Centro de uma polêmica recente por ter defendido a intervenção miliar no país, o general Antônio Hamilton Mourão, fez duras críticas ao presidente Michel Temer – que pela Constituição é o comandante das Forças Armadas. Em palestra promovida pelo grupo Terrorismo Nunca Mais (Ternuma), no Clube do Exército, em Brasília, na noite de quinta-feira (7), o general, afirmou que Temer preside o país aos trancos e barrancos e mediante um balcão de negócios. Mourão ocupa a Secretaria de Economia e Finanças do Comando do Exército.
"Agora, temos os cenários colocados pela imprensa. Não há dúvidas que vivemos a 'Sarneyzação'. Nosso atual presidente vai aos trancos e barrancos, buscando se equilibrar, e, mediante um balcão de negócios, chegar ao final de seu mandato", disse o general Mourão, na sua palestra intitulada "Uma visão daquilo que nos cerca".
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Quando defendeu a tomada do poder pelos militares, o general não sofreu qualquer punição do Comando do Exército ou do Ministério da Defesa. Ele iniciou a palestra de quinta-feira dizendo que tudo ali era opinião dele, falando para uma plateia de militares da reserva e de grupos de civis que defendem atuação das Forças Armadas na política. Um desses movimentos, o Bloco Movimento Brasil, fez transmissão ao vivo da palestra de Mourão no pelo Facebook.
No final da palestra, foi aberto espaço para perguntas da plateia. Nesse momento, ele disse que as Forças Armadas apoiam a candidatura do capitão da reserva e deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Para Mourão, o presidenciável é um político testado e que não tem telhado de vidro. E que nunca se meteu em falcatruas e confusões. "Obviamente, nós, seus companheiros dentro das forças, olhamos com muito bons olhos a candidatura do Bolsonaro", disse.
Mourão anunciou que irá para a reserva em 31 de março de 2018. Foi instado a disputar as eleições do ano que vem. Ele disse que seu domicílio eleitoral é no Distrito Federal, mas que pretende morar no Rio após deixar a ativa. Perguntado se pode vir a disputar algum cargo eletivo, respondeu que não descarta. "Digo apenas uma coisa. Não há portas fechadas na minha vida" - afirmou, para euforia de alguns presentes, que reagiram com expressões como:
Também questionado se defendia mesmo uma intervenção militar, o general, dessa vez, foi mais comedido, mas falou que se ocorrer o "caos" as forças estão preparadas para atuar dentro da legalidade. "Se o caos for instalado...O que chamamos de caos? Não mais o ordenamento correto. E se as forças institucionais entenderem que deve ser feito um elemento moderado e pacificador, agindo dentro da legalidade... Tempos atrás fui incompreendido", afirmou. "Estamos, Exército, Marinha e Aeronáutica, atentos para cumprir a missão. O caos é o momento. Ou anteciparmos ao caos e não esperar que tudo se afunde. Por enquanto, nós consideramos que as instituições têm que buscar fazer a sua parte".
Outras críticas
Mourão criticou o atual momento político e disse que a classe política é escrava de pesquisa de opinião. Ele voltou a criticar o ex-presidente José Sarney e a alta inflação de seu período de governo. "O grande filósofo contemporâneo José Sarney e sua inflação de quase 90% ao mês".
Ele também bateu no governo Lula "2", segundo mandato do petista, um "sobrevivente do mensalão". E disse que o PT abriu a comporta da corrupção. "Incompetência, má gestão e corrupção. E pensaram: 'agora é a nossa vez' e encheram os bolsos".
O oficial não acredita que Lula vai se viabilizar candidato em 2018, e que será atingido pela Lei da Ficha Limpa. "Um dos candidatos que está aí (Lula), tenho convicção e fé, vai assistir a vida passar em outro lugar". E prevê que se o PT "forçar a barra" para que ele seja candidato haverá conflito. "Passar por cima da lei, não pode".
Mourão atacou até mesmo suposta vaidade dos ministros do STF e diz que, por ele, a TV Justiça não transmitiria mais sessões de julgamento desse tribunal. "Tem gente ali que vai até a cabeleireiro para dar uma ajeitada e ficar mais bonito."
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