Presos desde fevereiro pela Operação Blackout, o lobista Jorge Luz, com 30 anos de experiência nas negociatas da Petrobras, e seu filho Bruno Luz estão em estágio avançado de negociação para fechar delação premiada com o Ministério Público Federal. Nos últimos dias, eles entregaram documentos e arquivos eletrônicos para a Polícia Federal que prometem implicar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), segundo reportagem de capa da revista Istoé.
O petista, hoje réu em seis processos e condenado em primeira instância a nove anos e seis meses de prisão, estaria envolvido nos negócios criminosos operacionalizados pela “Brasil Trade”, uma sociedade composta por corruptos, corruptores e operadores de propinas criada para desviar recursos de contratos com a Petrobras.
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Num dos documentos entregues pelos delatores há o registro de um encontro entre Lula e o ex-deputado Cândido Vaccarezza, preso na Operação Lava Jato no último dia 18, intermediado por Jorge Luz, para tratar da securitização de contratos de petróleo pela trader Trafigura, que movimentou US$ 8,6 bilhões em ações de compra e venda de petróleo nos governos petistas.
A operação visava incluir, em 2010, a “Brasil Trade” na intermediação dos negócios da Trafigura com a Petrobras. Para a negociação sair, foi preciso envolver PT, PMDB e PP, os três partidos que lotearam as diretorias da Petrobras.
No registro do encontro, Luz escreve que Vaccarezza “ficou de reunir-se com o presidente Lula para conversar sobre o mesmo tema e dizer que os 3 partidos estão de acordo com a operação”. Segundo o lobista, as três legendas teriam concordado e o ex-presidente, dado o sinal verde, segundo a reportagem.
Vaccarezza cumpria o papel de pombo-correio de Lula, mantendo o então presidente sempre bem informado. De acordo com os delatores, o ex-deputado era contemplado com R$ 400 mil. A propina era entregue em espécie, em geral, em restaurantes: um self-service localizado no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo e em um estabelecimento em Campinas, no interior paulista. Segundo os lobistas, Vaccarezza chegou a pedir, em determinado momento, R$ 100 milhões, para fazer deslanchar inúmeros negócios na Petrobras.
Jorge Luz é réu na Justiça Federal de Curitiba. O processo dele está em fase final de julgamento, com a sentença prestes a ser proferida pelo juiz Sergio Moro. Daí a pressa em colaborar com o MPF e as investigações.
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