a reforma da Previdência. Vai depender, nas palavras do ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, da vontade do presidente eleito no próximo domingo (28).
Segundo o ministro, o presidente Michel Temer já conversou com os militares e está acordado que a intervenção federal do Exército no Rio de Janeiro será suspensa para possibilitar a votação do texto da Previdência, se assim desejar Jair Bolsonaro (PSL) ou Fernando Haddad (PT). A Constituição veda mudanças no texto constitucional – caso de uma reforma previdenciária – durante vigência de intervenção federal.
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"Gostaríamos de ver essa reforma aprovada. É imprescindível para o país. Com uma sinalização positiva do eleito, a chance de o texto passar será reforçada. Não adianta esperar sinais. É preciso que quem for eleito expresse com clareza seu pensamento. Sem apoio do novo presidente, uma questão com a envergadura de uma reforma da Previdência, não se aprova. Nem desejaríamos isso. Será preciso a manifestação do eleito para se avançar", disse Marun, que integrará a equipe de transição pelo lado do governo.
A PEC da reforma da Previdência hoje está parada na Câmara dos Deputados. "Estamos dispostos inclusive a suspender a intervenção, apesar do êxito que está tendo. O presidente Temer já deu esse aviso aos militares".
Projetos na fila para aprovação
O presidente quer aprovar alguns projetos no Congresso Nacional antes de passar a faixa para seu sucessor. Uma reunião de cinco ministros na terça-feira (23) no Planalto, inclusive da área econômica, definiram as propostas prioritárias que vão tramitar nas duas Casas.
No Senado: o Marco das Telecomunicações, a cessão onerosa do pré-sal e o distrato na compra de imóveis. Na Câmara: ampliação do capital estrangeiro sobre empresa aérea, a Lei de Licitações, o Cadastro Positivo e plano de recuperação de empresas estatais. A primeira ação do governo logo após o resultado da eleição é tocar as medidas provisórias do Programa Automotivo Rota 2030 e a do Marco do Saneamento.
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"Dá para fazer muita coisa boa ainda. E se tivermos o apoio do presidente eleito, melhor ainda. Vai facilitar nosso trabalho. Não dá para tapar o sol com a peneira. Se o eleito tiver interesse, pode até facilitar nosso trabalho. Todos são importantes. Não é que sejam imprescindíveis para o governo, mas para o país".
O ministro faz uma defesa enfática da gestão Temer e, mesmo sendo eleitor declarado de Jair Bolsonaro, afirmou que a população logo sentirá saudades do atual governo. "Em breve tempo, todos teremos saudades do governo Temer. É impopular em função de uma lavagem cerebral que se impôs à população brasileira".
Quase candidato
Para ele, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, do MDB, não defendeu o governo na sua campanha para presidente da República. Marun disse que Meirelles candidatou-se "apenas para valorizar sua biografia". O ministro contou ainda que foi avaliada hipótese de ser ele o candidato, e que a eleição, dado seu acirramento, estava a seu feitio. Mas Temer o preferiu no Planalto, disse.
"Era uma eleição para fortes. Tinha uma série de bons candidatos, como o Alckmin, o Amoêdo, a Marina, o próprio Meirelles. Mais são mais amenos, e foram engolidos. Não os estou chamando de fracos. Mas essa era uma disputa para um candidato sem receio de contendas".
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Marun diz ter muitas afinidades com Bolsonaro e cita propostas em comum como a defesa da redução da maioridade penal, de facilitar o porte de arma e contra a "libertinagem" nas TVs. Mas o ministro critica sua ideia de política externa, em especial a aproximação com Israel. Marun é um sobrenome árabe.
"Tenho divergência sobre essa devoção dele a Israel. Não é compatível com quem vai ser presidente. No Brasil, árabes e judeus convivem há muito tempo em harmonia. E não tem razão de importar essa guerra para cá. É um erro absurdo".
Do lado certo (ou errado) da história
Carlos Marun é um deputado de primeiro mandato, eleito pelo MDB do Mato Grosso do Sul. Não tentou a reeleição. Assumiu funções nesse período que o desgastaram, como a defesa implacável do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, foi um dos líderes do movimento que afastou a ex-presidente Dilma Rousseff e também esteve na linha de frente da defesa do presidente Temer nas duas denúncias da Procuradoria-Geral da República, que acusou o presidente por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução de justiça. "Faria tudo de novo. A mesma defesa de Cunha com os mesmos argumentos".