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 | Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Por ter presidido a comissão da Reforma da Previdência, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) se tornou alvo de duros ataques nas redes sociais e na sua caixa de mensagem no gabinete da Câmara. Ele tem sua foto exposta em outdoors como um dos “traidores do povo” e recebe seguidos telefonemas nada agradáveis. Nenhum de ameaça, assegura, mas, após a invasão da Câmara por agentes penitenciários no início de maio, ele tomou uma atitude drástica: só anda cercado por seguranças. Dentro e fora do Congresso. Naquele dia, deixou a Câmara cercado por seis seguranças, que formavam um losango em seu redor.

Marun é um deputado que gosta de “causas impossíveis”. É conhecido por ter sido fiel ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) até o último instante. E ainda o visitou na cadeia em Curitiba. Desde a crise instaurada no governo Michel Temer, tornou-se também um dos pontas de lança de defesa do presidente. Participa de reuniões decisivas no Planalto, dá entrevistas em prol de Temer, foi à OAB atuar como seu advogado de defesa e colheu assinaturas para CPI da JBS. Por último, assinou requerimento que questiona a relação do ministro do STF Edson Fachin com o delator Ricardo Saud, da J&F. É um otimista renitente.

“Claro que a situação melhorou. Hoje está melhor que ontem, que melhorou em relação a anteontem”, disse Marun à Gazeta do Povo. No dia 24 de maio, quando Brasília literalmente pegou fogo com a realização de atos públicos, Marun ignorou a manifestação na Esplanada. “Monte de gente paga por sindicatos”.

Na defesa de Temer, o deputado dá respostas que parecem inverossímeis. Perguntado sobre a situação do ex-assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), flagrado com mala de dinheiro entregue pela JBS, o peemedebista responde: “Não tinha essa influência toda. Nem o telefone dele eu tinha”.

Segurança reforçada

Nos corredores da Câmara, Marun nunca está sem um policial legislativo do seu lado, mesmo no momento de conceder a entrevista. Quando deixa a Câmara, um pequeno comboio o acompanha. Vai no carro da frente, um automóvel que parece blindado, com película, seguido por outro com dois seguranças no interior. Quando concede entrevista ou é abordado por alguém na Câmara, os seguranças se aproximam, mas sem intervir. A não ser que percebam uma abordagem fora de tom.

“Agora tem isso (andar com seguranças). Não pedi. Eles (policiais da Casa) me procuraram depois daquela invasão e me alertaram. Me disseram assim: ‘faça seu serviço e faremos o nosso’. Isso é aqui em Brasília. No estado, tenho os meus paraguaios que me protegem”, afirmou Marun.

O deputado anda num carro de luxo da Câmara, com motorista, vantagem assegurada por ser o procurador da Casa. Ele garante que o carro não é blindado, mas os vidros contém aquela película que impossibilita visualizar o interior do automóvel. Um outro carro, com outros seguranças, acompanha Marun.

Carreira meteórica

O parlamentar teve uma carreira meteórica na Câmara. Ele “acumula” uma defesa ferrenha de Cunha, a presidência da reforma da Previdência, virou Procurador da Câmara e, agora, homem da linha de frente de Temer. Perguntado se assumia o papel de “deputado da causas impossíveis”, Marun deu risada. E diz que, nas suas contas, ganhou e perdeu votos nesses dois anos e cinco meses de mandato.

“Sobre o Eduardo Cunha, digo que quando ingressei na sua defesa o fiz consciente. Sabia que ele era peça essencial para a deposição da presidente Dilma. Sem o Eduardo à frente da Câmara, não teríamos realizado aquela sessão de 17 de abril, que gerou o fim daquele governo nefasto. Não o abandonei, como os que estavam a seu lado fizeram. Não é do meu feitio. Para mim ele não mentiu em relação a ter uma conta no exterior. Entendo que ele omitiu esse trust. E não quis mudar de opinião. Não vou vira-casaca. E não queria mostrar ao meu filho (um garoto de 13 anos) que o pai dele abandona alguém porque esse alguém não tem mais o poder”.

O deputado contou que irá tentar a reeleição ano que vem e, nas suas contas há empate entre o que ganhou e perdeu de votos nas suas escolhas políticas no mandato.

“Já perdi votos que nunca tive. Esses não contam nem para mais nem para menos. Devo ter perdido alguns votos, mas também ganhei outros. As pessoas se surpreenderam com meu comportamento. Sabem que certas coisas e certos comportamentos, mesmo que não os agradem, precisam ser ditas e feitos. A atitude de ter ficado sozinho ao lado de Eduardo Cunha, acredite, me trouxe simpatizantes. Penso que, se somar e subtrair no geral, continuarei sendo um campeão de votos no Mato Grosso do Sul”, acredita Marun, que foi o segundo mais votado entre os oito deputados eleitos da bancada de seu estado.

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