Em um dos depoimentos prestados à Procuradoria Geral da República em que narra a possível prática de crimes pelo presidente Michel Temer, o empresário Joesley Batista disse que informou Temer sobre pagamento de uma mesada de R$ 400 mil a Lúcio Funaro, operador do ex-deputado Eduardo Cunha também preso pela Lava Jato. Foi nesse contexto, segundo ele, que Temer disse a frase “Tem que manter isso, viu?”.
A versão de Batista diz que ele abordou no encontro com Temer os pagamentos que fez a Cunha, dizendo que tinha zerado essa conta. Na continuação, ele teria dito que ainda pagava R$ 400 mil por mês a Funaro, contexto no qual veio a resposta de Temer. Essa narrativa está no inquérito aberto na quinta-feira (18) no STF para investigar o presidente.
O pagamento, segundo o depoimento de Batista, seria para manter o silêncio de Funaro e de Cunha. À PGR, ele disse que interpretou a reclamação de Temer de que Cunha o estava “fustigando” como um sinal de que deveria continuar pagando por seu silêncio. Na conversa, Temer teria dito que poderia ajudar Cunha no STF com apenas dois ministros sob sua influência, e que seria difícil com 11.
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Joesley Batista também descreve o momento em que o deputado federal Rodrigo da Rocha Loures foi designado para resolver problemas da JBS no governo. Ele lembra Temer que conversava antes com Geddel Vieira Lima, que foi ministro do atual governo. Nesse contexto, Temer teria colocado Rocha Loures para fazer a intermediação das questões do empresário por ser de sua mais estrita confiança. O presidente teria sido informado de que os assuntos estavam ligados a órgãos públicos: Cade, CVM e BNDES – no último caso, ele diz
Sobre o Cade, órgão que avalia questões concorrenciais como fusões e aquisições, Joesley afirma que lembrou o fato de a presidência do órgão estar aberta, no que Temer teria respondido que teria ali uma pessoa com a qual pudesse ter uma conversa franca.
Na sequência, o empresário narra que reclamou que seus pleitos não vinham sendo atendidos pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Temer o teria aconselhado a conversar com Meirelles e depois que passasse o assunto para Temer interceder.
A descrição feita por Joesley aos procuradores complementa as gravações, que são de baixa qualidade. No diálogo, é possível entender que Temer fala sobre o número de ministro no STF, mas não fica claro se o contexto é de ajuda a Cunha. Nas gravações é difícil entender o que Temer fala na sequência do momento em que o empresário diz que “está de bem” com Eduardo Cunha. Temer diz “Tem que manter isso, viu?” e continua falando em uma sequência inaudível na qual Joesley concorda com o que o presidente fala. Também é difícil entender o que os dois falam no momento em que Joesley disse que zerou a conta com Cunha.
Esses “vazios” da gravação abrem a possibilidade de interpretações diversas do conteúdo e do contexto da conversa que os dois tiveram em 7 de março. O presidente disse na quinta-feira (18), quando negou a possibilidade de renúncia, que sabe o que disse e que não haveria crime nisso.
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