| Foto: LULA MARQUES/Agência PT

Sem conseguir sair de uma aprovação de apenas 6%, o presidente Michel Temer começou a montar uma estrutura de campanha à reeleição para evitar um esvaziamento de seu mandato e tentar se viabilizar como fiador do processo eleitoral.

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Por orientação do presidente nacional do MDB, Romero Jucá (RR), ele dará início a uma agenda de viagens pelo país a partir de maio e começou a escolher nomes para integrar uma eventual equipe de campanha. Os primeiros escolhidos foram o ex-ministro João Henrique Sousa, presidente do conselho nacional do Sesi (Serviço Social da Indústria), e o publicitário Elsinho Mouco.

O primeiro foi escalado para ser o coordenador geral e o segundo é o favorito para cuidar do marketing de uma eventual candidatura à reeleição. Só em abril, Temer recebeu Sousa quatro vezes em agendas oficiais durante horário de expediente. Procurado pela reportagem, o Palácio do Planalto afirmou que não há conflito de interesse. “Não se trata de assuntos de campanha eleitoral neste momento. Os temas são relativos à economia e política industrial brasileira”, disse.

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Foi Sousa, no entanto, um dos idealizadores de reunião feita na noite desta terça-feira (24), no Palácio do Alvorada, para discutir o cenário eleitoral com presidentes estaduais do MDB. Para o encontro com Temer, foram convidados os dirigentes do partido de noves estados, incluindo o senador Renan Calheiros (AL). Ele, que tem feito críticas duras ao governo federal, não compareceu.

No jantar, o presidente apresentou aos dirigentes estaduais os investimentos feitos pelo governo federal em cada uma das unidades federativas, numa tentativa de municiá-los com dados e gráficos para defender o MDB.

De acordo com relatos feitos pelos participantes à reportagem, foi tratada a possibilidade de o governo apoiar uma candidatura de outro partido na disputa ao Palácio do Planalto, apesar de avaliar que o ideal seria lançar um nome da sigla. Em discurso, o presidente destacou que o candidato terá de apoiar as realizações dele e estabeleceu junho como prazo para a definição.

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Ao fim da reunião, Marun fez críticas à ausência de Renan, sem mencionar diretamente o nome do senador. “Falta em uma reunião como esta, mas não falta a inaugurações, não falta a solenidades de assinatura de contratos, de convênios. Essa hipocrisia é que muitas horas até entristece a gente, que faz politica com verdade sem hipocrisia e com seriedade”, disse o ministro.

De acordo com ele, Temer chegou a mencionar no encontro a delação do empresário Joesley Batista, que gravou uma conversa no Palácio do Jaburu durante a qual o presidente disse “tem que manter isso, viu?”. 

O diálogo foi usado pelo Ministério Público para embasar denúncias contra Temer por organização criminosa, corrupção e obstrução da Justiça. Para Marun, esse assunto “incomoda muito” o presidente.  “Quem ouve o áudio verifica que a versão divulgada e propagada por grande parte da imprensa naquele momento era mentirosa”, critica.

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Além do encontro desta terça, Temer organizará mais dois, no Palácio do Alvorada, para discutir a candidatura do MDB com dirigentes estaduais da sigla.

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A estratégia do partido é lançar neste momento dois nomes: Michel Temer e Henrique Meirelles. Se nenhum deles chegar a pelo menos 10% até junho, o partido apoiará alguma candidatura de centro, como de Geraldo Alckmin (PSDB) ou de Flávio Rocha (PRB).

Segundo relatos de interlocutores, Temer sabe que dificilmente conseguirá crescer nas pesquisas eleitorais e se cacifar como candidato à reeleição. Mesmo assim, ele insistirá na pretensão de disputar a reeleição até o limite, fazendo viagens e escalando equipe.

O objetivo é evitar que, a partir de maio, as forças políticas e econômicas retirem apoios ao governo federal e comecem um processo de abandono de seu mandato, inviabilizando a implementação de iniciativas e a aprovação de medidas.

Pelo apoio do MDB, a principal condição que deverá ser imposta por Temer é que a candidatura defenda as suas realizações, como o teto de gastos e a reforma trabalhista.