O ex-presidente da Odebrecht, Emílio Odebrecht, afirmou em depoimento nesta segunda-feira (5) ao juiz Sergio Moro que aconselhou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na criação do Instituto Lula. O empresário disse que conversou com o ex-presidente sobre o que ele faria após seu governo e orientou pessoas da Odebrecht a ajudarem Lula na criação do instituto.
Emílio Odebrecht prestou depoimento na ação que investiga a compra de um terreno onde seria construída a nova sede do Instituto Lula. O empresário disse não saber esclarecer por que a Odebrecht usou a DAG Construtora para comprar o terreno na zona sul de São Paulo, mas afirmou que sua empresa se envolveu com a criação da entidade do ex-presidente.
“Eu falava: presidente o senhor tem de pensar no day after”, afirmou Odebrecht. Ele contou que apresentou ao ex-presidente a experiência de outras personalidades que criaram instituições quando deixaram cargos públicos. “Quando ele saiu do governo, direcionei, não sei a quem na organização, para ajudar”, disse. O objetivo era encontrar o melhor formato “se era instituto, ou se era fundação, as instalações”.
O empresário lembrou que foi voto vencido na escolha do formato. Ele preferia que fosse uma fundação, mas foi escolhido um instituto.
No depoimento, Emílio Odebrecht confirmou o que disse em sua delação premiada sobre as conversas com Lula que levaram a encontros entre seu filho, Marcelo, e o ex-ministro Antonio Palocci. Não conversavam sobre valores. “Ele indicava a pessoa dele e eu indicava uma pessoa. E eu orientava a pessoa, seja o Pedro Novis ou o Marcelo, para eles encontrarem uma forma de atender e compatibilizar alguns fatores”, explicou. Os executivos tinham de procurar negociar, minimizando os valores pedidos e esticando os pagamentos ao máximo.
A investigação sobre o terreno para o Instituto Lula se baseia nas delações de ex-executivos da Odebrecht. Segundo eles, a companhia usou uma segunda empresa, a DAG Construtora, para comprar o imóvel. O ex-presidente Lula e a ex-primeira-dama Marisa Letícia não teriam gostado do local, o que levou Marcelo a ordenar o reinício da busca por um local para a sede do Instituto Lula. O projeto, na sequência, acabou não avançando.
Em sua defesa, o Instituto Lula diz que nunca teve a posse do imóvel e que ele nunca foi colocado à sua disposição, o que esvaziaria a acusação.
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