Na tentativa de dar ares de normalidade ao governo, no epicentro da crise política, o presidente Michel Temer divulgou um vídeo nas redes sociais, nesta quinta-feira (25), para repetir que o Brasil “não parou e nem vai parar” e para elogiar o “empenho” da base aliada nas votações e os feitos de sua gestão. Com as reformas em risco por conta das denúncias envolvendo Temer, feitas pelo dono da JBS, Joesley Batista, o presidente comemorou até a aprovação de medidas provisórias (MPs) na Câmara.
Assista ao vídeo de Temer na íntegra
No vídeo, Temer diz que as manifestações contra o seu governo, que fizeram Brasília virar uma praça de guerra nesta quarta-feira (24), com direito a quebra de patrimônio público e tiros de arma de fogo por parte da Polícia Militar, tiveram “exageros”, mas que nem por isso o Congresso deixou de trabalhar. Ele elogiou, por exemplo, a aprovação pela Câmara de sete MPs na noite de quarta, num plenário sem a presença de integrantes da oposição.
Temer também elogiou o fato de a reforma trabalhista ter avançado no Senado – o relatório foi lido em comissão, mas forte tumulto da oposição que pedia a saída de Temer fez com que a sessão de terça-feira (23) fosse suspensa, impedindo a votação do relatório.
“O Brasil não parou e nem vai parar. Continuamos avançando e votando matérias importantíssimas no Congresso Nacional. As manifestações ocorreram com exageros, mas deputados e senadores continuaram a trabalhar em favor do Brasil. E aprovaram número expressivo de medidas provisórias, sete em uma semana, e a reforma trabalhista avançou no Senado, expressão portanto do compromisso em superar a crise”, afirmou Temer no vídeo.
O presidente citou a última fase do saque das contas inativas do FGTS e o pente-fino que encontrou fraudes no auxílio-doença como vitórias de seu governo. Ele disse que, com esse tipo de medida, está “combatendo o desperdício de dinheiro público”. Temer também mencionou em detalhes a MP da regularização fundiária, aprovada ontem pela Câmara.
“Meus amigos, o trabalho continua, vai continuar. Temos muito ainda a fazer, e esse é o único caminho que meu governo pretende seguir, colocar o Brasil nos trilhos. Portanto, vamos ao trabalho”, pediu Temer.
Desde o último dia 17, quando o jornal O Globo mostrou que Michel Temer deu aval para Joesley Batista, dono da JBS, comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha na cadeia, o governo vive o pior momento. Acuado, Temer já vê a base aliada diminuir e a aprovação das reformas econômicas, carros-chefe da gestão, têm futuro incerto. Na semana passada, o Palácio do Planalto ainda não tinha votos para aprovar a reforma da Previdência na Câmara. Desde então, o cenário piorou e a tramitação dessas matérias, nas duas Casas, está atrasada.
O clima beligerante do lado de fora do Congresso contaminou os parlamentares na última quarta-feira: enquanto um ministério era incendiado e manifestantes e policiais entravam em confronto, deputados se empurraram no plenário e houve tumulto. Um dia antes, foi a vez de senadores trocarem xingamentos e ameaçar agressões físicas, na comissão da reforma trabalhista.