O último debate do primeiro turno entre os presidenciáveis na noite desta quinta-feira (4), realizado pela TV Globo, é encarado pela campanha petista como uma oportunidade, talvez a última, de mostrar em cadeia nacional um Fernando Haddad mais parecido no formato, no discurso e no jeito com o ex-presidente Lula.
Depois de ser surpreendido negativamente pelas pesquisas de intenção de voto dessa semana, a intenção do PT é deixar para o público de casa a imagem de um candidato alinhado com a retórica lulista. "Nosso lema é que vamos voltar a fazer o país feliz. É no que estamos tentando focar. Por isso a importância de assemelhar o Haddad ao Lula, pro pessoal de casa", justificou um dos nomes de relevância da sigla que conversaram entre quarta (3) e quinta com a Gazeta do Povo.
A reportagem falou com seis pessoas, todas da alta cúpula petista e envolvidas diretamente nas últimas decisões dessa reta final do primeiro turno, incluindo detalhes que vão desde o que Haddad deve dizer nos próximos discursos, à roupa que ficará melhor no debate desta noite.
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Haddad, que substituiu Lula na cabeça da chapa petista em 11 de setembro, teve um crescimento mais rápido do que o próprio PT esperava nas pesquisas de intenção de voto, passando dos 20% na semana passada. Estagnou, contudo, no início dessa semana e acendeu o sinal de alerta na campanha. Seu principal adversário, Jair Bolsonaro (PSL), passava dos 30%. O segundo turno, até dias antes considerado certo, começava a correr risco. Uma correria de reuniões, e diversas linhas de atuação foram montadas.
Entre as indicações que Lula tem dado de dentro da cela em que está preso, na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, uma é adotar um tom de ataque a Jair Bolsonaro. O adversário do PSL não estará presente esta noite na TV Globo, por recomendação médica. Mas seu nome será mencionado por Haddad, e será lembrado pelo petista indiretamente sempre que possível, ao falar de segurança, de democracia, de autoritarismo.
"Foram algumas das orientações de Lula e das conclusões a que chegamos nas reuniões dos últimos dias. A população precisa ser esclarecida sobre quem realmente é Bolsonaro. E isso fortalecerá o Haddad, porque os demais candidatos emendam esses discursos", explicou outra fonte.
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O tom de voz, avaliam, também é relevante. Fernando Haddad, sempre se ironizou dentro do PT, "é educado demais", zombou um candidato ao Senado. "É interessante que ele fale mais pro povão. Muita gente vê o debate da Globo. É o mais popular, o que tem maior audiência. Quanto mais ele se aproximar da figura do Lula, melhor", completou.
O debate é relevante ainda por ser a última aparição em rede nacional de televisão antes do primeiro turno. Nesta quinta, por volta das 20h, vai ao ar o último horário eleitoral antes de 7 de outubro, conforme as regras da Justiça Eleitoral. Os candidatos podem fazer campanha na rua ainda até sábado (6). Os eleitores vão às urnas domingo (7).
A expectativa no QG petista é que Haddad, assim como ocorreu no debate da Record, seja alvo de ataques dos demais adversários, que seguem na tentativa de desidratar também sua candidatura. "É natural que os primeiros colocados sejam alvos", disse mais um líder petista.
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Para responder às perguntas, Fernando Haddad passou esta quinta-feira se preparando com uma equipe. Durante algumas horas, foram simuladas possíveis questionamentos sobre diversos temas, às quais o candidato respondia, como se estivesse de fato no debate.
A questão da roupa seguia uma incógnita até o início da tarde. A gravata vermelha com detalhes em branco escolhida no debate da Record não fez muito sucesso. "Não deu sorte. Sou a favor de trocar", brincou uma das mulheres que integra a cúpula da campanha.
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