| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse nesta terça-feira (31) que sua delação premiada não está em questão. “Esquece”, respondeu, ao ser questionado pela reportagem sobre uma eventual colaboração com a Procuradoria-Geral da República (PGR).

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O ex-deputado acompanhou mais um dia de interrogatórios na Justiça Federal em Brasília. Ele é acusado, em ação penal, de chefiar um esquema de cobrança de propinas para liberar recursos da Caixa Econômica Federal a grandes empresas.

Nesta terça (31), depôs o corretor Lúcio Bolonha Funaro, delator da Lava Jato. Cunha disse estar “tranquilíssimo” sobre as acusações do colaborador e que está disposto a fazer um teste do polígrafo (detector de mentiras) com Funaro.

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“Faço o teste depois, faço qualquer teste que ele quiser. É um mentiroso contumaz. Ele tem de sustentar a mentira dele”, comentou Cunha, ao sair da audiência. Em seu interrogatório, Funaro havia desafiado o ex-deputado a passar pelo chamado detector de mentiras: “Estou disposto a fazer um teste do polígrafo com Eduardo Cunha para parar de me chamar de mentiroso.”

A proposta foi feita pelo corretor quando ele reclamava que a defesa de Cunha o acusou “formalmente” de “roubar” um anexo de sua delação, cuja negociação não avançou. “Isso só pode partir de alguém que tem uma apoteose mental”, declarou.

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O corretor respondeu a 180 perguntas da defesa de Cunha. Confirmou a cobrança de propinas em operações da Caixa para beneficiar o ex-deputado e seu grupo. Relatou também ter pago uma série de despesas do peemedebista, entre elas a compra de carros e de um flat, antes pertencente ao jogador de futebol Vampeta. Funaro afirmou ainda que quitou despesas para os filhos de Cunha e pagou os honorários de um advogado para o ex-deputado na Suíça.

Em alguns momentos, o corretor elevou a voz e demonstrou irritação com os questionamentos da defesa de Cunha. Num tom de ameaça velada, sugeriu que poderia ter contado mais em sua delação. “Se eu quisesse influenciar [a PGR], podia ter dito que o Eduardo Cunha é sócio do Ricardo Andrade Magro, um dos maiores sonegadores do país”, afirmou.

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Dono do grupo controlador da Refinaria de Manguinhos, Magro é investigado por fraudar o Fisco e no ano passado foi incluído na lista de foragidos da Interpol.

O interrogatório de Cunha está marcado para a segunda-feira (6). O ex-deputado não pretende responder a questionamentos das defesas de seus delatores, Funaro e o ex-vice presidente da Caixa Fábio Cleto.

Fachin rejeita pedido de transferência de Cunha para a Papuda

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou um pedido formulado por Eduardo Cunha, que solicitava a sua transferência definitiva do Complexo Médico Penal de Pinhais, no Paraná, para o Complexo da Papuda, no Distrito Federal.

A defesa de Cunha alegava que a transferência facilitaria o contato do ex-deputado federal com a família e seus advogados, “viabilizando a maior efetividade ao seu direito de defesa”.

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Em sua decisão, Fachin destacou que, em fevereiro deste ano, o plenário do STF rejeitou uma reclamação de Cunha contra a sua prisão preventiva. “Ao lado disso, consignou-se, por ocasião do julgamento (...), que o Plenário do Supremo Tribunal Federal reconheceu a competência do Juízo da 13ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Curitiba para a administração da prisão processual que lhe foi imposta”, ressaltou Fachin.

“Desse modo, conclui-se, sob quaisquer das perspectivas analisadas, que o pleito formulado pelo requerente não deve ser conhecido”, concluiu Fachin.

Cunha conseguiu autorização da Justiça Federal do DF para permanecer na capital federal apenas até o dia 28 de outubro da semana passada, por ocasião de um interrogatório.