Em depoimentos no acordo de colaboração premiada, o operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro confirmou à Procuradoria Geral da República (PGR) que o empresário Joesley Batista, da JBS, pagou para que ele permanecesse em silêncio. A informação é do jornal O Globo. Funaro firmou recentemente um acordo com a PGR e seus depoimentos devem ser usados para embasar uma nova denúncia do procurador-geral da República Rodrigo Janot contra o presidente Michel Temer (PMDB) por obstrução de Justiça e organização criminosa.
A compra do silêncio de Funaro, agora confirmada pelo operador, já havia sido revelada por Joesley no acordo de colaboração premiada que ele firmou em maio deste ano. O empresário entregou à PGR a gravação de uma conversa com Temer em que narrava pagamentos para que Funaro e o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB) não fizessem delação, o que poderia complicar a vida do presidente.
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Na gravação, Joesley narra uma série de crimes cometidos por ele a Temer, que apenas ouve e, em alguns momentos, chega a concordar com os atos praticados pelo empresário. “Tem que manter isso, viu?”, disse o peemedebista ao ouvir Joesley dizer que “estava bem com o Eduardo”, quando o empresário deu a entender que estava realizando pagamentos para evitar uma delação de Cunha.
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Em depoimentos aos procuradores, Joesley e o executivo da JBS Ricardo Saud também narraram pagamentos a Funaro. A irmã do operador, Roberta Funaro, chegou a ser presa pela Polícia Federal depois de ser flagrada recebendo R$ 400 mil de Saud em um táxi, em uma ação controlada da polícia com base nos acordos de colaboração da JBS.
No dia 16 de agosto, a PGR denunciou o ex-ministro Geddel Vieira Lima por obstrução de Justiça por também ter tentado impedir a delação de Funaro. Segundo os procuradores, Geddel teria ligado várias vezes para a esposa do operador para sondar sobre a “disposição” dele de firmar um acordo com a PGR. Geddel foi preso em julho pela Polícia Federal.
Funaro está detido desde julho de 2016 pela operação Lava Jato e é conhecido por ser o operador financeiro do “PMDB da Câmara”, que, segundo diferentes investigações, atuou na Petrobras e na Caixa Econômica Federal, banco que administra o fundo de investimentos do FGTS (FI-FGTS).
As declarações do operador devem embasar a próxima denúncia de Janot contra Temer, prevista para semana que vem. Para que Temer vire réu, porém, a Câmara dos Deputados deve autorizar o Supremo Tribunal Federal (STF) a analisar a denúncia de Janot.
No início de agosto, a primeira denúncia contra Temer - por corrupção passiva - foi barrada pelos deputados.
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