De olho e pensamento no interesse próprio e sem chances de acordo, os deputados detonaram a reforma política. Não vai andar nem mesmo em pontos dados como convergentes, casos da instituição da cláusula de barreira, para evitar a proliferação de partidos, e o fim das coligações para 2018. Ideias como adoção do "distritão", sistema pelo qual se elegem os mais votados, e o financiamento público de campanha já estão descartadas.
O tempo é inimigo. Para entrar em vigência em 2018 teria que ser aprovada até início de outubro deste ano. Se for levado em conta que cada votação precisa de dois turnos na Câmara e no Senado, onde também tem suas resistências, são cada vez mais remotas uma reforma eleitoral.
A discussão sobre a reforma, até agora, serviu apenas para debates. Foram criadas três comissões especiais na Câmara para discuti-la, mobilização de consultores e assessores, e milhares de folhas de papel em vão. Veja quem ganha e quem perde com o atual cenário:
Quem ganha
A rejeição ao financiamento público de campanha é um ganho para o erário públicos e os contribuintes. Inicialmente se aprovou 0,5% da receita orçamentária para campanhas eleitorais em 2018. Seriam R$ 3,6 bilhões à disposição dos candidatos.
A continuidade do sistema proporcional adotado há anos no Brasil favorece os partidos, e não os candidatos. Algumas siglas, como PSOL, Rede e PT, são muito dependentes dos votos ideológicos. Em parte, o PSB e o PSDB também. O “distritão” seria prejudicial, pois vetaria o voto na legenda.
Para ter acesso ao fundo eleitoral depende de eleger deputados. E só elegem graças a puxadores de votos de outras legendas. O “distritão” também iria feri-los de morte. Um ou outro se daria bem, mas boa parte não se reelegeria em um sistema em que só os mais votados são eleitos.
Quem perde
Talvez o maior derrotado. O deputado petista de São Paulo pareceu, durante todo o processo, ser mais o redator – coletando ideias alheias – do que relator. Foi acomodando sugestões de líderes e partidos e deixando sua opinião de lado. Defendeu propostas questionáveis, como o fim do vice (de presidente, governador e prefeito). E perdeu de goleada. Já anunciou que não será candidato em 2018.
Perdem parcialmente por não terem conseguido emplacar o “distritão”. Os principais defensores eram justamente os grandes partidos. A emenda que introduziu esse sistema na comissão especial foi do deputado Celso Pansera, do PMDB-RJ.
A Casa que representa o povo brasileiro mostra-se mais uma vez incapaz de legislar sobre um tema importantíssimo para o país num momento em que a classe política está desacredita perante a opinião pública.
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