O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) virou alvo de uma representação na Procuradoria-Geral da República, desta vez acusado de crime de racismo. Em denúncia à Procuradoria, a Coordenação Nacional das Comunidades Negras Rurais Quilombolas e a Terra de Direitos alegam que o polêmico parlamentar, em palestra no Clube Hebraica, no Rio, disse que “o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas”. “Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gasto com eles.”
Na avaliação das entidades, as afirmações de Bolsonaro caracterizam racismo, conforme o artigo 20, parágrafo 2.º da Lei 7.716/89.
A palestra de Bolsonaro ocorreu no dia 3. As entidades argumentam que o deputado comparou o quilombola “a um animal”. Para a Coordenação das Comunidades e a Terra de Direitos, o peemedebista alimenta discurso racista de ódio. Parlamentares da oposição também protocolaram mais cedo uma representação contra o deputado pelos mesmos motivos.
A assessoria de imprensa de Bolsonaro informou que o parlamentar vai se manifestar por meio das redes sociais.
Parlamentares
Parlamentares da oposição protocolaram uma representação contra Bolsonaro também sob a acusação de ter praticado crime de racismo durante a palestra no Clube Hebraica. Na representação, os deputados e senadores afirmam que Bolsonaro “ainda não percebeu que o país evoluiu, a sociedade acordou e não aceita, não compactua e não silenciará jamais diante de condutas desse jaez”.
O documento também registra ser “importante destacar que o representado é reincidente nas violações de direitos humanos e em ataques da espécie, de modo que sua conduta social e os caminhos tortuosos por ele trilhado agravam as ofensas aqui delineadas e certamente deverão ser consideradas na persecução penal”.
Para a deputada Benedita da Silva (PT-RJ), que participou da entrega da representação ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o parlamentar precisa sofrer uma “punição severa”, já que Constituição torna o crime de racismo um crime inafiançável.
“Ele é racista, preconceituoso, machista, ele é tudo isso. Como a gente vai aceitar que um parlamentar, que está investido de autoridade, de imunidade, que tem que representar o interesse da população, possa dizer uma coisa dessa impunemente”, afirmou.
Se entender que houve crime, a Procuradoria-Geral da República poderá entrar com um pedido de abertura de inquérito contra o deputado no Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro já é réu no Supremo sob a acusação de incitação pública ao crime de estupro, por ter declarado que “não estupraria a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) porque ela não mereceria”.
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