O empresário Carlos Rodrigues do Prado disse nesta segunda-feira (19) ao juiz Sergio Moro que foi pago em espécie por Rogério Aurélio Pimentel, ex-assessor do ex-presidente Lula, pelos serviços prestados na obra do sítio em Atibaia (SP). Ele prestou depoimento como testemunha de acusação na ação penal que investiga se Lula se beneficiou de R$ 1,02 milhão em benfeitorias no sítio, que teriam sido pagas pelas construtoras Odebrecht e OAS.
Prado disse que recebeu mais de R$ 100 mil em espécie, em quatro vezes, dentro de um envelope. O pacote, segundo o empresário, era entregue por Aurélio em um posto de gasolina. Ele também afirmou que repassou o orçamento da obra para o ex-assessor, antes do início dos serviços. Prado disse que marcou de encontrar no posto de gasolina Frederico Barbosa, ex-engenheiro da Odebrecht, que o contatou para realizar o trabalho. Chegando lá, segundo o empresário, Frederico estava acompanhado de Aurélio e afirmou: “o dono da obra é este aqui”. Foi então que Prado teria entregue o orçamento para o ex-assessor e começado os serviços.
O empresário disse a Moro, ainda, que Emyr Costa, engenheiro da Odebrecht, pediu que a nota fiscal da obra fosse emitida em nome do empresário Fernando Bittar, um dos proprietários oficiais do imóvel. Para o Ministério Público, entretanto, Lula era o verdadeiro dono do sítio.
No dia 7 de fevereiro, em depoimento a Moro, Frederico Barbosa afirmou que Aurélio tinha todo o poder de decisão sobre a obra. Ele também disse que não sabia como havia sido realizado o pagamento da empresa de Prado.
Relembre o caso
No processo que envolve o sítio, Lula é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo a acusação, o ex-presidente se beneficiou de R$ 1,02 milhão em benfeitorias no imóvel, que era frequentado pelo petista e seus familiares. As reformas teriam sido pagas pelas empreiteiras Odebrecht e OAS.
De acordo com a Procuradoria, os valores usados nas reformas teriam vindo de contratos das empreiteiras na Petrobras, e repassados como vantagem ilícita ao ex-presidente.
Lula também teria pedido R$ 150.500 ao pecuarista José Carlos Bumlai, seu amigo, para que fossem realizadas reformas no sítio. Em setembro de 2016, Moro condenou Bumlai por ter adquirido em 2004 um empréstimo de R$ 12 milhões com o grupo Schahin em nome do PT. A dívida, segundo a acusação, foi quitada posteriormente por meio do contrato de operação do navio-sonda Vitória 10.000.
Uma reportagem da Folha de S.Paulo, em janeiro de 2016, revelou que a Odebrecht realizou a maior parte das obras no sítio, gastando R$ 500 mil apenas em materiais.
Para a Procuradoria, o sítio, que está em nome dos empresários Fernando Bittar e Jonas Suassuna, pertencia, na realidade, a Lula, “proprietário de fato” do local, e foi comprado em seu benefício.
Entre as provas mencionadas pelos procuradores, estão e-mails enviados a endereços do Instituto Lula, que citam cardápios de almoço no sítio e viagens do petista a Atibaia.
Outro lado
A defesa de Lula tem afirmado que o ex-presidente não é proprietário do sítio e que o petista e familiares frequentaram o local como convidados da família do empresário Fernando Bittar, “em razão de uma amizade de mais de 40 anos”.
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