| Foto: Beto Barata/PR

O presidente Michel Temer demonstrou confiança no início da noite desta terça-feira, 20, em Moscou, que o governo poderá reverter a derrota na votação da reforma trabalhista pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado. Segundo ele, a vitória do governo no plenário é “certíssima”.

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Temer convocou uma entrevista coletiva de última hora, na qual só respondeu a perguntas sobre a decisão da comissão do Senado. Para Temer, a derrota é “muito natural”, porque os projetos passam por várias comissões, onde se “ganha em uma comissão, perde na outra”.

“O que importa é o plenário. Portanto, é uma etapa só. Vocês se recordam que no caso da Câmara dos Deputados houve um primeiro momento em que a urgência não chegou a ser votada para ser aprovada e depois foi ao plenário e ganhamos com muita facilidade”, recordou. “O plenário vai decidir e lá o governo vai ganhar. É maioria simples.”

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Questionado sobre se tinha convicção dessa vitória, Temer reiterou que não haverá derrota na votação final. “Está certíssimo no plenário. Nós vamos ganhar, o governo vai ganhar no plenário”, frisou.

De acordo com o presidente, a derrota “não é surpresa negativa”. “Isso é assim mesmo. Tem várias fases, várias etapas, e nas etapas você ganha uma, perde outra”, insistiu. “O que importa é o plenário. O Brasil vai ganhar no plenário.”

“Relatório da PF é jurídico, não político”, diz Temer

O presidente Michel Temer (PMDB) disse nesta terça (20) que não comentaria o relatório da Polícia Federal que o acusa de corrupção passiva. “Vamos esperar, isso é juízo jurídico e não político, e eu não faço juízo jurídico”, disse, após evento com empresários e investidores russos em Moscou.

Antes, o presidente havia se referido à crise política como “uma ou outra observação, que ocorreram justamente quando a economia melhorou”. “São fatos desprezíveis e desprezáveis”, afirmou à plateia em meio a um discurso padrão de venda de sua agenda de reformas no Congresso, e a melhoria de alguns indicadores econômicos.

Segundo a reportagem apurou, Temer evitou falar sobre o relatório da PF durante o voo para Moscou, até porque não teve conhecimento de seus detalhes. O presidente -que pousou na capital russa às 12h17 (6h17 em Brasília) e enfrentou o horrível trânsito da cidade para chegar em cima da hora para seu primeiro encontro de trabalho às 15h-, iria se inteirar dos detalhes do caso na sequência de seu último evento do dia, uma apresentação de balés internacionais no Teatro Bolshoi. O famoso balé russo homônimo está fora do país.

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A PF afirma que ele e Rodrigo Rocha Loures, seu ex-assessor que foi pego com uma mala contendo R$ 500 mil e foi apontado pelo empresário Joesley Batista como recebedor de propina a mando de Temer, incorreram em corrupção passiva.

No primeiro compromisso de sua visita à Rússia, Temer fez um elaborado elogio do papel do Congresso brasileiro em sua administração, em um momento em que os parlamentares esperam analisar uma denúncia contra o peemedebista na Lava Jato.

A Procuradoria-Geral da República deve apresentar nos próximos dias a acusação formal contra Temer em decorrência da delação dos executivos da JBS.

A Constituição estabelece que essa denúncia só pode ser transformada em processo caso haja aprovação pelo plenário da Câmara, com o voto de pelo menos 342 de seus 513 integrantes.

“Eu fiz um governo semiparlamentarista, com 90% dos ministros oriundos do Parlamento”, disse Temer nesta terça (20) em encontro com o presidente da Duma, a Casa baixa do Parlamento russo, Viacheslav Volodin.

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Temer citou como agenda positiva avançada por essa relação à aprovação do teto de gastos públicos e a tramitação das reformas trabalhista e previdenciária.

De fato, o primeiro ano da gestão Temer obteve avanços de agenda em velocidade pouco vista desde a redemocratização. Desde o estouro do caso JBS, contudo, governo e Congresso estão afetados pela dinâmica da crise, à espera dos próximos desenvolvimentos.

A reforma trabalhista avançou no Senado, onde já estava bem adiantada, mas a da Previdência deverá ficar para o próximo semestre.

A própria visita de Temer no momento em que é acusado de corrupção passiva por relatório parcial da Polícia Federal é uma tentativa de manter a ideia de normalidade de gestão.

Ao falar com o russo, Temer citou a existência de 28 partidos no Congresso brasileiro, “o que não sei se é bom ou ruim”, emendando que 21 deles apoiam o Planalto.

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Volodin, por sua vez, disse haver 70 partidos registrados na Rússia, apesar de apenas quatro poderem disputar eleições, e que “quase todos” apoiam o regime de Vladimir Putin –uma obviedade, dada a qualidade da representação oficial da oposição na Rússia.

Por fim, Temer apelou ao tradicional assunto diplomático de mandatários brasileiros, o futebol, dizendo esperar ver uma final entre o time da casa e o Brasil na Copa da Rússia, em 2018. Os russos riram.

Agenda

Na quarta (21), o presidente brasileiro tem encontro previsto com o presidente russo, Vladimir Putin, com o premiê e ex-presidente Dmitri Medvedev e com a presidente do Conselho da Federação (Senado), Valentina Matvienko.