Apesar de se sair relativamente bem nas pesquisas de intenção de voto, a ex-senadora Marina Silva evita confirmar se será candidata à Presidência da República em 2018 pela Rede Sustentabilidade. Em entrevista recente à BBC Brasil, ela disse que está avaliando “a melhor forma de contribuir” com o país, e que a decisão deve ser tomada “logo”. Se decidir concorrer, uma coisa é certa: Marina vai precisar ajustar o discurso político se quiser ter chances de vitória nas eleições do ano que vem.
Para o cientista político da PUC-PR, Mário Sergio Lepre, depois de ter se colocado como terceira via nas eleições de 2010 e 2014, esse discurso da ex-ministra fica um pouco esvaziado no atual cenário eleitoral porque não haverá no ano que vem a mesma polarização entre PT e PSDB enfrentada por Marina nas últimas eleições.
“A polarização é outra. A sociedade caminhou para a direita, o eleitorado teve uma inflexão no sentido da centro-direita. A eleição de 2018 é uma incógnita e o discurso da Marina esvazia bastante”, explica.
O cientista político Márcio Coimbra concorda. “Houve uma mudança em relação ao eleitorado. A gente tinha um quadro em 2014 e vai ter um quadro completamente diferente em 2018”, diz.
Para Lepre, Marina vai ter uma dificuldade grande de não ser associada a uma candidatura de esquerda, por causa da direção que seu partido tem tomado para esse campo ideológico. “A Rede é hoje um partido de esquerda e isso é ruim para ela, ela perde eleitores que visualizavam nela uma mudança”, explica o cientista político. “O problema maior dela é que o partido é uma âncora”, completa.
Para Coimbra, a situação de Marina é ainda mais delicada porque, além de ter a pecha de candidata de esquerda, a ex-ministra nem sequer tem os mesmos valores desse espectro político. “O eleitor de esquerda defende as liberdades individuais e a diversidade. A Marina é evangélica, criacionista, por mais que ela se venda como moderna, tem um lado muito conservador, muito mais radical do que o eleitorado de esquerda”, explica.
Imagem internacional
Nesta sexta-feira (20), Marina encerrou uma viagem pela Europa, onde participou de eventos políticos e sobre questões ambientais e de inovação no Reino Unido e na Holanda. Segundo Lepre, eventos como esse no exterior servem para aproximar os pré-candidatos do mercado.
Coimbra ressalta, no entanto, que não se deve confundir a imagem de Marina no exterior com a imagem política da ex-ministra no Brasil. “Ela na esfera internacional tem muito retorno, ela é bem vista, mas dentro da política brasileira não”, opina.
Segundo o cientista político, Marina perdeu o timing para vencer as eleições à Presidência da República. “Ela claramente, nas duas campanhas que participou, mostrou que não sabe fazer política”, diz.
Mariana tem tentado se afastar do discurso polarizado entre direita e esquerda. “O problema é que o Brasil está tão acostumado com a polarização que, quando tem um posicionamento que não está sob o guarda-chuva vermelho ou o azul, as pessoas preferem dizer que não é um posicionamento”, disse, em entrevista recente à BBC Brasil.
Na mesma entrevista, é perceptível em diversos momentos que a pré-candidata tenta passar a imagem de política “não tradicional”. “Aqueles que nunca se juntaram para defender saúde, educação, segurança pública, infraestrutura, agora estão unidos para evitar a punição dos crimes que cometeram”, disse, em uma crítica à votação que livrou o senador Aécio Neves (PSDB) do afastamento determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
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