Os tiros disparados contra dois ônibus da caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva repercutiram imediatamente no Congresso Nacional e nas redes sociais de parlamentares. Na sua conta de twitter, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) declarou ser preciso “pôr um freio nos fascistas” e que as pessoas que estão fazendo esses ataques à comitiva do ex-presidente na Região Sul “querem um cadáver”. No plenário da Câmara, mesmo esvaziado, ocorreram alguns discursos. A ex-presidente Dilma Rousseff também ficou indignada e divulgou nota.
"A extrema direita brasileira não está partindo para a desobediência civil pacífica ou a rebeldia cidadã, mas para o enfrentamento direto e sem quartel em duas frentes: organizar o que acumularam para produzir um grande movimento de massas de ressentimento (não creio que obterão êxito, mas haverá a tentativa) e investir mais pesado na organização de milícias paramilitares especializadas em atos de violência política. O momento é muito grave. Eles querem um cadáver!", disse o senador petistas nas suas redes.
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No plenário do Senado, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) afirmou que “haverá mortes” se a violência contra políticos continuar “por uma pedrada, que às vezes mata; por um tiro, que ninguém vai saber de onde vem, mas com a clareza de ato político”.
“No primeiro dia, foi ovo; no segundo dia, foi pedra; no terceiro dia, foi barra de ferro; e agora, arma de fogo. Tiro contra o ônibus do Presidente Lula. E por que muitas vezes as pessoas se sentem livres, se sentem à vontade para praticar esses atos de violência? Porque elas são incentivadas para fazer isso”, criticou a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).
Em nota, a ex-presidente Dilma Rousseff tratou os tiros como um atentado contra Lula – embora o petista não estivesse nos ônibus atingidos – e que se tratou de uma tentativa de intimidar o ex-presidente e sua comitiva. "Não estamos mais nos anos 50 do século passado, ou na ditadura militar, quando a eliminação física de adversários políticos era uma constante no Brasil e na América Latina. Essa prática não pode ser tolerada.Tais ataques não vão intimidar democratas e militantes políticos", afirmou.
“Tiros são inaceitáveis”, diz Jungmann
Lindbergh afirmou que a extrema direita resolveu apostar no caos e promover uma convulsão política no Brasil. O senador também disse que cabe a órgãos do governo federal garantir a segurança de ex-presidentes da República.
No momento que chegaram as informações sobre os tiros disparados, um grupo de deputados da esquerda estava reunido com o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, e relataram o caso. Jungmann, na mesma hora, ligou para a Polícia Rodoviária Federal e disse que faria contato com o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB). E, segundo relato de alguns desses parlamentares à Gazeta do Povo, o ministro repetiu: "Isso não pode acontecer! Não pode acontecer!".
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Mais tarde, Jungmann se manifestou: “É absolutamente inaceitável que aconteça, parta de quem partir. Isso não é convivência democrática. Isso não pode acontecer, e se acontecer é preciso identificar os responsáveis porque não pode se repetir dentro do regime democrático”, disse o ministro. “Não podemos admitir confrontos e é preciso ter respeito.”
Perplexidade na Câmara
No plenário, o deputado Miro Teixeira (Rede-RJ) fez o anúncio do fato num dos microfones e se dirigiu ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que comandava a sessão no momento. "Presidente, venho aqui para dizer que o ônibus do presidente Lula foi atingido por tiros no Paraná. Alerto que, com esse clima acirrado, podemos ter um clima muito ruim no país", disse.
O deputado Leo de Brito (PT-AC) fez um discurso condenando o ataque. "O que ocorreu no Paraná, as fotos mostram, foi uma tentativa de matar o presidente Lula! É inaceitável!"
O líder interino do PT na Câmara, Wadih Damous (RJ) pediu ajuda do governo federal na segurança da caravana. “Eu expressei que temia pela vida do ex-presidente Lula”, afirmou. Damous disse que o governo federal seria responsável se algo acontecesse ao petista.