A relação de sete deputados federais escolhidos para o cargo de vice-líder do governo de Jair Bolsonaro (PSL) na Câmara trouxe, entre os nomes, os de Darcísio Perondi (MDB-RS) e Capitão Augusto (PR-SP). Ambos atuaram na mesma função durante o mandato do antecessor do atual presidente, Michel Temer.
O conjunto de vice-líderes foi anunciado na segunda-feira (25), após uma reunião de Bolsonaro com os parlamentares. Os escolhidos foram oficializados no Diário Oficial da terça-feira (26), com direito a um erro de digitação no nome de Perondi, grafado como “Darcício”.
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Perondi e Augusto somam-se a outros nomes com rodagem no cenário nacional que estão cerrando fileiras ao lado do governo Bolsonaro. A presença dos políticos experientes contraria, de certo modo, parte do discurso adotado pelo presidente ao longo do período eleitoral e no início de sua gestão. Em seus pronunciamentos de posse, Bolsonaro usou as sentenças “montamos nossa equipe de forma técnica, sem o tradicional viés político que tornou o Estado ineficiente e corrupto” e “graças a vocês conseguimos montar um governo sem conchavos ou acertos políticos”.
Durante o período de transição, quando Bolsonaro estava montando a sua equipe, uma fala bastante adotada pelo presidente e seus auxiliares era de que a negociação entre governo e Congresso seria pautada pelo diálogo com as “bancadas temáticas”, grupo de parlamentares com interesses comuns, como evangélicos ou ambientalistas, e não com os partidos, como é habitualmente feito. Essa estratégia também perdeu força.
A líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), admitiu que o relacionamento com as bancadas temáticas foi uma “estratégia inicial”.
Quem são os veteranos?
Entre os ministros de Bolsonaro, cinco são deputados federais licenciados: Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Tereza Cristina (Agricultura), Osmar Terra (Cidadania), Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Marcelo Álvaro Antônio (Turismo). À exceção de Terra (MDB) e Antônio (PSL), todos são do DEM, partido a que também são filiados os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (AP).
O Democratas apoiou no primeiro turno das eleições presidenciais a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) e no início de 2018 cogitou apresentar o nome de Maia para a corrida presidencial.
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Compõem ainda a equipe do Palácio do Planalto e da Esplanada dos Ministérios o secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, que é ex-deputado federal pelo PSDB, o secretário especial para o Senado da Casa Civil, Paulo Bauer, também do PSDB, que é ex-senador, e o equivalente para a Câmara, Carlos Manato, que é filiado ao PSL, foi deputado federal pelo Espírito Santo e em 2018 perdeu a eleição para o governo do seu estado.
Outro nome experiente indicado por Bolsonaro foi o do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). O parlamentar havia ocupado o mesmo cargo na gestão de Michel Temer e, no primeiro mandato de Dilma Rousseff, foi ministro da Integração Nacional.
Compensação
Um “não-veterano” que foi nomeado por Bolsonaro para um cargo de ponta foi o deputado federal Major Vitor Hugo (PSL-GO), escolhido como líder do governo na Câmara. O parlamentar, entretanto, figura entre os nomes mais controversos do Congresso. Sua atuação tem despertado críticas de simpatizantes do governo e foi contestada até mesmo pelo líder do PSL, Delegado Waldir (GO).
A indicação de experientes entre os vice-líderes serviu, então, também para conter os focos de insatisfação despertados pelo trabalho do Major Vitor Hugo. Darcísio Perondi está sem seu sétimo mandato na Câmara. Já o Capitão Augusto, embora cumpra a partir de 2019 apenas o segundo como deputado federal, ganhou projeção na legislatura anterior e é o presidente da Frente Parlamentar da Segurança Pública, a popular “bancada da bala”.
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“Um governo renovador precisa de força jovem e de forças com experiência. E ele vai aproveitar deputados experimentados para isso”, disse Perondi. Segundo o emedebista, as condições de saúde de Bolsonaro – que passou grande parte do início do mandato afastado da cadeira presidencial – fizeram com que apenas em épocas mais recentes o presidente tenha se empenhado de maneira mais efetiva para montar a sua base no Congresso. “E nós vamos ter que conversar com todos os deputados que concordem com a necessidade das reformas”, disse.
Na comparação entre as gestões Temer e Bolsonaro, em que foi vice-líder, Perondi elenca o tempo curto e a ausência do respaldo do voto popular que marcaram o governo do sucessor de Dilma Rousseff. “No governo Michel, tivemos pouco tempo. Tínhamos pressa para tirar o Brasil da maior recessão de sua história”, declarou.
Augusto também constatou a relevância do processo eleitoral e viu um quadro oposto entre Temer e Bolsonaro. “Temer era impopular nas ruas, mas tinha um trânsito ótimo dentro do Congresso. Já Bolsonaro tem uma ótima popularidade, mas ainda carrega uma dificuldade na relação com a Câmara e o Senado”, apontou.
Negociações partidárias
A indicação dos vice-líderes gerou ruídos entre alguns caciques partidários. Reportagem da Folha de S. Paulo revelou que as nomeações dos integrantes de algumas siglas, como PR, Solidariedade e PSD, se deu sem que os dirigentes partidários fossem consultados.
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Capitão Augusto confirmou o quadro, mas negou que a situação represente um problema. “Eu fui convidado diretamente pelo presidente Bolsonaro. Assim como na gestão anterior eu havia sido chamado diretamente pelo presidente Temer. Não é que houve uma sugestão para que o PR apresentasse um nome, e eu impus o meu. Até porque eu não faria algo à revelia do meu partido”, disse.
Já Perondi afirmou que “a indicação foi conversada previamente entre o governo e meu líder Baleia [Rossi, deputado de São Paulo]”.
Além de Perondi e Augusto, os outros vice-líderes são Carlos Jordy (PSL-RJ), Coronel Armando (PSL-SC), José Medeiros (Podemos-MT), Lucas Vergílio (Solidariedade-GO) e Major Fabiana (PSL-RJ). Os três membros do PSL estão em seus primeiros mandatos. Vergílio cumpre seu segundo quadriênio na Câmara. Já Medeiros é estreante, mas entre 2015 e 2019 exerceu mandato de senador. Ele fora eleito, em 2010, suplente de Pedro Taques, que em 2014 foi escolhido governador do Mato Grosso pelo PDT.
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