Na greve geral com maior adesão neste século no Brasil, os serviços de transporte público não funcionam ou operam com restrições nas grandes capitais brasileiras. Há bloqueios em rodovias e avenidas de várias cidades, e há registros de confrontos entre manifestantes e polícia, principalmente no Rio de Janeiro.
A greve geral foi convocada pelas centrais sindicais brasileiras em protesto contra a reforma trabalhista -- que, na visão dos sindicatos, retira direitos previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) -- e da Previdência.
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A aprovação da reforma trabalhista -- incluindo o fim do imposto sindical -- contribuiu para a força do movimento. Além disso, trata-se da primeira paralisação geral em muitos anos apoiada pelas duas principais centrais do país, a CUT, ligada ao PT, partido que governou o país de 2003 a 2016, e a Força Sindical, vinculada ao Solidariedade, partido da base de apoio do governo Michel Temer.
A adesão é maciça em categorias com sindicatos tradicionalmente fortes, como servidores públicos, professores, bancários e metalúrgicos. No Twitter, #BrasilEmGreve é hashtag mais comentada no mundo.
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As centrais sindicais informam que irão conceder entrevista coletiva à imprensa às 15 horas, em São Paulo, para avaliar a greve geral.
Veja a situação em algumas das principais cidades do país.
São Paulo
Ônibus e trens (que ligam a capital a cidades da região metropolitana) não operam nesta sexta-feira. O metrô funciona parcialmente. O prefeito João Dória -- que se manifestara, em 2015, em redes sociais, a favor de uma greve geral contra o governo da petista Dilma Rousseff -- chamou a greve de “partidária” e “ideológica”. Há lentidão na rodovia Régis Bittencourt, que liga São Paulo a Curitiba, na região de Embu das Artes, por conta de manifestações. Também há bloqueios em avenidas da capital, como a Ipiranga, importante via de acesso às rodovias que ligam a capital à Baixada Santista. Nos aeroportos de Congonhas e Guarulhos, há poucos registros de voos cancelados, segundo os sites da Infraero e da concessionária GRU Airport.
Rio de Janeiro
Protestos bloqueiam diversas avenidas da cidade. Na avenida Rodrigues Alves, na região da rodoviária Novo Rio, a polícia usou bombas para tentar liberar a pista. Houve bloqueios na ponte Rio-Niterói, na Linha Vermelha (uma das principais vias expressas cariocas) e em rodovias como a Niterói-Manilha e a Rio-Santos, na região de Angra dos Reis. Por outro lado, concessionárias informam que estão funcionando trens, metrô e as linhas de ônibus (algumas com registros de atrasos). Os aeroportos do Galeão e Santos Dumont também operam. No Santos Dumont, porém, houve confrontos entre manifestantes e taxistas.
Brasília
O correspondente Evandro Éboli relata que a expectativa de protestos com milhares de participantes fez com que Polícia Militar, Força Nacional de Segurança e Polícia Legislativa do Congresso Nacional fechassem acessos ao Congresso Nacional, ao Itamaraty e ao Palácio do Planalto. A visitação ao Congresso foi suspensa desde o início da semana e, desde a tarde desta quinta (27), está proibido pisar no gramado em frente à Câmara e ao Senado. O Congresso funcionará normalmente, mas somente parlamentares e credenciados poderão entrar no prédio.
Outras cidades
Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre, Salvador, Florianópolis, Blumenau, Chapecó, Manaus e Goiânia são algumas das cidades em que o sistema de transporte público não funciona. Em Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco, um motociclista morreu ao ser atropelado por um furgão que tentava furar um bloqueio de manifestantes na BR-101. Em Natal, um homem foi baleado durante protestos.