Citado em discurso pelo presidente Michel Temer nesta terça-feira (27), o ex-procurador da República Marcelo Miller é alvo de uma investigação, chamada de PP (Procedimento Preparatório), na Procuradoria da República no Distrito Federal.
Os procuradores querem esclarecer quais as funções de Miller na área jurídica da J&F, holding da empresa de carnes JBS, para a qual ele passou a trabalhar desde abril passado.
Em nota na segunda (26), em resposta à afirmação do ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, de que o Ministério Público Federal deveria investigar Miller, a Procuradoria respondeu que já abriu uma apuração preliminar um mês atrás, em 26 de maio, que pode resultar em inquérito ou arquivamento.
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“No âmbito do PP, já foram solicitadas informações acerca do ingresso de Marcelo Miller no escritório de advocacia Trench, Rossi e Watanabe, que representou a holding J&F durante parte das negociações que levaram ao fechamento de acordo de leniência entre o grupo econômico e o MPF. Também foram pedidos esclarecimentos à seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio, onde um procedimento interno apura o caso”, diz a nota.
Um dos principais auxiliares do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, nas investigações dos desdobramentos da Operação Lava Jato sobre autoridades com foro privilegiado, Miller atuava desde o final de 2014 no grupo de trabalho montado pela PGR em Brasília.
Ele participou de diversos acordos de delação premiada, como os celebrados com a Odebrecht.
Após 13 anos de trabalho no Ministério Público Federal, Miller anunciou que deixaria a instituição no dia 4 de março, três dias antes de o empresário Joesley Batista, da JBS, gravar o presidente Temer no Palácio do Jaburu. A saída de Miller da PGR foi efetivada em abril.
Em e-mail enviado em 4 de março a um grupo de procuradores da República, ao qual a reportagem teve acesso, Miller manifestou “profundo agradecimento” ao seu ex-chefe Janot pela “honra e a experiência de ter podido prestar a ele um modestíssimo auxílio no exercício de suas atribuições”.
A reportagem tentou falar com Miller nesta terça-feira (27) até as 21h, mas ele não atendeu às chamadas.
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