| Foto: Divulgação/Eletrobras

A Eletrobras planeja investir R$ 12 bilhões na usina nuclear de Angra 3, entre 2019 e 2023. As obras do empreendimento estão paralisadas desde 2015, com cerca de 60% de sua execução. Sua retomada, porém, tem sido questionada por especialistas do setor elétrico, que enxergam um impacto negativo ao consumidor de energia.

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Os recursos reservados ao empreendimento pela Eletrobras representam quase metade de todo o investimento da estatal previsto para próximo quinquênio, de acordo com o Plano Diretor de Negócios e Gestão da companhia.

Nos próximos cinco anos, a empresa elétrica planeja investir um total de R$ 30,2 bilhões – desse montante, cerca de R$ 16,98 bilhões iriam para projetos de geração de energia da estatal, que incluem os R$ 12 bilhões de Angra 3. Outros R$ 9,6 bilhões iriam para empreendimentos de transmissão da empresa. 

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As obras de Angra 3 foram alvo da Operação Lava Jato, e suspeitas de irregularidades em seus contratos levaram até à prisão do presidente da Eletronuclear.

Para viabilizar a retomada da construção, o atual governo decidiu dobrar a tarifa da energia que será vendida pela usina aos consumidores para R$ 480 por MWh (megawatt-hora).  A intenção é atrair um parceiro privado, provavelmente internacional, que colocaria recursos na finalização das obras, que ocorreriam até 2026. 

Em seu plano de investimentos, a Eletrobras não especificou qual seria o emprego exato dos R$ 12 bilhões que seriam aportados pela própria estatal.  A equipe do novo governo de Jair Bolsonaro (PSL) também já manifestou a intenção de concluir a usina.

O futuro ministro de Minas e Energia, almirante Bento Costa Lima de Albuquerque Junior, tem relação próxima com o setor nuclear e já tocou projetos nessa área dentro da Marinha. Recentemente ele disse que o término da obra é uma prioridade de sua gestão, mas afirmou que seriam necessários pelo menos R$ 15 bilhões para isso – R$ 3 bilhões a mais que o estimado pela Eletrobras.

A retomada das obras, porém, passou a ser alvo de questionamentos dentro do setor elétrico após a decisão de elevar a tarifa da usina para R$ 480 por MWh. A medida tornou o empreendimento oneroso ao consumidor, dizem analistas.

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Abandono da obra e troca por energia solar sairia mais barata, diz estudo

Um estudo da consultoria PSR e do Instituto Escolhas calcula que não prosseguir com Angra 3 e substituir a produção de energia nuclear por solar representaria uma economia de R$ 12,5 bilhões ao longo de 35 anos – mesmo incluindo na conta o custo bilionário do abandono da obra.

Conforme o estudo, abandonar o projeto requer pagamento de multas por rescisões contratuais, liquidação antecipada do financiamento, custos com desmobilização da equipe, rescisão de contratos nacionais e com a fornecedora de equipamentos, compensações socioambientais e reservas de contingências. Resolução do MME calcula o custo de tudo isso em R$ 11,9 bilhões.

“Como alternativa para a construção de Angra 3, considerou-se o pagamento à vista dos custos para o abando da obra, que seriam repassados para os consumidores de energia elétrica ao longo de 20 anos, e a construção de parques solares na região Nordeste. A economia para o sistema com o abandono do projeto foi estimada em R$ 12,5 bilhões”, afirma o trabalho.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]