O ex-superintendente de Fundos de Investimento Especiais da Caixa, Roberto Madoglio, confessou ter recebido R$ 10 milhões em propina de três empresas do setor elétrico: Grupo Rede, J. Malucelli Energia e da Hidrotérmica. As informações constam de delação premiada firmada no âmbito das operações Sépsis e Cui Buno?, que investigam desvios no banco estatal. As informações foram reveladas pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Juntas, as três empresas foram recebem aporte de R$ 1,2 bilhão do FI-FGTS, um fundo formado com parte do dinheiro depositado na conta dos trabalhadores. Segundo a reportagem do Estadão, o ex-superintendente entregou cópias de recibos de contas no exterior que foram usadas para receber a propina. Madoglio já se comprometeu a devolver R$ 39,2 milhões que recebeu de forma irregular na Suíça e no Uruguai.
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Em relação à J. Malucelli Energia, o ex-diretor da Caixa disse que a oferta de propina teria partido do empresário Alexandre Malucelli, que considerava o pagamento prática “normal”. Para ajudar a garantir aporte de R$ 300 milhões do FI-FGTS, empresa teria feito o pagamento R$ 500 mil ao ex-diretor da Caixa, como propina. Conforme o balanço do FI-FGTS, o fundo virou dono de 40,8% da empresa.
Em outro caso, Madoglio citou o Grupo Bolognesi, que recebeu R$ 360 milhões do grupo gerido pela Caixa. Uma das empresas do grupo, a Hidrotérmica S/A, tinha projetos de hidrelétricas no Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso. Na versão do delator, a propina – R$ 1,5 milhão – foi oferecida por Paulo Rutzen, ex-executivo da Hidrotérmica.
Segundo o ex-diretor da Caixa, a propina foi depositada em conta no exterior. Rutzen é apontado pelo delator como braço-direito de Ronaldo Bolognesi, principal acionista do grupo.
Madoglio também relatou ter recebido “vantagem indevida” relacionada ao aporte de R$ 600 milhões do FI-FGTS ao Grupo Rede. Por causa disso, o ex-diretor da Caixa recebeu R$ 8 milhões, que teriam sido oferecidos por Maurício Quadrado, da Planner Corretora. O Grupo Rede quebrou em 2013. Com 25% de participação, o FI-FGTS conseguiu evitar prejuízo ao acionar cláusulas contratuais que garantiram condições privilegiadas na recuperação judicial.
Outro lado
Em nota enviada ao Estadão, a Caixa disse que os fatos da delação são alvo de apurações internas. A Hidrotérmica disse desconhecer o teor das declarações da Madoglio e afirmou que Ruyzen não é mais funcionário e está sendo processado pela companhia. A Energisa, atual dona do Grupo Rede, informou desconhecer os fatos, anteriores à atual gestão. A assessoria de imprensa da Planner não conseguiu contato com os executivos da corretora.
A J. Malucelli disse que “as declarações são levianas, sem conteúdo probatório e contraditórias com a regularidade e parâmetros técnicos atestados pelo próprio delator, que não sabe precisar nem onde nem quando a alegada conversa ocorreu, bem como não sabe precisar e nem comprovar se o valor foi pago”.
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