Em parte da sentença proferida nesta quarta-feira (12), em que condenou o ex-presidente Lula a nove anos e seis meses de prisão, o juiz Sergio Moro apontou algumas contradições em depoimentos do petista sobre o tríplex do Guarujá. Ele comparou o interrogatório à Polícia Federal em 04 de março de 2016, na 24ª fase da operação Lava Jato, com o depoimento na Justiça Federal do Paraná, já na condição de réu, no dia 10 de maio deste ano.
O primeiro ponto abordado pelo juiz foi o momento em que Lula alega ter recusado a compra do tríplex por entender que o imóvel era inadequado a sua família. “No interrogatório policial, declarou que ele próprio decidiu recusar a aquisição do apartamento após a segunda visita de sua esposa ao local; já no interrogatório judicial, ele teria rejeitado a aquisição já na primeira visita, sendo que sua esposa persistiu com interesse para investimento, mas também ela desistiu da compra depois da segunda visita”, escreveu o juiz.
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Moro também citou uma suposta reforma no tríplex, sugerida pelo ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, durante a visita de Lula ao imóvel. Segundo o juiz, o ex-presidente disse à Polícia Federal que, após apontar defeitos no apartamento, Léo Pinheiro teria dito que apresentaria um projeto para reformar o local. Moro lembrou que, no depoimento à Justiça, Lula afirmou que Léo Pinheiro nunca teria proposto uma reforma no tríplex.
“No interrogatório policial, Lula sugeriu que um dos motivos pelos quais teria decidido não ficar com o imóvel é que Marisa Letícia, em sua segunda visita, teria constatado que não teriam feito qualquer reforma. Fica difícil conciliar essas declarações com a prestada em Juízo de que Léo Pinheiro sequer teria informado que faria uma reforma no imóvel”, apontou o magistrado.
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No entanto, o juiz afirmou que são contradições circunstanciais, mas que dizem respeito a aspectos relevantes do processo, sobre a reforma do apartamento e quem e quando se tomou a decisão de não adquirir o imóvel. Diz a sentença: “a versão dos fatos apresentada pelo ex-presidente não é consistente com as demais provas dos autos”. Moro concluiu que a única explicação possível para as inconsistências e a ausência de esclarecimentos concretos “é que, infelizmente, Lula faltou com a verdade dos fatos em seus depoimentos”.
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