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Gleisi no plenário do Senado: festa da bancada do PT | Jefferson Rudy/Agência Senado
Gleisi no plenário do Senado: festa da bancada do PT| Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

No seu retorno ao Congresso após ser absolvida pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), a senadora e presidente do PT, Gleisi Hoffmann, foi festejada nesta quarta-feira (20) pelos correligionários, deputados e senadores. Ela não escondeu a satisfação com o resultado. Parou várias vezes para ser cumprimentada e tirar selfies  na caminhada que fez entre o Senado e a Câmara no início da tarde desta quarta.

Assista a vídeo com a festa da recepção de Gleisi no Congresso

Gleisi também afirmou que a decisão do STF “abre novas perspectivas” em relação aos processos da Lava Jato. A senadora também distribuiu nota em que considerou que seu julgamento foi um “avanço em direção à normalidade democrática, frente à máquina de perseguição e arbítrio instalada desde 2014 na Vara Federal da Lava Jato”.

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Cumprimentos da bancada do PT e de simpatizantes

A senadora foi abordada por servidores e simpatizantes e foi recebida com aplausos pela bancada do PT da Câmara, reunião que seria aberta por ela. Aos gritos de "Gleisi, Gleisi", os parlamentares a cumprimentaram e comemoraram sua chegada no encontro, a portas fechadas. 

No trajeto entre as duas Casas, a senadora foi acompanhada pela Gazeta do Povo. Perguntada se entendia que sua vitória de ontem pode representar algum alento para o julgamento da soltura ou não do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ocorre na próxima terça e na mesma turma do STF, a senadora respondeu: "Não sei se tem correlação direta. Mas a decisão de ontem, sem dúvida, abre novas perspectivas nos processos da Lava Jato", disse Gleisi à Gazeta.

Ela também disse estar feliz com o resultado do julgamento. "Muito feliz. Trata-se de um peso que recaía sobre a gente há muitos anos. Não é fácil!". 

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“Espero que se restabeleça o estado democrático”

No caminho até a Câmara, a petista gravou uma mensagem para as redes sociais do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que a acompanhava. Ela reafirmou que a decisão de sua absolvição pode mudar o rumo dos casos da Lava Jato na Justiça. "Abre outra perspectiva para nós em relação ao julgamento desses processos da Lava Jato. Espero que se restabeleça o estado democrático de direito e que voltemos a ter esperança nesse país", afirmou.

Esse mesmo tom foi usado por Gleisi em nota distribuída à imprensa. No texto, Gleisi fala que o STF começou a recolocar o país no rumo da normalidade democrática contra a perseguição deflagrada pela Lava Jato. “Creio que pela primeira vez, diante de um caso concreto, o STF se pronunciou colegiadamente contra a indústria das delações premiadas e contra os abusos do Ministério Público da Lava Jato. A denúncia ruiu perante os juízes porque não trazia prova de nada, apenas delações negociadas com presos condenados, em troca de perdão de seus crimes.”

No texto, Gleisi também reclamou da imprensa, que, segundo ela, cometeu um “julgamento midiático” autoritário. “Durante quase quatro anos, desde outubro de 2014, a Rede Globo e os grandes jornais repetiram sistematicamente que eu era acusada de corrupção e lavagem de dinheiro, repetiram o enredo forjado pela Lava Jato. E nunca, até a véspera do julgamento, nunca informaram os argumentos concretos da minha defesa. Nem uma só palavra.”

Leia a íntegra da nota de Gleisi Hoffmann

“O julgamento de ontem na Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal foi de enorme relevância para o restabelecimento do estado de direito no Brasil. Fui julgada e absolvida, por unanimidade, das falsas acusações que me imputaram. Mas foi principalmente um avanço em direção à normalidade democrática, frente à maquina de perseguição e arbítrio instalada desde 2014 na Vara Federal da Lava Jato.

Creio que pela primeira vez, diante de um caso concreto, o STF se pronunciou colegiadamente contra a indústria das delações premiadas e contra os abusos do Ministério Público da Lava Jato. A denúncia ruiu perante os juízes porque não trazia prova de nada, apenas delações negociadas com presos condenados, em troca de perdão de seus crimes.

No meu caso e do meu marido, Paulo Bernardo, eram delações contraditórias, que foram sendo modificadas no curso do processo para compor a narrativa perseguida pelos promotores. O julgamento expôs as sucessivas violações praticadas em Curitiba, e endossadas pela PGR, que não poderiam ser aceitas à luz da lei e da justiça.

Dos cinco votos proferidos restou claro que ninguém, nenhum cidadão ou cidadã, pode ser condenado apenas com base em depoimentos (negociados sabe-se lá a que preço) que não sejam acompanhados de provas. Dessa forma, o direito prevaleceu sobre o arbítrio, a verdade sobre a mentira, quando íamos nos habituamos ao contrário.

Durante quase quatro anos, desde outubro de 2014, a Rede Globo e os grandes jornais repetiram sistematicamente que eu era acusada de corrupção e lavagem de dinheiro, repetiram o enredo forjado pela Lava Jato. E nunca, até a véspera do julgamento, nunca informaram os argumentos concretos da minha defesa. Nem uma só palavra.

É o mesmo método autoritário de julgamento midiático, de acobertamento da injustiça, que levou à prisão ilegal e arbitrária do maior líder político e popular do Brasil, o ex-presidente Lula. É o método que levou ao golpe do impeachment da presidenta Dilma Rousseff em 2016.

Ao longo desses quase quatro anos, meu nome deixou de ser Gleisi Helena Hoffmann. Passei a ser chamada de Gleisi Hoffmann, investigada na Lava Jato, Gleisi acusada, Gleisi indiciada, Gleisi denunciada, Gleisi ré. Alguém escreverá agora Gleisi inocente?

Já disse que nada vai apagar o sofrimento causado a mim, a minha família, meus amigos e companheiros de luta. Nada vai reparar o dano causado a minha imagem pessoal e política. Mas a decisão de ontem me anima a continuar acreditando que, quando se julga com base no direito, na lei e nos autos, a verdade sempre vence.

Agradeço a todos os que foram solidários ao longo desse processo: a imprensa independente, os juristas que se pronunciaram em artigos, líderes políticos de vários partidos e principalmente a militância do PT, que sempre me deu energias para seguir lutando de cabeça erguida.

Há outras batalhas pela frente e vamos enfrentá-las, confiando que o Brasil vai retomar o estado de direito na plenitude. E vai retomar o caminho da democracia para acabar com o sofrimento do povo.

Gleisi Hoffmann, senadora e presidenta nacional do PT.”

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