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| Foto: Alexandre Carvalho/A2img

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), fez nesta quinta-feira, 31, as declarações mais enfáticas como pré-candidato à Presidência da República desde que admitiu publicamente, em agosto, a intenção de participar da disputa do ano que vem. O tucano afirmou querer ser “o presidente do povo brasileiro”. Dentro do PSDB, já há um avaliação predominante de que dificilmente o governador não será o candidato do partido ao Planalto.

Num embate velado, Alckmin tem como rival interno o prefeito João Doria, que, mesmo sem assumir a disposição de se candidatar ao Planalto, age nesse sentido e mantém uma agenda de viagens pelo País. Nesta quinta, a 2.730 quilômetros de distância da capital paulista, na Paraíba, o prefeito voltou a receber homenagens e discursou para uma plateia de empresários. Doria tenta aumentar o seu nível de conhecimento entre os eleitores, principalmente no Nordeste, para tentar chegar competitivo na convenção tucana, prevista para o final do ano ou início de 2018.

Em São Paulo, ao participar da inauguração da nova sede de uma empresa de cosméticos, Alckmin foi questionado sobre a comparação entre ele e a candidata democrata americana Hillary Clinton, feita pela Consultoria Eurasia na quarta-feira, 30. O governador foi classificado como o candidato do “establishment” – a elite política. “Da elite, não”, rebateu Alckmin. “Eu quero ser o presidente do povo brasileiro, dos empresários que geram emprego, do trabalhador sacrificado do Brasil”, afirmou o tucano.

Alckmin disse também que “a modéstia” não lhe permitia responder à pergunta sobre se seria o melhor nome para a Presidência. O governador evitou comparações entre ele e Doria.

Questionado se seria capaz de conduzir o governo de São Paulo e ao mesmo tempo viajar pelo país, Alckmin se recusou a responder. Doria afirma que as viagens para diversos estados não prejudicam sua gestão porque é capaz de usar a tecnologia para administrar a cidade à distância. Após ser homenageado na Paraíba com o título de cidadão de Campina Grande, o prefeito seguiu para Paris.

Escolhido

A declaração enfática de Alckmin foi vista dentro do PSDB como a forma de responder às críticas de que sua candidatura representa a política tradicional, que enfrenta hoje forte rejeição por parte da sociedade de acordo com a última pesquisa Ipsos. Segundo o estudo, os políticos tradicionais, como o tucano, têm a imagem mais desgastada do que aqueles que se apresentam como não políticos, como Doria. No levantamento, Alckmin tem 73% de desaprovação.

“Internamente no PSDB, o Alckmin já é considerado candidato. Tasso (Jereissati, presidente interino da sigla) deixou claro isso quando afirmou que ele é o primeiro da fila”, afirmou o deputado federal Silvio Torres (SP), secretário-geral do PSDB.

A forma mais explícita de Alckmin se posicionar também é vista dentro do PSDB como uma estratégia para tentar minimizar o efeito Doria na legenda. Tanto o governador quanto o seu afilhado político vêm aumentando o tom na disputa. Um tucano disse, reservadamente ao jornal “O Estado de S. Paulo”, que Alckmin não quer “dar chance” a Doria para que ele ocupe espaços no partido.

Anti-Lula

Nesta quinta, em Campina Grande, Doria testou uma abordagem diferente da que vinha colocando em prática desde que assumiu a prefeitura de São Paulo em janeiro. Ele moderou os ataques ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem já chamou de “sem vergonha” e “bandido” e evitou o bordão “nossa bandeira nunca será vermelha”, comum nas recentes aparições públicas.

O tucano chegou a defender o petista e a presidente cassada Dilma Rousseff durante entrevista a uma rádio da Paraíba afirmando que eles têm o direito de “peregrinar” pelo país. “Entendo que isso é legítimo e não faço objeção a esse ato. O que continuarei a fazer é objeção ao discurso, o meu é diferente”, disse Doria.

Nas últimos meses, o prefeito paulista tem se colocado como um antagonista do ex-presidente. A radicalização do tucano levou a críticas internas no PSDB. Questionado sobre sua postura, Doria disse que “não quer falar mal de ninguém”. “Discurso de nós contra eles não é a melhor proposta para o Brasil”, disse, repetindo a afirmação feita por Tasso em entrevista ao “Estado de S. Paulo”.

Depois do evento na Paraíba, o prefeito paulistano embarcou para França, onde participa hoje de um evento organizado pela Positive Planet Foundation. Na agenda do prefeito em Paris consta um jantar onde estará o presidente francês Emmanuel Mácron.

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