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| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O corretor de valores Lúcio Funaro, preso pela Operação Sépsis em julho do ano passado, entregou à Polícia Federal registros de chamadas telefônicas que o ex-ministro Geddel Vieira Lima fez para sua mulher, Raquel, por meio do aplicativo WhatsApp.

Funaro quis comprovar o que disse à PF no inquérito que investiga o presidente Michel Temer e o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures: que Geddel ligou para sua mulher várias vezes “sondando” sobre a possibilidade de ele, Funaro, fechar acordo de delação. O inquérito foi aberto a partir da delação do frigorífico JBS.

Os registros das ligações – “prints” (imagens) das telas do celular da mulher de Funaro – mostram 12 ligações de “Carainho” – apelidado dado a Geddel na agenda telefônica de Raquel – em oito dias diferentes, após a imprensa divulgar a delação da JBS.

O número atribuído a “Carainho” na agenda, com código de área de Salvador, coincide com o número de celular de Geddel, segundo a reportagem apurou.

Em seu depoimento, Funaro, que estaria negociando um acordo de delação premiada, disse que estranhou os telefonemas do ex-ministro para sua mulher para sondá-la sobre o “ânimo” dele para fazer delação.

A primeira ligação de Geddel, segundo os registros, foi às 22h59 de 17 de maio – horas após a divulgação da delação da JBS pelo jornal O Globo .

A segunda ligação, foi à 1h07 da madrugada de 18 de maio. Outras ligações, conforme os registros, foram feitas entre 20 de maio e 1° de junho.

Em depoimento à Polícia Federal, o diretor da J&F Investimentos e ex-diretor de relações institucionais da JBS, o advogado Francisco de Assis e Silva, que também fez acordo de delação premiada, disse que “trocou inúmeras mensagens com Geddel acerca de Lúcio Funaro”.

Havia uma dúvida frequente, segundo Silva, nestes termos: “Oi, tudo bem? Como está o passarinho”. As mensagens eram trocadas, de acordo com Silva, por um aplicativo programado para destruir as mensagens após a leitura, e por isso o advogado disse que não tinha cópias delas para apresentar à PF.

Silva contou que “todos esses contatos” com Geddel eram “imediatamente comunicados” ao empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS.

“Geddel Vieira Lima era uma pessoa que fazia a interface entre Joesley e o Palácio [do Planalto]. Segundo Joesley, falar com Geddel era o mesmo que falar com Michel Temer”, disse o advogado. Ele afirmou ter ouvido de Geddel que o ex-ministro “obtinha informação de Lúcio Funaro através de conversas que mantinha com a esposa de Lúcio”.

O advogado afirmou ainda que Geddel lhe informou que Michel Temer havia escalado o atual ministro Eliseu Padilha “para cuidar do processo de Lúcio Funaro junto ao STF [Supremo Tribunal Federal]”. O termo de depoimento de Silva não explica como seria esse “cuidado”.

Geddel é apontado por Joesley Batista, dono da JBS, como o antigo interlocutor da empresa junto ao governo Temer. Depois dele, que deixou o governo no final do ano passado, o interlocutor passou a ser Rocha Loures – o ex-deputado flagrado recebendo uma mala com R$ 500 mil da JBS.

Também no depoimento no âmbito do inquérito sobre Temer e Loures, Funaro afirmou à Polícia Federal que pagou R$ 20 milhões em comissões a Geddel e ao ministro Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência.

Outro lado

Procurado nesta terça-feira (21), o ex-ministro Geddel Vieira Lima não havia sido localizado até o fechamento deste texto.

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